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quarta-feira, setembro 30, 2009

Lágrimas


Esparsas,
Finas gotas

Caem no horizonte.
Vencidas,
As súplicas
Jazem adormecidas.
Esparsas
Finas lágrimas,
Rolam-te incontidas.
Vencidas,
Não retidas,
Regam-te a vida.

autor: MARIA TERESA GÓIS

política de trazer por casa

Ouço as pessoas dizerem "odeio política", "já não posso ouvir falar de política", como se a política se pudesse descartar do nosso dia a dia.
Todos, queiramos ou não, somos políticos - todas as nossas pequenas decisões têm um cunho político ou um cunho espiritual.
O dia de reflexão que antecede o acto eleitoral deveria ser feito todos os dias, no que sofremos e gozamos na pele, no que entendemos e vivemos, no que projectamos, num olhar crítico e actual.
Fernando Pessoa disse:"Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura". Já Brecht descrevia o analfabeto político (já publicado neste blog) entre outras coisas como o que"...é tão burro que se orgulha e enche o peito, dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, corrupto e subserviente das empresas nacionais e multinacionais...".
Usemos pois, em liberdade, o nosso direito de cidadania em pleno.
autor: MARIA TERESA GÓIS

Comentário de José Luís Rodrigues, por impossibilidade de publicação directa
Que pena ouvir-se tanto desabafo negativo sobre a política... Mas, bem haja o sistema político que nós temos, permite tais debafos, ainda bem e só por isso devemos valorizá-lo. Gosto muito da frase do churchill, «a Democracia foi o pior sistema político que se inventou, mas nunca ninguém conseguiu inventar um melhor do que este». Vamos todos participar na política nem que seja com o simples gesto de ir votar. Está nas mãos de todos contribuir para que as coisas melhorem...


José Luís, P.

UNESCO classifica Tango como património Mundial

"Mulher andando nua pela casa"


Mulher andando nua pela casa
envolve a gente de tamanha paz.

Não é nudez datada, provocante.
É um andar vestida de nudez,
inocência de irmã e copo d'água.

O corpo nem sequer é percebido
pelo ritmo que o leva.
Transitam curvas em estado de pureza,

dando este nome à vida: castidade.

Pêlos que fascinavam não perturbam.
Seios, nádegas (tácito armistício)

repousam de guerra.
Também eu repouso.


in O Amor Natural , Carlos Drummond de Andrade
Ilustração de Milton DaCosta

estão a mentir-nos sobre os piratas?


