[google6450332ca0b2b225.html

segunda-feira, janeiro 31, 2011

As sem razões do amor


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

como eu vejo a ilha

sábado, janeiro 29, 2011

Só o Presente é Verdadeiro e Real



Um ponto importante da sabedoria de vida consiste na proporção correcta com a qual dedicamos a nossa atenção em parte ao presente, em parte ao futuro, para que um não estrague o outro. Muitos vivem em demasia no presente: são os levianos; outros vivem em demasia no futuro: são os medrosos e os preocupados. É raro alguém manter com exactidão a justa medida. Aqueles que, por intermédio de esforços e esperanças, vivem apenas no futuro e olham sempre para a frente, indo impacientes ao encontro das coisas que hão-de vir, como se estas fossem portadoras da felicidade verdadeira, deixando entrementes de observar e desfrutar o presente, são, apesar dos seus ares petulantes, comparáveis àqueles asnos da Itália, cujos passos são apressados por um feixe de feno que, preso por um bastão, pende diante da sua cabeça. Desse modo, os asnos vêem sempre o feixe de feno bem próximo, diante de si, e esperam sempre alcança-lo. Tais indivíduos enganam-se a si mesmos em relação a toda a sua existência, na medida em que vivem ad interim [interinamente], até morrer. Portanto, em vez de estarmos sempre e exclusivamente ocupados com planos e cuidados para o futuro, ou de nos entregarmos à nostalgia do passado, nunca nos deveríamos esquecer de que só o presente é real e certo; o futuro, ao contrário, apresenta-se quase sempre diverso daquilo que pensávamos.
O passado também era diferente, de modo que, no todo, ambos têm menor importância do que parecem. Pois a distância, que diminui os objectos para o olho, engrandece-os para o pensamento. Só o presente é verdadeiro e real; ele é o tempo realmente preenchido e é nele que repousa exclusivamente a nossa existência. Dessa forma, deveríamos sempre dedicar-lhe uma acolhida jovial e fruir com consciência cada hora suportável e livre de contrariedades ou dores, ou seja, não a turvar com feições carrancudas acerca de esperanças malogradas no passado ou com ansiedades pelo futuro. Pois é inteiramente insensato repelir uma boa hora presente, ou estraga-la de propósito, por conta de desgostos do passado ou ansiedades em relação ao porvir.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

quinta-feira, janeiro 27, 2011

versão moderna do Sermão da Montanha

- Bem-aventurados os pobres de ambições escuras, de sonhos vãos, de projectos vazios e de ilusões desvairadas, que vivem construindo o bem com o pouco que possuem, ajudando em silêncio, sem a mania de glorificação pessoal, atentos à vontade do Senhor e distraídos das exigências da personalidade, porque viverão sem novos débitos, no rumo do céu que lhes abrirá as portas de ouro, segundo os ditames sublimes da evolução. 

- Bem-aventurados os que sabem esperar e chorar, sem reclamação e sem gritaria, suportando a maledicência e o sarcasmo, sem ódio, compreendendo nos adversários e nas circunstâncias que os ferem, abençoados aguilhões do socorro divino, a impeli-los para diante, na jornada redentora, porque realmente serão consolados.

- Bem-aventurados os mansos, os delicados e os gentis que sabem viver sem provocar antipatias e descontentamentos, mantendo os pontos de vista que lhes são peculiares, conferindo, ao próximo, o mesmo direito de pensar, opinar e experimentar de que se sentem detentores, porque, respeitando cada pessoa e cada coisa em seu lugar, tempo e condição, equilibram o corpo e a alma, no seio da harmonia, herdando longa permanência e valiosas lições na Terra.

- Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, aguardando o pronunciamento do Senhor através dos acontecimentos inelutáveis da vida, sem querelas nos tribunais e sem papelórios perturbadores que somente aprofundam as chagas da aflição e aniquilam o tempo, trabalhando e aprendendo sempre com os ensinamentos vivos do mundo, porque, efectivamente, um dia serão fartos.
- Bem-aventurados os misericordiosos, que se compadecem dos justos e dos injustos, dos ricos e dos pobres, dos bons e dos maus, entendendo que não existem criaturas sem problemas, sempre dispostos à obra de auxílio fraterno a todos, porque, no dia da visitação da luta e da dificuldade, receberão o apoio e a colaboração de que necessitem.
- Bem-aventurados os limpos de coração que projetam a claridade de seus intentos puros, sobre todas as situações e sobre todas as coisas, porque encontrarão a "parte melhor" da vida, em todos os lugares, conseguindo penetrar a grandeza dos propósitos divinos.

