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sexta-feira, janeiro 25, 2013

lendo...

Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazei caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.
Almeida Garrett, in «Viagens na minha Terra» (1846)

lux aeterna

LUX AETERNA from Cristóbal Vila on Vimeo.

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Revelada composição de pílula com 2000 anos

Cientistas italianos reconstituíram, por assim dizer, a bula de um medicamento datado do século II antes da nossa era.
Ano de 140 a.C, aproximadamente. Um médico viaja a bordo de um barco vindo da Grécia e com destino ao porto etrusco de Populónia, Toscana. Mas o navio afunda-se a 18 quilómetros da costa – e só será descoberto em 1974, perto da praia de Pozzino.
Entre os objectos recuperados no Relitto del Pozzino (nome dado aos destroços), várias caixinhas cilíndricas em latão, 136 frasquinhos de madeira, um pequeno pilão de pedra, um vaso de bronze "com uma forma peculiar, típica de uma ferramenta médica usada para fazer sangrias", escrevem Erika Ribechini, da Universidade de Pisa, Itália, e colegas, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Isto "sugere que um médico estaria a viajar no mar com o seu equipamento profissional", salientam.
Uma das latinhas revelou conter seis comprimidos redondos e cinzentos de quatro centímetros de diâmetro e um de espessura e levou os cientistas a realizarem análises químicas, mineralógicas e botânicas para determinar a composição do que parecia ser um medicamento com mais de 2000 anos. "Em arqueologia", escrevem, "é muito raro descobrir-se medicamentos antigos e conhecer-se a sua composição química." Mas, desta vez, foi possível reconstituir a bula deste medicamento "fóssil".
Composição: compostos de zinco, amido, cera de abelha, resina de pinheiro, gorduras de origem vegetal e animal, carvão, fibras de linho, pólen de oliveira e de trigo, entre outros. Substâncias activas (prováveis): os compostos de zinco e talvez o carvão.
Excipientes: azeite, resina de pinheiro (antioxidante e antibacteriano), cera de abelha, fibras de linho (reforçam os comprimidos).
Indicações: colírio contra problemas oculares. "A composição e a forma dos comprimidos de Pozzino parecem indicar que eram usados em oftalmologia", escrevem os cientistas, acrescentando que o nome latino collyrium (gotas para os olhos) vem de uma palavra grega que significa "pãezinhos redondos".
em cima, a latinha e o seu conteúdo (à direita); em baixo, um comprimido visto de frente e de lado
fonte:PUBLICO
 

domingo, janeiro 06, 2013

2013

Diário de Notícias

2013

Agora "tesos", quero ver como comprarão o direito de escolha mais sagrado da Nação: o voto!

Maria Teresa Góis
 
 
"A Esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão e coragem a mudá-las."
Santo Agostinho
 
Ano novo de céus envelhecidos!
 Depois de tanto empobrecimento, fome e miséria o povo Português merece uma hora de Esperança. O silêncio cansado, algo paciente mas já inquietante, será de certeza a bolha que rebentará, pois poucos acreditarão que este ano seja uma retoma (será de certeza um "ora toma"), um reequilibrio, um reemprego ou mesmo um crescente de reeconomia. Precisamos, cá e lá, de um ree-governo para que o espasmo da angústia social, da emigração forçada, das mais de cinquenta falências por dia e este empobrecimento, parem de indignar a paisagem humana deste Povo.
Parece já não haver sémen criador neste país quando um trágico mediano "Pedro", um qualquer "Gaspar" ou um imbecilizado "Relvas" falam, absurdos e sem alarmes, mostrando-nos um pseudo luminoso caminho que os milhões de habitantes sem ensaios de cegueira, não vêem.
Porque se dirá que dá Deus o frio conforme a roupa se a vida não tem sombra de interesse, porque vivida em termos de mentira e de inquietação? Não é este o lugar-comum da política e da sociedade em que o abismo pobre-rico galga estatísticas e nos remete para um 4º mundo?
Se não devo cair no ódio também não posso optar pela renúncia; renúncia à Esperança, à indignação e à coragem. Sendo ténue a linha que separa a esperança do desespero teremos, os inconformados, os indignados, os pedagogos, os sapientes, os Pais e Avós deste País, teremos de mostrar que se o ano é novo na era que o deverá ser também nas condições de vida, na reconquista dos direitos que incompetentes políticos, sem qualquer CV que contrarie este adjectivo, todos os dias rasgam.
Não ao palco das paródias partidárias e das promessas.
Agora "tesos", quero ver como comprarão o direito de escolha mais sagrado da Nação: o voto!
Neste ano contarei apenas com a boa vontade dos amigos e conhecidos. Partilharei directamente do que tenho a quem precisa, sem interpostas intervenções, às vezes desviantes, e não deixarei de calar os meus sentimentos de indignação ou de coragem para que a esperança não me morra entre mãos.
 
 
Nota - No dia em que envio este artigo para o DN, leio que a D.G.S. aconselha os portugueses a fazer da água a principal bebida, a comer principalmente sopa, incluindo ainda leite e lacticínios nas pequenas refeições, sem esquecer a fruta. Saberá a DGS quantos milhões de portugueses já não têm esta possibilidade? E lembro à DGS e ao Governo o concurso para o restaurante da Assembleia da República que serve refeições entre 6 e 9€ e que incluía "perdiz, lebre, pombo torcaz, lombo de novilho e de vitela, camarão (24/kg)" e mais "que os bifes teriam a variante de peso entre 210 e 190gr" (DR nº77 série II/anúncio de procedimento nº1585/2012).