Quem imaginaria que em 2009, os governos do mundo declarariam uma nova Guerra aos Piratas? No instante em que você lê esse artigo, a Marinha Real Inglesa - e navios de mais 12 nações, dos EUA à China - navegam rumo aos mares da Somália, para capturar homens que ainda vemos como vilões de pantomima, com papagaio no ombro. Mais algumas horas e estarão bombardeando navios e, em seguida, perseguirão os piratas em terra, na terra de um dos países mais miseráveis do planeta. Por trás dessa estranha história de fantasia, há um escândalo muito real e jamais contado. Os miseráveis que os governos "ocidentais" estão rotulando como "uma das maiores ameaças do nosso tempo" têm uma história extra ordinária a contar - e, se não têm toda a razão, têm pelo menos muita razão.
Os piratas jamais foram exactamente o que pensamos que fossem. Na "era de ouro dos piratas" - de 1650 a 1730 - o governo britânico criou, como recurso de propaganda, a imagem do pirata selvagem, sem propósito, o Barba Azul que ainda sobrevive. Muita gente sempre soube disso e muitos sempre suspeitaram da farsa: afinal, os piratas foram muitas vezes salvos das galés, nos braços de multidões que os defendiam e apoiavam. Porquê?
O que os pobres sabiam, que nunca
soubemos?
O que viam, que nós não vemos?
Em seu livro "Villans Of All
Nations", o historiador Marcus Rediker começa a revelar segredos muito importantes.
Se fosse mercador ou marinheiro empregado nos navios mercantes naqueles dias - se vivesse nas docas do East End de Londres, se fosse jovem e vivesse faminto - fatalmente acabaria embarcado num inferno flutuante, de grandes velas. Teria de trabalhar sem descanso, sempre faminto e sem dormir. E, se rebelasse, lá estavam o todo-poderoso comandante e seu chicote. Se você insistisse, era a prancha e os tubarões. E ao final de meses ou anos dessa vida, seu salário quase sempre lhe era roubado.
Os piratas foram os primeiros que se rebelaram contra esse mundo.
Amotinavam-se nos navios e acabaram por criar um modo diferente de trabalhar nos mares do mundo. Com os motins, conseguiam apropriar-se dos navios; depois, os piratas elegiam seus capitães e comandantes, e todas as decisões eram tomadas colectivamente e, aboliram a tortura.
Os recursos eram partilhados entre todos, solução que, nas prática, foi "um dos planos mais igualitários de distribuição em todo o mundo, no século XVIII".
Acolhiam a bordo, como iguais, muitos escravos africanos foragidos.
Os
piratas mostraram "muito clara e subversivamente - que os navios não precisavam ser comandados com opressão e brutalidade, como fazia a Marinha Real Inglesa." Por isso eram vistos como heróis românticos, embora sempre fossem ladrões improdutivos.
As palavras de um pirata cuja voz perde-se no tempo, um jovem inglês chamado William Scott, voltam a ecoar, hoje, nessa pirataria new age que está em todas as televisões e jornais do planeta. Pouco antes de ser enforcado em Charleston, Carolina do Sul, Scott disse: " O que fiz, fiz para não morrer. Não encontrei outra saída, além da pirataria, para sobreviver"....
O governo da Somália entrou em colapso em 1991. Nove milhões de somalis passam fome desde então. E tudo o que há de pior no mundo ocidental rapidamente viu, nessa desgraça, a oportunidade para assaltar e roubar o país. Ao mesmo tempo, os mares da Somália eram o local ideal para jogar todo o lixo nuclear do planeta.
Exactamente isso: lixo atómico. Mal o governo se desfez (e os ricos partiram), começaram a aparecer misteriosos navios europeus no litoral da Somália, que jogavam ao mar contentores e barris enormes. A população do litoral começou a adoecer. No começo, erupções de pele, náuseas e nasciam bebés com malformações.
Com o tsunami de 2005, centenas de
barris enferrujados e cheios de material radioactivo apareceram em diferentes pontos do litoral. Muita gente apresentou sintomas de contaminação por radiação.Houve mais de 300 mortos.
Quem nos conta é Ahmedou Ould-Abdallah, enviado da ONU à Somália:
"Alguém
está jogando lixo atómico no litoral da Somália. E chumbo, metais pesados, cádmio, e mercúrio, encontram-se praticamente todos."
Parte do
que se pode rastrear leva directamente a hospitais e indústrias europeias que, ao que tudo indica, entrega os resíduos tóxicos à Máfia, que se encarrega de "descarrega-los" e cobra barato. Quando perguntei a Ould-Abdallah o que os governos europeus estariam fazendo para combater esse "negócio", ele suspirou: "Nada. Não há nem descontaminação, nem compensação nem prevenção".
Ao mesmo tempo, outros navios europeus vivem de pilhar os mares da Somália, atacando uma das suas principais riquezas: a pesca. A Europa já destruiu seus stocks naturais de pescado pela super-exploração e, agora está super-explorando os mares da Somália. A cada ano, saem de lá mais de 300 milhões de Atum, camarão e lagosta; são roubados anualmente, por pesqueiros ilegais. Os pescadores locais tradicionais passam fome.
Mohammed Hussein, pescador que vive em Marka, cidade a 100 Quilómetros ao sul de Mogadishu, declarou à Agência Reuters: "Se nada for feito, acabarão com todo o pescado de todo o litoral da Somália".
É neste contexto que nasceram os "piratas" somalis. São pescadores da Somália, que capturam barcos, como tentativa de assustar e dissuadir os grandes pesqueiros; ou, pelo menos como meio de extrair deles alguma espécie de compensação.
Os somalis chamam-se "Guarda Costeira Voluntária da Somália". A maioria são conhecidos sob essa designação. Pesquisa divulgada pelo site somali independente WardheerNews informa que 70% dos somalis aprovam firmemente a pirataria como forma de defesa nacional".
Claro que nada justifica a prática de fazer reféns. Claro, também, que há gangsters misturados nessa luta - por exemplo, os que assaltaram os carregamentos de comida do World Food Programme. Mas em entrevista por telefone, um dos lideres dos piratas, Segule Ali disse: "Não somos bandidos do mar. Bandidos do mar são os pesqueiros clandestinos que saqueiam nosso peixe."
William Scott entenderia perfeitamente.

Porque os europeus supõem que os somalis deveriam deixar-se morrer à fome, passivamente pelas praias, afogados no lixo tóxico europeu, e ver os pesqueiros europeus,entre outros, pescando o peixe que depois, os europeus comem elegantemente nos restaurantes de Londres, Paris ou Roma?
A Europa nada fez, por muito tempo. Mas
quando alguns pescadores reagiram e intrometeram-se no caminho pelo qual passa 20% do petróleo do mundo... imediatamente a Europa enviou os seus navios de guerra.
A história da guerra contra a pirataria em 2009 está muito mais claramente narrada por outro pirata, que viveu e morreu no século 4 aC. Foi preso e levado à presença de Alexandre, o Grande, que lhe perguntou "o que pretendia, fazendo-se de senhor dos mares." O pirata riu e respondeu: "O mesmo que você, fazendo-se senhor das terras; mas, porque meu navio é pequeno, sou chamado ladrão; e você, que comanda uma grande frota, é chamado de imperador. "
Hoje, de novo, a grande
frota europeia lança-se ao mar, rumo à Somália - mas... quem é o
ladrão?
recebido por email

Nunca discutas com uma criança...