- Bem-aventurados os pacificadores que toleram sem mágoa os pequenos sacrifícios de cada dia, em favor da felicidade de todos, e que nunca atiçam o incêndio das discórdias com a lenha da injúria ou da rebelião, porque serão considerados filhos obedientes de Deus.

- Bem-aventurados os que sofrem a perseguição ou incompreensão por amor à solidariedade, à ordem, ao progresso e à paz, reconhecendo acima da epiderme sensível, os sagrados interesses da Humanidade, servindo sem cessar ao engrandecimento do espírito comum, porque assim se habituam à transferência justa para as atividades do Plano Superior.

- Bem-aventurados todos os que forem dilacerados e contundidos pela mentira e pela calúnia, por amor ao ministério santificante do Cristo, fustigados diariamente pela reacção das trevas, mas agindo valorosos, com paciência, firmeza e bondade pela vitória do Senhor, porque se candidatam, desse modo, à coroa triunfante dos profetas celestiais e do próprio Mestre que não encontrou, entre os homens, senão a cruz pesada, antes da gloriosa ressurreição.

Rejubilem-se, cada vez mais, quantos estiverem nessas condições, porque, hoje e amanhã, são bem-aventurados na Terra e nos Céus. 

in:amigosdaotaepoesia.blogspot.com autor HUMBERTO CAMPOS

NUNCA SUBESTIME UM IDOSO !


Uma velhinha foi ao supermercado e colocou a ração de gato mais cara no carrinho. A moça do caixa disse:
- Desculpe, mas nós não podemos  vender a ração de gatos sem provas de que a senhora realmente tem gatos. Muitos idosos compram ração de gatos para comer, e a gerência quer provas de que a senhora esteja realmente comprando a ração para o seu gato. A velhinha foi para casa, pegou o gato e o levou ao super mercado e eles então venderam a ração de gato. 
No dia seguinte, a velhinha foi ao super mercado novamente e comprou 12 dos mais caros biscoitos para cachorro. A caixa, novamente, pediu provas de que ela realmente tinha um cachorro, explicando que os idosos costumavam comer comida de cachorro. Frustrada, ela foi para casa e voltou com seu cachorro, e pôde levar os biscoitos. No outro dia, a velhinha voltou ao mercado trazendo uma caixa com um buraco na tampa e pediu para a moça colocar o dedo no buraco. A moça da caixa disse: - Não! pode ter uma cobra aí dentro !!! A velhinha lhe assegurou que não tinha cobra de estimação, e que não havia nada na caixa que pudesse morde-la... Então a moça do caixa enfiou o dedo no buraco, tirou, cheirou e disse: -Hummmmmm... mas isto é merda!!! A velhinha então sorriu de orelha a orelha e confirmou: -É merda mesmo! Agora, minha querida, eu posso comprar três rolos de papel higiénico???

rec.por email

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Sapporo Beer Commercial - Legendary Biru

o regresso dos mamutes


No próximo verão, uma equipa chefiada por Akira Iritani, especialista em genética na Universidade de Quioto, Japão, vai retirar pedaços de pele ou de tecido muscular do cadáver de um mamute que foi descoberto na Sibéria Oriental.
Os investigadores introduzirão o núcleo de uma célula desse mamute no interior de um óvulo de elefante africano ao qual foi retirado o respectivo material genético.
O embrião assim obtido será transferido para o útero de uma fêmea de elefante que, ao fim de 600 dias, dará à luz um clone de mamute.
Se tudo correr bem, em 2016 nascerá o primeiro animal pré-histórico "renascido" graças à biotecnologia - mais de 5 mil anos depois de os mamutes terem desaparecido da face da Terra.

in: Visão

terça-feira, janeiro 25, 2011

paciência.....

Haverá um dia em que todos voltaremos a ser felizes, quando
 
OS SÓCRATES, FOREM APENAS FILÓSOFOS
OS ALEGRES, APENAS CRIANÇAS
OS CAVACOS, APENAS INSTRUMENTOS MUSICAIS
OS SO ARES, APENAS GASES
OS PASSOS, APENAS OS DE DANÇA
OS COELHOS, APENAS AS DA PLAYBOY

              Até lá,  paciência, muita paciência !

A Falta de Cultura Ética da Nossa Civilização

Creio que o exagero da atitude puramente intelectual, orientando, muitas vezes, a nossa educação, em ordem exclusiva ao real e à prática, contribuiu para pôr em perigo os valores éticos. Não penso propriamente nos perigos que o progresso técnico trouxe directamente aos homens, mas antes no excesso e confusão de considerações humanas recíprocas, assentes num pensamento essencialmente orientado pelos interesses práticos que vem embotando as relações humanas.
O aperfeiçoamento moral e estético é um objectivo a que a arte, mais do que a ciência, deve dedicar os seus esforços. É certo que a compreensão do próximo é de grande importância. Essa compreensão, porém, só pode ser fecunda quando acompanhada do sentimento de que é preciso saber compartilhar a alegria e a dor. Cultivar estes importantes motores de acção é o que compete à religião, depois de libertada da superstição. Nesse sentido, a religião toma um papel importante na educação, papel este que só em casos raros e pouco sistematicamente se tem tomado em consideração.
O terrível problema magno da situação política mundial é devido em grande parte àquela falta da nossa civilização. Sem «cultura ética» , não há salvação para os homens.

Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo'

Bolero de Ravel

segunda-feira, janeiro 24, 2011

o reeleito presidente

Como vem sendo norma a reeleição de um presidente em exercício aconteceu.Por pouco, mas aconteceu.
Alguns portugueses elegeram o que foi o pior primeiro ministro de Portugal e o Chefe de Estado mais incapaz, até agora, da nossa democracia. Emendará caminho? De certeza que não.
Que esperar então de uma pessoa cinzenta, sem o sentimentalismo da cultura, preconceituosa, com a mania da perseguição, amigo e muito da alta corrupção deste país que, ao levar um banco à falência, o BPN dos favorecimentos, obrigará cada português a pagar neste ano em impostos distribuídos por vários items, cerca de mais dois mil euros.
Cavaco venceu? Não, venceu a  D. Abstenção, a que maior percentagem teve e que revela a indiferença dos portugueses, o descrédito nacional que abrange todo o país.
Como pode Cavaco ser o "presidente de todos os portugueses" se apenas 2,2 milhões nele votaram num quadro de 7 ou mais milhões.
Não votei Cavaco. Se o fizesse trairia os meus princípios de honestidade e, então, talvez eu  tivesse de "nascer duas vezes" para ser uma pessoa de bem.
Espero agora que a comunicação social acusada de caluniosa, consiga esclarecer as negociatas deste presidente e seus amigos, sem esquecer a licença de habitabilidade da casa de férias pois, talvez assim possam, os portugueses, exigir do Estado o mesmo tratamento leviano.
E que o processo da SLN/BPN e seus corruptos mentores ande depressa para que daqui a cinco anos as mesmas dúvidas não persistam.

Insectos serão fonte de proteínas alternativa à carne

Poderá a mentalidade ocidental mudar, caso se tenha de alimentar de insectos no futuro, como alternativa à carne? “Têm um sabor semelhante ao das avelãs, são ricos em proteínas, pobres em gordura e não transmitem doenças aos humanos que os consomem”, segundo uma equipa de cientistas holandeses. Na Tailândia, por exemplo, os gafanhotos fritos são uma das iguarias que os turistas não deixam de experimentar.
Os investigadores da Universidade de Wageningen (Holanda) acreditam que os insectos poderão vir a substituir a carne no nosso prato e justificam que são uma fonte de proteínas mais saudável e um alimento mais amigo do ambiente.

“Um dia, o Big Mac poderá custar em média 120 euros e um Bug (Insecto) Mac apenas 12 e as pessoas a escolher a última opção serão mais numerosas do que as que escolherão o hamburger”. Esta foi a frase, do entomologista Arnold van Huis, que mais surpreendeu numa conferência que decorreu na Universidade de Wageningen.

O encontro teve como objectivo apresentar os últimos resultados das investigações realizadas pelo grupo de trabalho e incluiu a mostra de vários petiscos menos habituais: chocolate com morcões, rolinhos de grilos, quiche de larvas, entre outros.

Marcel Dicke, responsável pelo departamento de Entomologia da Universidade de Wageningen, não acredita que a mentalidade ocidental mude facilmente e que as pessoas comecem a consumir este tipo de alimento. Abelhas, joaninhas térmitas são algumas das 1400 espécies de insectos comestíveis, revelou ainda acrescentando: “vai chegar o dia em que teremos forçosamente que reduzir o consumo de carne e teremos de encontrar uma alternativa”.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) explica que o planeta contará com nove milhões de habitantes, em 2050, e a superfície de terras agrícolas já começou a diminuir. Com dez quilos de vegetais produzem-se seis a oito quilos de insectos, comparativamente, apenas daria origem a um quilo de carne. Actualmente, já se consomem 500 variedades de insectos no México, 250 em África e 180 na China, onde são considerados um prato ‘gourmet’.