Uma professora de creche observava as crianças de sua turma a desenhar. Ia
passeando pela sala para ver os trabalhos de cada
criança.
Quando chegou ao pé de uma menina que trabalhava
intensamente, perguntou-lhe o que estava a desenhar.
A menina respondeu:
- 'Estou a desenhar Deus.'
A professora parou e disse:
- 'Mas ninguém sabe como é Deus.'
Sem piscar e sem levantar os olhos do seu desenho, a menina respondeu:
- 'Saberão dentro de um minuto'.

terça-feira, setembro 29, 2009

personagem do dia

Portugal, verão, 1980...

ilustração pessoal do discurso do Presidente República, hoje às 20h




















e, mais não digo...

"a sogra"


GNR manda o sujeito parar o carro:
- Os seus documentos, por favor. O senhor circulava a 130 km/h e a velocidade máxima nesta estrada é 100.
- Não, senhor guarda, eu ia a 100, de certeza.
A sogra, no banco de trás, corrige:
- Ah, João André, que é isso? Tu ias a 130 ou até mais!
O sujeito olha para a sogra com o rosto enrubescido.
- E o seu farol direito não funciona, diz o guarda.
- O farol? Nem sabia disso. Deve ter pifado aqui na estrada.
A sogra insiste:
- Ah, João André, que mentira! Há semanas que andas a dizer que precisas consertar o farol!
O sujeito fulo, faz sinal à sogra para ficar calada.
- O senhor está sem o cinto de segurança, diz o guarda
- Mas, senhor guarda, eu estava com ele. Só o tirei para lhe mostrar os documentos!
- Ah, João André, deixa-te disso! Tu nunca usas o cinto!
O sujeito não se contém e grita para a sogra:
- CALA A BOCA, PORRA!
O guarda inclina-se e pergunta à senhora:
- Ele costuma gritar assim com a senhora?
- Não, senhor guarda; só quando bebe...

Um modo diferente de ouvir "fever"

CONFUCIO - 551-479, China

A humildade é a única base sólida de todas as virtudes

As naturezas dos homens são parecidas; são os seus hábitos que os afastam uns dos outros

O silêncio é um amigo que nunca trai

O mestre disse: Quem chega aos quarenta anos sem ser estimado, não o será nunca mais

O homem superior vive em paz com todos, sem agir como todos. O inferior age exactamente como todos e não consegue convencer ninguém

O coração do sábio, tal como o espelho, deve a tudo reflectir, sem todavia macular-se

a planta que fuma...

meditação transcendental

“A Meditação Transcendental é um programa simples e natural para a mente, uma marcha espontânea e sem esforço da mente até à sua própria essência ilimitada. Através da Meditação Transcendental, a mente desenvolve o seu potencial de percepção ilimitada, percepção transcendental, Consciência de Unidade – um campo vivo de pura potencialidade, onde todas as possibilidades estão naturalmente à disposição da mente consciente. A mente consciente torna-se consciente da sua própria dignidade ilimitada, da sua essência ilimitada, do seu potencial infinito.
A Meditação Transcendental fornece um meio para a mente consciente perscrutar toda a amplitude da sua existência – activa e silenciosa, ponto e infinito. Não é um conjunto de crenças, uma filosofia, um estilo de vida nem uma religião. É uma experiência, uma técnica mental que se pratica todos os dias durante 15 ou 20 minutos.”
- Maharishi Mahesh Yogi -

recomeça...


"Recomeça...
Se puderes,

Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro,

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.
De nenhum fruto, queiras só metade."


Miguel Torga, Diário XIII

segunda-feira, setembro 28, 2009

Difícil alquimia

"Oitenta anos daqui a poucos dias.
Parece muito. É imenso, não é nada.
Ínfimo grão de pó no pó da estrada.
Raminho de Tristezas, de alegrias.


Crepusculares, doces alegrias.
Por vezes, dolorosa a caminhada,
mas sempre, após a noite, a madrugada.
Cantos de rouxinóis, de cotovias.


De tudo um pouco, assim é que é a vida
se a queremos inteira, bem vivida,
às vezes vendaval, outras bonança-


Bem e mal, noite e dia, riso e dor.
Difícil alquimia: espinho e flor,
mas sempre aberta a porta da esperança."

in, Poesia II- Fernanda de Castro

eu chamar-lhe-ia ...a porta da Esperança

"Do jardim do Rio a Cacilhas, pelo Cais do Gingal"

Foto de José Figueira
(photoscriptos.blogspot.com)


e depois do adeus...?









Não, para a Ma(ma)deira não, já temos muitos e "únicos importantes" a falar "verdade"...

the day after...

santa aranha?