Jornal de Ciência, Tecnologia e Empreendorismo


domingo, janeiro 23, 2011

decore o seu pão....ora veja!

"OS NOSSOS POLÍTICOS NÃO SÃO GENTE"

...
"Perdemos a noção das proporções. Ainda há pouco profanavam o nome de Nun'Álvares na pessoa aliás simpática de Paiva Couceiro. Antes disso uns meliantes quaisquer pintaram o nome de Pombal nas democráticas costas de Costa.Os nossos políticos não são gente. Nenhum deles mostra ter tido na sua vida uma daquelas crises espirituais donde se emerge talvez ferido para sempre, mas psiquicamente homem, personalidade espiritual. São ateus pela mesma razão que o é um burro ou uma árvore. São portugueses porque, por desgraça nossa, nasceram adentro da nossa fronteira, oriundos de gente que assim tinha feito. Nenhuma consciência da Raça lhes acende um momento o olhar. São vazios e estúpidos. Só sabem comer e manobrar para comer.
A subserviência, a indisciplina, a desorganização dos homens; a desonestidade, a corrupção, a opressão dos processos governativos; a incúria com que fazem a educação como o fomento, o exército e a marinha como o comércio e a indústria - em que mudaram estas coisas, se não em refinarem, se não porque tudo piorou, pelo menos porque tudo progrediu, e onde o facto é o mal, progredir é piorar. Cada vez mais corruptos, cada vez mais indisciplinados, cada vez mais à mercê do estrangeiro: vendidos ao perigo espanhol por Costa. O facto de esse homem, que em nenhuma outra parte mandaria fora da regedoria ou junta de paróquia que condiz com a sua mentalidade rudimentar, teria a posse dum partido, e, através dele duma pátria. Como é natural, a revolta atingiu o máximo nos adversários. Esta opressão, que todos nós sentimos, esta vergonha de estarmos sendo governados por tendeiros da política, que roubam no peso da própria retórica."

  "Carta a um herói estúpido", Ed. Ática, 2010)

Fernando Pessoa

sábado, janeiro 22, 2011

como eu vejo a ilha


Nós aqui com chuva e sol no Porto Santo.....18h00
e este pão, acabadinho de chegar, ainda morno....."pão de casa", amassado com trigo da terra e batata doce. Asseguro-vos que está uma maravilha!

Bolo de côco e pêssego

Vamos lá, este é rápido e fácil....

Ingredientes:
3 chávenas de farinha - 2 chávenas de açúcar - 1 chávena de côco - 1 chávena de leite -  1 chávena de óleo (não muito cheia) - 4 ovos inteiros - 2 colheres de chá de fermento pó - - 1 lata de pêssego

Amassam-se todos os ingredientes, à excepção do pêssego. Depois da massa bem ligada, corte as metades de pêssego em pequenos quadrados e adicione à massa. Vai ao forno em forma untada cerca de 45 m.
Querendo, depois de desenformado, pique o bolo e deite a calda. (eu não fiz e pode deixar a chávena de açúcar mal medida.)
Bom apetite.

1º prémio mini metragem Alemã

sexta-feira, janeiro 21, 2011

os cinco Cavacos

Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural,
económica e politica que somos na Europa
.
Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.
O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.
O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.
O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha. Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.
O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.
Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber. Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.
E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida. Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.
Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.

Daniel Oliveira
Publicado no Expresso Online

publicidade

Com o frio que está sabe bem uma chávena de chocolate. Mas dos "padres" ou da Nestlé?