"As casas respiram"

As casas respiram. Podemos ouvi-las durante a noite. Têm um movimento soturno e imperceptível sob a secura da noite. Breves ruídos que despistam, o estalar das madeiras, as horas num relógio escondido. Mas não se trata disso. É a respiração das casas que nos suportam, a nós homens, mas possuem uma vida independente, muito densa. Acendi a luz e pus-me a ler. Um capítulo sobre as estátuas gigantes da Ilha da Páscoa que têm uma pedra vermelha sobre a cabeça. Estas pedras vermelhas parecem significar a cor amarela dos cabelos... Merda. Vou fumar para a janela. Passo a noite assim. Até que a madrugada começa a vir do rio. Sobe devagar pelas coisas como uma grande língua fria. Aparecem as casas, o miradoiro, a torre. Vejo então, muito vivo na palidez da madrugada, o bloco junto à igreja, com as suas escadas incompletas que se interrompem uns três metros abaixo da soleira da porta descolorida, entre os umbrais suspensos no espaço. Que é isto? A escada fica a meio percurso entre uma espécie de pátio, com montículos de arbustos rasteiros, e a porta que não dá entrada para sítio nenhum. E ei-lo, a esse último degrau, insólito, parado no ar: pura alucinação. Não era possível chegar à porta trepando pelas escadas. Mas se lá chegássemos, se nela batêssemos um dia inteiro, ninguém a abriria. Ou se a forçássemos, ficaríamos sob os velhos umbrais de pedra, com a vista para o rio, as casas, a cidade. As mesmas coisas que se vêem daqui, da janela. As mesmas que se veriam de qualquer parte. E o mais perturbante é que nem à porta chegaríamos, pois os degraus ficam muito abaixo da soleira. E, reparo, nem às escadas é possível ter acesso. Não se vê como alcançar o pátio de onde arrancam. Só o vento cego traz para ali a poeira invisível, ao longo dos meses, ano após ano, e nascem então esses arbustos inúteis. Os arbustos que parecem sofrer como um pensamento, sob a luz feroz, entre as cruéis linhas de pedra. Não sei nada. Atrevo-me a acender um novo cigarro. E o terror entra silenciosamente na minha vida. in Os Passos em Volta - Escadas e Metafísica, Herberto Helder

"A Monotonia"


Nos grandes momentos todos são heróis; tem-se sempre a ideia, embora vaga, de que se está representando e que o papel se deverá desempenhar com perfeição; de outro modo não aplaude o público. Depois as epopeias duram pouco; todas as forças se podem concentrar, faz-se um apelo supremo à suprema energia; em seguida permite-se o descanso, a mediocridade que apazigua e repousa; nada mais vulgar do que um herói fora do seu teatro. Não é, pois, necessário que te prepares para as crises; são horas em que sempre - se não és totalmente apagado - te encontrarás acima de ti próprio; mil elementos te farão pedestal; tão alto subirás que só te será difícil, passada a exaltação, não te admirares do que fizeste; vês-te incapaz de repetir o golpe; e para a fama do herói certamente contribui este espanto que o toma de se não ter sempre igual, de em determinada conjuntura ter passado sobre ele o apelo dos deuses. É para todos os dias que precisas de educar e afinar a alma; é para te sentires o mesmo em todos os minutos que deves dominar os impulsos e ser obstinadamente calmo ante as dificuldades e os perigos, as alegrias e os triunfos. O constante exercício do ginasta te sirva de estímulo e de guia; que saibas dar um passo com a mesma segurança, leveza e calma com que poderias dar um salto; aprende a ter nas resistências o esforço dos ataques. O que a vida apresenta de pior não é a violenta catástrofe, mas a monotonia dos momentos semelhantes; numa ou se morre ou se vence, na outra verás que o maior número nem venceu nem morreu: flutua sem norte e sem esperança. Não te deixes derrubar pela insignificância dos pequenos movimentos e serás homem para os grandes; se jamais te faltar a coragem para afrontar os dias em que nada se passa, poderás sem receio esperar os tempos em que o mundo se vira.

Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'

domingo, setembro 27, 2009

ah, hoje posso dormir descansada



"não vale a pena chorar sobre leite derramado" - provérbio popular

Uveira da Serra (vaccinium padifolium)


A uveira-da-serra (Vaccinium padifolium) é um arbusto da família das Ericácias, que integra as associações arbustivas do último andar fitoclimático da Ilha da Madeira. Desde 2001, a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal tem plantado milhares de plantas desta espécie na área desertificada do Pico do Areeiro e desde 2005 no seu Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, entre os 1500 e os 1800 metros de altitude. Para além de ser uma pioneira extraordinária no processo de recuperação da formação vegetal primitiva da cordilheira central, a uveira-da-serra produz, em abundância, bagas ricas em vitamina A, com propriedades adstringentes, anti-inflamatórias e antioxidantes. Estes “mirtilos” exclusivos da Madeira são bastante agradáveis quando consumidos frescos e produzem uma excelente compota, que, segundo a tradição popular, deve ser usada contra a tosse e a gripe. (in:bisbis.blogspot.com)

NOTA DA REDACÇÃO - É COSTUME, CÁ POR CASA. FAZERMOS DOCE DE BAGA QUE FRUTIFICA "PELO TEMPO DAS UVAS".
ESTE ANO FIZ 1/3 DE AMORA PARA 2/3 DE UVEIRA E FOI UMA EXPERIÊNCIA QUE RESULTOU NUM DOCE QUE CONSIDERO EXCELENTE.

"Nâo se pode comer um bolo sem o perder"


Quando, como uma noite de tempestade a que o dia se segue, o cristianismo passou de sobre as almas, viu-se o estrago que, invisivelmente, havia causado; a ruína, que causara, só se viu quando ele passara já. Julgaram uns que era por sua falta que essa ruína viera; mas fora pela sua ida que a ruína se mostrara, não que se causara.
Ficou, então, neste mundo de almas, a ruína visível, a desgraça patente, sem a treva que a cobrisse do seu carinho falso. Ás almas viram-se tais quais eram.
Começou, então, nas almas recentes aquela doença a que se chamou romantismo, aquele cristianismo sem ilusões, aquele cristianismo sem mitos, que é a própria secura da sua essência doentia.
O mal todo do romantismo é a confusão entre o que nos é preciso e o que desejamos. Todos nós precisamos das coisas indispensáveis à vida, à sua conservação e ao seu continuamento; todos nós desejamos uma vida mais perfeita, uma felicidade completa, a realidade dos nossos sonhos.
É humano querer o que nos é preciso, e é humano desejar o que não nos é preciso, mas é para nós desejável. O que é doença é desejar com igual intensidade o que é preciso e o que é desejável, e sofrer por não ser perfeito como se se sofresse por não ter pão. O mal romântico é este: é querer a lua como se houvesse maneira de a obter.

«Não se pode comer um bolo sem o perder.»

Na esfera baixa da política, como no íntimo recinto das almas - o mesmo mal.

in O Livro do Desassossego, Bernardo Soares

Auto Retrato


No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!


Mário Quintana

"Apontamentos de História Sobrenatural"

sábado, setembro 26, 2009

30 anos de "Xutos & Pontapés", para sempre....

véspera de eleições, Dia de Reflexão





a cebola da velha avarenta


Era uma vez uma velha avarenta. Quando um pobre lhe pedia uma esmola respondia:

- O dinheiro que eu tenho é meu.

E quando um pobre lhe batia à porta e lhe pedia pão ela respondia:

- O pão desta casa é meu.

Quando chegava o Outono a velha ia para o jardim apanhar maçãs. Eram maçãs muito bonitas, muito encarnadas e muito redondas. E os garotos encarrapitavam-se no muro e pediam:

- Dá-me uma maçã!

Mas a velha respondia:

- As maçãs são minhas.

Numa noite de Inverno um vagabundo bateu à sua porta e pediu:

- Está frio e neva na estrada. Deixa-me dormir na cozinha da tua casa em frente à lareira.

Mas a velha respondeu:

- A casa é minha, a cozinha é minha, a lareira é minha.

E mandou-o embora.

Um dia a velha à volta do mercado, encontrou outra velha, que lhe pediu esmola. A avarenta ia a dizer que não mas quando se virou para a pobre viu que ela era uma velha muito parecida com ela, e, de repente, teve um minuto de piedade, abriu o seu cabaz e deu-lhe uma cebola.

Daí a tempos a velha avarenta morreu.

Quando chegou à porta do céu S. Pedro disse:

-És uma avarenta vais para o inferno.

E logo um diabo a agarrou e a atirou para um grande buraco que estava à porta do inferno. E já outro diabo a ia empurrar lá para dentro quando o anjo da guarda da velha gritou:

- Não!

S. Pedro disse aos demónios que esperassem e depois perguntou ao Anjo:

- Porque é que disseste que não?

- Por causa disto – respondeu o Anjo.

Abriu a mão e S. Pedro viu na palma da mão uma cebola.

- Acho pouco - disse S. Pedro.

- Para ela é muito. Ela era muito, muito avarenta. Para ela dar uma cebola foi um grande sacrifício – respondeu o Anjo.

- Está bem – disse S. Pedro – vê-se a podes salvar com a cebola.

O Anjo arrancou um dos seus cabelos que eram muito compridos e atou a cebola a uma ponta. Depois debruçou-se no buraco e disse à velha:

- Aqui vai a cebola que deste à pobre. Agarra-te pois vou tentar puxar-te para cima. Mas tem cuidado pois o fio é fino.

A cebola foi descendo devagar na ponta do cabelo que o Anjo segurava pela outra ponta.

Vendo isto as outras almas que estavam no buraco correram todas para a cebola para se agarrarem também.

Mas a velha empurrou-as e gritou:

- A cebola é minha, é minha!

Mal ela disse a palavra «minha» o fio de cabelo rebentou.

E o Anjo não pôde salvar a velha avarenta.

Sophia de Mello Breyner Andresen

InDe que são feitos os sonhos”- Editora Arial

sexta-feira, setembro 25, 2009

Pensamento do dia


“Trabalho, preocupação, cansaço, problemas é o que enfrentamos quase a vida inteira. Mas se todos os desejos fossem satisfeitos de imediato, com o que as pessoas se ocupariam e como passariam o tempo?
Suponhamos que a raça humana fosse transferida para Utopia, lugar onde tudo cresce sem precisar ser plantado e os pombos voam assados ao ponto, onde todo homem encontra sua amada na hora e não tem dificuldade em continuar com ela: as pessoas então morreriam de tédio, se enforcariam, se estrangulariam ou se matariam e assim sofreriam mais do que já sofrem por natureza.”