JEAN-ANTOINE WATTEAU

 I
 BIOGRAFIA
Pintor francês, Jean-Antoine Watteau nasceu em Velenciennes a 10 de outubro de 1684 e morreu em Nogent a 18 de julho de 1721. De sua terra na Picardie chegou a Paris, vivendo em extrema pobreza. O grande decorador Gérard Audran (1640-1703) ocupou-o na ornamentação do Palais Luxembourg; o fantastico artista gráfico Claude Gillot (1673-1722) introduziu-o no mundo do teatro; mas na academia o jovem artista não obtinha sucesso. Enfim, o grande mecenas Croozat convidou-o para participar das festas feéricas que dava no parque de Montmorency. Para pintá-las, Watteau estudou os desenhos de Rubens e dos mestres venezianos (Ticiano, Paolo Veronese). Com o quadro que representa uma festa imaginária, "L'Embarquement pour Cythère" ("O Embarque para Citera"), o pintor foi recebido pela Academia em 1717.
Watteau não foi, porém, um participante ativo daquelas festas galantes; foi um expectador maravilhado, quieto e tímido. Foi um artista retraído no meio da libertinagem da Régence, um silencioso entre causeurs espirituosos. Com 35 anos de idade a tuberculose já o tinha atingido, e foi o marchand Gersaint, vendedor dos seus quadros, que o ajudou até a hora da agonia.
 OS PERSONAGENS
 Watteau aprendeu com Audran o estilo rococó e com Gillot o espírito fantástico, onírico, mas seus mestres, propriamente, são Rubens e os venezianos. Contudo, sua arte revela pouco essas origens: é tipicamente francesa, pela extrema delicadeza das linhas e da atmosfera; e reflete sua época da galanteria, transfigurando-a, criando uma arte intemporal. No centro dessa arte está a mulher. Mas, diferente dos seus mestres , não gosta de mostrá-la nua: "O Juízo de Paris" (Louvre) e "Júpiter e Antíope" (Louvre), muito no estilo de Rubens, são das raras exceções.
Os personagens masculinos, como aquele "Indifférent" ou o "Mezzetin" (Ermitage, Leningrado), são mais retraídos, sobretudo o maravilhoso "Gilles" (Louvre), em que Watteau parece retratar sua própria atitude em face da vida dos outros. O encontro dos sexos sempre é, apenas, delicadamente esboçado: a "Serenata" (Musée Condé, Chantilly), "A Lição de amor" (Svenska Nasjonalmuseet, Estocolmo). Só o "Faux Pas" (Louvre) alude diretamente ao contato.
Muitas vezes, os personagens pertencem ao teatro, isto é, para Watteau, à commedia dell'arte:  "Arlequim e Colombina" (Wallace Collection, Londres), o "Teatro francês" (National Gallery, Washington) e o "Teatro italiano" (ibid.).
 AS FESTAS
 As cenas no palco repetem-se na sociedade: Watteau já foi em vida celebrado como o pintor ds 'festas galantes'. Mas há no "Parque de St. Coud" (Prado, Madri) e no "Casamento campestre" (ibid.), e na "Festa Veneziana" (National Gallery of Scotland, Edinburgh), algo de caracteristicamente irreal, de apenas sonhado, que faz também o encanto da obra-prima do pintor: "O Embarque para Citera" (Louvre), com sua maravilhosa paisagem no fundo, obra que parece tradução de um dos misteriosos quadros de Giorgione para a linguagem do Rococó, certamente uma das mais intensas criações da arte francesa.
 O FIM
 O último quadro que Watteau pintou, parece completamente diferente de todos os outros: "L'Enseigne de Gersaint" ("A Tabuleta de Gersaint"; Schlossmuseum Charlottenburg, Berlim): é a loja do seu protetor em que as obras de arte se vendem aos que entendem dela e aos outros. No momento da morte, o artista sonhador encontra o contacto com a dura realidade, mas sabe transfigurá-la de tal maneira que o lugar do comércio se transforma em inverossímil 'festa veneziana": foi o último sonho de Watteau.
         
A Halt During the Chase - 1720
Fêtes Vénitiennes - 1718-19
 Italian Comedians - 1720
Les Champs Elysées -1717-18
 Merry Company in the Open Air - 1716-19
 fonte SABER CULTURAL

quinta-feira, janeiro 20, 2011

evocação - Rainer Maria Rilke


"Estou aqui sentado a ler um poeta. Há muitas pessoas na sala, mas não se dá por elas. Estão nos livros. De vez em quando mexem-se nas folhas, como gente a dormir que se volta entre dois sonhos. Ah! como é bom estar no meio de gente a ler! Porque é que os homens não são sempre assim? Podes ir a um deles e tocar-lhe de leve: não sente nada. E se ao levantar-te deres um leve encontrão num vizinho e pedires desculpa, então ele acena a cabeça para o lado donde ouviu a tua voz, o seu rosto volta-se para ti e não te vê, e o seu cabelo é como um cabelo de um homem adormecido.. Que bem que isto faz! E eu estou aqui sentado e tenho um poeta. Que destino! Há agora talvez trezentas pessoas na sala, a ler; mas é impossível que cada um tenha um poeta. (Sabe Deus o que elas têm!) Não há trezentos poetas. Mas vê lá que destino: eu, talvez o mais mísero destes leitores, um estrangeiro: eu tenho um poeta. Apesar de eu ser pobre. Apesar de o meu fato, que trago todos os dias, começar a estar coçado aqui e além, apesar de se poder dizer isto e aquilo contra os meus sapatos. ..."
Rainer Maria Rilke 