Arthur Schopenhauer (1788-1860)

o gesto do desassossego

"Um sonho de Jesus"

"Pai Santo, tive um sonho que quero partilhar com aqueles que acreditaram e acreditarão em mim.
Sonhei com uma Igreja humilde, feita de sal e sol, com jeito de fermento para um mundo novo, onde todos se amassem como Eu os amei.
Sonhei que tinha gravado, em seu coração, o Teu Nome para que guardasse a Tua Palavra.
Sonhei com um povo de profetas que recordasse a Aliança que selei no Meu Sangue; um povo de sacerdotes, promotores do amor humano, da justiça e da verdade. Que acreditasse em Ti, para além de todos os ídolos, superstições e magias.
Sonhei com um povo que não Te honrasse, apenas, com os lábios. Que levasse a sério a minha Cruz.
Sonhei com homens e mulheres decididos a amar sem fronteiras, sem reticências, sem cálculos, apoiados no Nosso Amor.
Sonhei com uma Igreja que não confundisse a Minha Palavra com as roupagens da Minha cultura.
Sonhei com essa Igreja em serviço, em comunhão fraterna, de mãos dadas, corações unidos. Sonhei que onde Eu estivesse, eles, também, estariam. Foi tão lindo!...
Acordei, feliz, e olhei à minha volta. Passeei os olhos pelos séculos e uma profunda tristeza, como aquela do Jardim das Oliveiras, Me invadiu. Tive a sensação de viver, de novo, a angústia do fracasso dos meus últimos dias. A impressão de que poucos acreditavam na minha ressurreição. Tratavam-Me como um cadáver embalsamado, inerte e impotente.
O meu sonho esbarrou na rigidez legalista dos chefes do Meu povo. Fizeram da autoridade um poder e Eu sonhava serviço. Pedira-lhes que permanecessem em Mim e apoiaram-se nos grandes da terra. Sonhara que fossem pescadores no mar do mundo e passam o tempo a repescar nas próprias águas.
Estou triste, Pai! A unidade que sonhara esboroou-se e constitui escândalo para os mais pequenos. Muitos falam de Mim, mas não se entendem entre si. Na verdade, não falam Comigo! Eu sonhara ser Água Viva e Pão Vivo, farnel de peregrinos - e eles vão beber em águas conspurcadas e procuram pão amassado com velho fermento. O Meu povo, que Eu sonhara profeta, deixou de ser sirene a lembrar a eternidade. Abençoa armas e Bancos, celebram a Minha Ceia com quem não acredita em Mim, repetindo a atitude de servir-se da minha amizade.
E isso Me magoou. Em Meu Nome cometem barbaridades e o meu sonho de comunhão, de sal, de luz, de fermento, tende a desvanecer-se."
Nota: Um texto que não sei quem é o autor. Mas, merece toda a nossa atenção, porque tudo isto salta no nosso pensamento com muita força e é uma luz para este tempo que defeniram como tempo do sacerdócio, não o sacerdócio comum a todos, mas o do poder e das hierarquias anacrónicas, que nada dizem a este tempo... Que aproveitem!

"Desafogo"


Onde estás, oh Filósofo indefesso
Pio sequaz da rígida Virtude,
Tão terna a alheios, quanto a si severa?
Com que mágoa, com que ira olharas hoje
Desprezada dos homens, e esquecida
Aquela ânsia, que em nós pousou Natura
No âmago do peito, — de acudir-nos
Co'as forças, c'o talento, co'as riquezas
À pena, ao desamparo do homem justo!
Que (baldão da fortuna iníqua) os Deuses
Puseram para símbolo do esforço,
Lutando a braços c'o áspero infortúnio?
Pedra de toque em que luzisse o ouro
De sua alma viril, onde encravassem
Seus farpões mais agudos as Desgraças,
E os peitos de virtude generosa
Desferissem poderes de árduo auxílio?
Que nunca os homens são mais sobre-humanos
Mais comparados c'os sublimes Numes,
Que quando acodem com socorro activo,
Não manchado de sórdido interesse,
Nem do fumo de frívola ufania;
Ou cheios de valor e de constância
Arrostam co'a medonha catadura
Da Desgraça, que apura iradas mágoas
Na casa nua do varão honesto.
Mas Grécia e Roma há muito que acabaram;
E as cinzas dos Heróis fortes e humanos,
Que as cívicas coroas preferiam
Ao louro triunfal, tinto de sangue,
Hoje as pisa, hoje espalha desdenhoso
O vulgo cego dos Filautes duros,
Surdo à voz que o repreende vingadora.
Que os homens, de imprudentes, não alcançam,
Que o perene prazer único e puro,
Que o Céu outorga neste esquivo exílio,
E o que se esparge pelos seios da alma,
E que a transpassa de imortal deleite,
Quando partimos, com bizarra dextra,
Os bens, que liberal nos deu a sorte,
E vemos transluzir radiosa e viva
A Alegria no rosto do afligido,
A Dissabor molesto condenado.

Filinto Elísio, in: "Miscelânia"

NOTA DA REDACÇÃO - ESTA "VERDADE"; ESTA CRUEZA, O ROSTO AFLIGIDO....ATÉ PARECE QUE FILINTO CONHECEU MANUELA FERREIRA LEITE !!!





quinta-feira, setembro 24, 2009

sondagens (em actualização)
























in: SIMPLEX

o homem civilizado, hoje, e o poder


O Homem moderno civilizado criou o Estado de Direito mas não conseguiu impedir a criação do Estado de Injustiça.
Criou o conceito do Estado Natureza mas não conseguiu, com ele, formar uma aliança.
A poluição, química e biológica, ameaçou o equilíbrio do estado de Direito e do estado Natureza.
O homem moderno, dito civilizado, descobre, inventa, desequilibra e destrói.
O homem deveria ser um ser integrado, respeitador, muitas vezes dependente da Natureza, perdeu a sábia visão dela tirar proveito e, provocando alterações, devasta os possíveis elos, desfragmentando a ligação do homem ao ambiente.
A política, seja de esquerda seja de direita, totalitária ou democrática, luta "ad infinitum" pelo poder, pelo domínio.
Com as alterações ambientais, climáticas que, já hoje, experimentamos, não é fácil prever que serão vencidas por um inimigo que desprezaram: a Natureza, explorada e desequilibrada.

AUTOR - MARIA TERESA S T GÓIS, 18.09.09

as sete notas musicais


Possivelmente todos aprenderam quantas e quais são as notas musicais mas, o que talvez nem todos saibam é porque tomaram realmente estes nomes. Para mim foi mesmo uma novidade e, por achar a explicação interessante, de acordo com o que venho fazendo há já há algum tempo, resolvi trazê-la ao blog para a divulgar junto dos nossos leitores.
Nos países latinos e eslavos terá sido um monge italiano Guido d’ Arezzo, que viveu no Sec XI, quem escolheu estes nomes. Foi uma homenagem a S. João Baptista e usou as letras iniciais de cada verso do seu hino:

Ut queant laxis ‘Dó’ (a) ....Para que possam
Re sonare fibris ....ressoar as
Mira gestorum ....maravilhas dos teus feitos
Fa mulli tuorum ....com largos cantos
Sol ve polluit ....apaga os erros
La bii reatum ....dos lábios manchados
Santi Ioannis ....Ó São João

(a) Em 1693 porque a nota Ut era difícil de pronunciar no solfejo, foi substituída pelo .

in: net

quarta-feira, setembro 23, 2009

Que diria Sá Carneiro?


«Teria hoje 75 anos. Fundou em 1974 um partido chamado "Popular Democrata", três anos depois renomeado PSD (Partido Social Democrata), que dirigiu até à sua morte. Portuense, católico, oriundo de uma família abastada, Francisco Sá Carneiro era casado e pai de cinco filhos. Em 1976 conheceu a editora Snu Abecassis, num almoço com a poetisa e então deputada do PPD Natália Correia, que teria anunciado ao político ir-lhe apresentar a mulher da sua vida.

Snu, mãe de três filhos, era divorciada. Sá Carneiro apaixonou-se e foi viver com ela, na casa dela, com os filhos dela. Um dos seus filhos acompanhou-o. A mulher de Sá Carneiro recusou dar-lhe o divórcio, que então, pós-revisão da Concordata (efectuada em 1975), era já possível em casamentos católicos. Sá Carneiro e Snu passaram pois a viver em união de facto. Numa sociedade em que os divorciados eram olhados de lado e as aparências de "respeitabilidade" e moral católica mantidas laboriosamente, um político de centro-direita, que fez em 1979 uma aliança com o democratas-cristãos de Freitas do Amaral e o Partido Popular Monárquico de Gonçalo Ribeiro Teles e com ela ganhou as eleições, não só vivia numa situação que muitos qualificavam de "pecado" como teve a extraordinária coragem, vistas as circunstâncias, de a assumir. Na época em que Sá Carneiro foi líder partidário e primeiro-ministro a regra não era, como hoje, a da abjecta devassa pública das vidas privadas por publicações especializadas nessa intrusão que têm o despudor de invocar para esse efeito o direito à liberdade de expressão; a regra era a de olhar para o outro lado - desde que, bem entendido, "as coisas fossem feitas com discrição". Sá Carneiro não quis ser discreto, quis ser directo. Quis mostrar que o seu conceito de união e de família rimava com a sua liberdade e não dependia da aprovação dos outros. Consciente do risco que corria e do caldo cultural em que se movia, confrontava os seus colaboradores com a sua opção, tornando claro que trabalhar com ele era aceitá-la . Chegou mesmo a dizer, em 1977: "Se a situação for considerada incompatível com as minhas funções, escolherei a mulher que amo."