in:Os cadernos de Malte Laurids Brigge

Nota da Redacção -
Rainer Maria Rilke, poeta, escritor, crítico, nasceu no dia 4 de Dezembro de 1875, em Praga (que então fazia parte do Império Austro-Húngaro), e morreu no dia 29 de Dezembro de 1926, em Raron (Valais), Suíça, onde está sepultado. Morreu de leucemia. O epitáfio, da sua autoria, diz em alemão: “Rosa, ó contradição pura, prazer de ser o sono de ninguém debaixo de tantas pálpebras”.
Nome maior da literatura de língua alemã, Rilke escreveu, entre outras obras, “As elegias de Duíno”, “O Livro das Horas” (que muito influenciou Etty Hilessum), as “Cartas a um Jovem Poeta” e as “Histórias do Bom Deus e outros textos” (contos).
Rilke foi educado como católico, mas durante a adolescência revoltou-se contra a fé católica, escrevendo poemas anticristãos. Mais tarde, pelos menos na sua escrita, nas “Histórias do Bom Deus”, reconcilia-se com a fé cristã, mostrando a interdependência entre ser humano e Deus, a fraternidade, a humildade, a compaixão pelos pobres e explorados.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

pensamento do dia

autor:Cortez
“Falta-nos reflexão, pensar,
precisamos do trabalho de pensar,
e parece-me que, sem idéias,
não vamos a parte nenhuma”.

JOSÉ SARAMAGO
(1922 – 2010)

terça-feira, janeiro 18, 2011

Novas oportunidades?

Quem sabe? Depois de Cavaco ter declarado a penúria da pensão que a sua senhora aufere (800 €) o que, com habilitações que tem não deve ter trabalhado nem meia dúzia de anos, afirmando que é um mísero professor (pena não ter revelado as diversas pensões que aufere além do vencimento e ajudas de custa de presidente da República), depois de ter "atirado" os jornalistas para a sua página na internet, quem sabe se está a inscrever a Maria no RSI ou nas Novas Oportunidades?

Bem queria eu que ele nos livrasse de uma nova oportunidade...já chega!


autor: Don Pinset

“A vida é o que acontece
enquanto você está ocupado
fazendo outros planos.”

JOHN LENNON

Lady Ice

segunda-feira, janeiro 17, 2011

lembrando uma flor

17 de Janeiro. Uma data que será sempre assinalada aos que tiveram o privilégio de conhecer a Catarina.
Era uma Menina tocada pela paralisia cerebral, de grandes olhos castanhos, sorridentes, brilhantes a esconder a falta de luz, de riso à nossa voz, dependendo de todos e todos dependendo dela. Partiu, sem aviso, no silêncio da sua vida, às vezes queixosa; já faz dois anos.
É assim que concebo os Anjos: puros, risonhos, dependendo de nós e nós deles.
Vela pelos teus Pais e Irmão. Até sempre querida,
tia Tuka

POEMA À BOCA FECHADA


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que não me conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais boiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago

(De “Os Poemas Possíveis”, 1966)

domingo, janeiro 16, 2011

pink floyd em versão atirei o pau ao gato



15.01.2011, grupo infantil violas prof.Paulo Novo, Porto Moniz

TINTORETTO (Jacopo Robusti)

Auto-retrato - Tintoretto


FONTE:SABER CULTURAL



DADOS BIOGRÁFICOS
Tintoretto,  como era conhecido Jacopo Robusti ( Veneza  c. 1518 - 1594), foi provavelmente o último grande pintor da Renascença Italiana.  Por sua energia fenomenal em pintar foi chamado Il Furioso, e sua dramática utilização da perspectiva e dos efeitos da luz fez dele um dos precursores do Barroco.  Seu pai, Battista Robusti, era tintore (tingia seda), o que lhe valeu o apelido.

Na infância, Jacopo, um pintor nato, começou a decorar as paredes da tinturaria paterna. Vendo seu talento, seu pai levou-o à oficina de Tiziano,  na época com mais de cinqüenta anos, para aprender o ofício . Dizem que o mestre ficou pouco tempo com ele, por ter percebido o talento e a independência do menino, o que faria dele um pintor, mas não um bom aprendiz. Tintoretto estudou então por conta própria, observando as obras dos grandes mestres. Mas continuou admirador, nunca um amigo de Ticiano, e mais tarde adotou como lema em seu estúdio a frase O desenho de Michelangelo e a cor de Ticiano .
Tintoretto começou ajudando o pintor Schiavone, seu amigo, a decorar paredes. Na seqüência conseguiu encomendas para si mesmo. Seus dois primeiros trabalhos foram murais descritos como A Festa de Balthasar e Carga de Cavalaria.  Seu primeiro trabalho a ter repercussão foi um retrato dele e seu irmão com um efeito noturno, infelizmente perdido, como os dois anteriores. Uma das pinturas iniciais ainda existentes está na igreja de Carmine, em Veneza: a Apresentação de Jesus no Templo. Em São Benedito estão A Anunciação e Cristo e a Mulher de Samaria. Para a Escola da Trindade ( na verdade um hospital e asilo em Veneza ) ele pintou quatro passagens do Gênesis.  Duas delas, Adão e Eva e Morte de Abel, atualmente na Academia Veneziana, mostram um trabalho nobre de alta mestria, que não deixam dúvidas que Tintoretto nessa época já era um pintor consumado, um dos poucos que conseguiram reconhecimento sem um aprendizado formal.
Durante o ano de 1546, Tintoretto pintou para a igreja da Madona do Horto três de seus melhores trabalhos, A Confecção do Calf Dourado, Apresentação da Virgem no Templo e Ultimo Julgamento ( vergonhosamente repintada ). Esta igreja em estilo gótico  em Fondamenta dei Mori, próxima a Murano, Veneza,  existe ainda. Em 1548 recebeu a encomenda de quatro quadros para a Escola de São Marcos,  Encontrando o Corpo de São Marcos em Alexandria (atualmente em Murano), O corpo do Santo trazido à Veneza e Votos do Santo (ambos em Veneza, na biblioteca do Palácio Real) . Finalmente O Milagre do Escravo , celebrada obra que é uma das glórias da Academia Veneziana, representa a lenda de um escravo cristão torturado em punição por devoção ao santo e salvo por um milagre.
Estes quatro trabalhos foram recebidos com geral aplauso. Seus tempos de obscuridade terminaram. Era notável o suficiente para casar com Faustina de Vescovi, filha de um nobre veneziano. Ela foi uma boa esposa, que aturava seu genio intratável e lhe deu dois filhos e cinco filhas.
A próxima encomenda foi pintar as paredes e tetos da Escola de São Marcos, obra de enorme esforço e auto-aprendizado para Tintoretto. O prédio foi iniciado em 1525 e era deficiente em iluminação. A pintura começou em 1560, após varios pintores, incluindo Veronese, terem sido consultados. Tintoretto assegurou a obra doando um quadro , São Rocco recebido no Céu. Completou então a primeira sala. Em 1565 reiniciou os trabalhos com Crucificação,  A Praga das Serpentes, Festividades da Páscoa e Moisés quebrando as Tábuas.
Tintoretto em seguida se lançou na empreitada de decorar a escola adjacente à igreja de São Roque. Descontando alguns detalhes menores, os edifícios contém sessenta e cinco memoráveis pinturas, que podem ser descritas como cenas variadas e sugestivas, adaptadas para serem vistas a meia-luz. Adão e Eva, Visitação, Adoração dos Magos, O Massacre dos Inocentes, Agonia no Horto, Cristo ante Pilatos, Cristo carregando a Cruz e Assunção da Virgem são as melhores.
Paralelamente Tintoretto começou vários afrescos no Palácio Ducal, Excomunhão de Barbarrosa e Vitória de Lepanto, que foram destruídos no grande incêndio de 1577, além de um retrato do duque Girolamo e várias obras menores.
Agora alcançamos a obra que coroaria o trabalho de Tintoretto, a última pintura de importância que executou, a vasta Paraíso, considerada a maior pintura jamais feita sobre uma tela, por seu enorme tamanho. É estupenda pela escala, pela pureza da inspiração da alma, com apaixonada imaginação visual e mão mágica para as formas e cores, que desafiou os especialistas por tres séculos. Ele trabalhou na obra em estúdio, levando-a para o local definitivo e dando os retoques finais com a ajuda de seu filho Domenico. Toda Veneza o aplaudiu...
Depois de completar o Paraíso, Jacopo Robusti tomou uma vida mais descansada, não realizando mais nenhum trabalho relevante, e passou um final de vida tranqüilo. Morreu em 1594 de uma doença que começou como uma dor de estômago, seguida de febre. Foi enterrado na igreja da Madona do Horto, ao lado de sua filha Marietta, ela mesma retratista e música, que trabalhou como assistente do pai vestida como um menino. Além dos filhos, teve poucos pupilos, valendo ser citado Martin de Vos. Existem influências de Tintoretto na obra do contemporâneo Veronese  e na do espanhol El Greco, que conheceu sua obra numa viagem a Veneza.
A comparação da Ultima Ceia de Tintoretto com a de Leonardo dá uma demonstração instrutiva sobre como o estilo artístico moveu-se durante o Renascimento.  A disciplina se irradia de Cristo em simetria matemática. Nas mãos de Tintoretto, o mesmo evento é dramaticamente distorcido, enquanto as figuras humanas são elevadas pela erupção do espirito humano. Pelo dinamismo de sua composição, seu uso dramático da luz e seus efeitos de perspectiva, parece um artista [barroco] antes da hora.