Sim, isto sucedeu: em 1977, um líder do PSD pôs a hipótese de o facto de viver com uma mulher com quem não era casado poder arruinar a sua carreira política. Felizmente a sociedade portuguesa mudou muito, tanto que parece mentira que ainda há 32 anos alguém tivesse de pesar esse risco. Parece mentira que há 32 anos se pudesse considerar que uma família é menos família e menos digna ou legítima por não incluir um casamento; que os seus membros devem ter menos direitos - incluindo civis (!) - por esse motivo; ou que as pessoas não possam divorciar-se quando consideram que o seu casamento acabou, sem serem crismadas de "destruidores da família" ou "diluidores dos pilares da sociedade" . Parece-nos mentira hoje. E já então parecia mentira ao social-democrata católico Sá Carneiro. » [Diário de Notícias]

Freud - 23 Setembro de 1939

Sigmund Freud morreu na cama drogado e a sonhar dia 23 de Setembro de 1939. Judeu, refugiara-se em Londres do nazismo alemão "para morrer em liberdade" e rendeu-se ao cancro quando viu começar a II Guerra Mundial. Setenta anos depois, o médico que sentava os doentes no divã para lhes ouvir os segredos continua a dar que pensar

No primeiro dia de Setembro de 1939, quando o mundo entrou na II Guerra Mundial, Sigmund Freud estava em Londres às portas da morte. O velho cientista atacado pelo cancro ouviu pela rádio a notícia da invasão nazi da Polónia e o jornalista proclamar o início da "última de todas as guerras". Freud corrigiu, amargo, o erro: "Da minha última guerra." Três semanas depois, a 23 de Setembro - faz hoje 70 anos -, o médico que abriu a janela sobre o inconsciente morreu na cama, drogado e a sonhar.

O pai da psicanálise refugiara-se na capital inglesa um ano e meio antes. Depois da Alemanha de Hitler ter ocupado a Áustria, o judeu, então com 83 anos, deixou para trás o seu célebre consultório em Viena com a mulher, Marta, e a filha preferida, Ana, para "morrer em liberdade".

Freud era um ateu obcecado com morte. Além de acreditar que aquela serviu de pretexto à invenção da religião, ele encarava o fim da vida como missão digna de admiração.

Essa ideia, junto com a de que os seres humanos são dominados pelo desejo sexual, foi uma das que levaram muitos a considerá-lo um louco. Mas isso não era coisa que o pudesse deixar preocupado.

Freud nasceu em 1856 numa família judaica da Morávia e desde cedo sentiu-se um prodígio. Os pais achavam-no melhor que os irmãos e deram-lhe um quarto só para ele. Ele não desapontou. Em 1873, entrou na Universidade de Viena para estudar medicina. Não estava interessado em curar pessoas mas em compreender os mistérios da natureza - curiosidade que o levou às fronteiras da mente.

Freud criou a psicanálise quando já tinha 40 anos. Mas desde muito antes disso começou a levar os sonhos a sério. O austríaco que deitava os doentes no divã para lhes interpretar os desejos mais secretos acreditava que os sonhos - como antes a hipnose - abriam a porta do inconsciente - a parte submersa da mente, na metáfora do icebergue.

Hoje, como no seu tempo, Freud é amado por uns e desprezado por outros. Mas a sua influência é indiscutível, e ele sabia-o. Em 1909 quando desembarcou em Nova Iorque na primeira viagem aos EUA, disse ao colega Carl Jung: "Ele não sabem, mas estão a trazer a peste."

in:DN, hoje


e ela, Manuela F Leite disse...o discurso da verdade, tal como...




















NOTA DA REDACÇÃO - OH MEU PORTUGAL ACORDA, NÃO VOLTES A 1928!

ai o medo....


O medo é o que impede que tudo o que chega às mãos dos homens não se torne em sua propriedade. Basta produzir uma impressão que não se pode explicar, inserindo no medo o desconforto da culpa. É assim que milhões de pessoas podem ser pastoreadas nas ribeiras da paz por muito poucas. E nas trincheiras da guerra por outras tantas, senão as mesmas.
Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'

folclore americano visto pelos árabes

"Canção"

Tinha um cravo no meu balcão;
Veio um rapaz e pediu-mo:
-Mãe, dou-lho ou não?

Sentada, bordava um lenço de mão;
Veio um rapaz e pediu-mo:
-Mãe, dou-lho ou não?

Dei um cravo e dei um lenço,
Só não dei o coração:
Mas se o rapaz mo pedir:
-Mãe, dou-lho ou não?

Eugénio de Andrade - "Terras de minha Mãe"

morreu DIRCE MIGLIACCIO

a primeira Emília de "Sítio do Picapau Amarelo"
Fonte: YouTube
A atriz faleceu ontem, no Rio de Janeiro, aos 75 anos de idade. Dirce Migliaccio, que interpretou a boneca Emília na série "Sítio do Picapau Amarelo" em 1977, estava internada com pneumonia no Hospital Álvaro Ramos. Para além de Emília, Dirce Migliaccio destacou-se como uma das irmãs Cajazeiras na telenovela "O Bem-Amado".

nota da redacção - Paz à sua alma. Muitos e bons momentos lhe devem tantas crianças pelo Mundo, e mesmo nós os pais, pela alegria que o "Sítio" irradiava.