The Annunciation
San Rocco School, Venice, c. 1563
Massacre of the Innocents
San Rocco School, Venice, 1582-87
Susanna and the Elders
Kunsthistorisches Museum, Vienna, 1560-62
Miracle of the Slave
San Marcos School, 1548
The Creation of the Animals
 Galleria dell'Accademia, Venice, c. 1550
Christ  at the Sea of Galilee 
National Gallery of Art, Washington, DC c. 1575-80

sábado, janeiro 15, 2011

a voz do Povo

bolo da Maria Augusta

é fim de semana, se quiserem experimentar, toca a ir para a cozinha.Bom fim de semana.

2 chávenas de açúcar - 2 chávenas de farinha - 2 chávenas de leite - 2 ovos inteiros - 2 colheres chá bicarbonato soda - 2 colheres de chá de canela - noz moscada ralada a gosto - 4 colheres sopa de mel de cana - 2 colheres de sopa de margarina - nozes, passas, amêndoas picadas.

Junte a margarina (eu substitui por óleo) com o açúcar, depois os ovos e o mel, o leite e os restantes ingredientes. No fim adicione as frutas picadas. Vai a forno  quente cerca de 50m. Use a técnica do palito para ver se está cozido. Bom apetite.

Nota da redacção - Não necessita partir as nozes, quando cortar as fatias.....use amêndoa laminada e experimente deitar 1 colher de sopa de vinho Porto ou Madeira, meio seco.É capaz de resultar com mel de abelha.

Nada Mais


Não há mais que inventar.
Não há mais que dizer.
A sintaxe está gasta.
As imagens estão gastas.
Mesmo a Morte está gasta
E todos os poetas
O deviam saber.

A moral está já gasta.
Gasta a anormalidade,
E a imoralidade,
E a amoralidade.

Gastos os sentimentos
E todos os tormentos,
Mais os grandes amores
E todos os pavores.
Gastos rios e serras,
Mais os erros das guerras.
Gasta a Ciência e a Arte.

Gastos,lutos,enterros,
Cemitérios,jazigos,
Lágrimas,desesperos,
Sacrilégios e perigos,
Crimes,roubos e monstros,
Lirismos e fardins,
Naufrágios,terramotos
E o dilúvio do Fim,
Planetas e vigílias
De mortes pressentidas,
Mais o amor das famílias,
Gastas todas as vidas!

Que tudo está já gasto
Porque morreste um dia.
Porque à tua paixão
Opuseram traição.
Aos teus braços de mel
Só opuseram fel.
Ao teu canto,ao teu riso
De ave do Paraíso,
Opuseram cegueiras,
- Monte das Oliveiras!


E se à minha paixão
Opuserem traição;
Se ao meu canto,aos meus risos,
Negarem Paraísos,
E cegarem meus olhos
Com pedradas certeiras,
Foi bem mais triste o teu
Monte das Oliveiras.
Todo o futuro é gasto
Porque morreste um dia.


Procurar-te,é bem pouco.
Achar-te,era demais.
Em mim,em qualquer ponto,
Te escondes e te esvais...


Natércia Freire

"As oliveiras", Van Gogh, 1889

sexta-feira, janeiro 14, 2011

onde Cavaco passa férias?

quando não viaja à custa do erário público....ora ouçam e vejam BEM de onde vem a ligação ao BPN.

"o intangível"


cartoon de Henrique Monteiro - Eleições Presidenciais 2011

o (famigerado) acordo ortográfico

 por:  Manuel Halpern
Quando eu escrevo a palavra acção, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa. Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância. Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser proativo? Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.
Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hifenes e entraram erres que andavam errantes. É uma união de facto, para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem. Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os és passaram a ser gémeos, nenhum usa chapéu. E os meses perderam importância e dignidade, não havia motivo para terem privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão importantes como peixe, flor, avião. Não sei se estou a ser suscetível, mas sem p algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.
As palavras transformam-nos. Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do cê não me faça perder a direção, nem me fracione, nem quero tropeçar em algum objeto abjeto. Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um cê a atrapalhar.