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quinta-feira, junho 30, 2011

DO FALAR POESIA

A poesia encontra-se em todas as coisas - na terra e no mar, no lago e na margem do rio. Encontra-se também na cidade - não o neguemos - é evidente para mim, aqui, enquanto estou sentado, há poesia nesta mesa, neste papel, neste tinteiro; há poesia no barulho dos carros nas ruas, em cada movimento diminuto, comum, ridículo, de um operário, que do outro lado da rua está pintando a tabuleta de um açougue.
Meu senso íntimo predomina de tal maneira sobre meus cinco sentidos que vejo coisas nesta vida - acredito-o - de modo diferente de outros homens. Há para mim - havia - um tesouro de significado numa coisa tão ridícula como uma chave, um prego na parede, os bigodes de um gato. Há para mim uma plenitude de sugestão espiritual em uma galinha com seus pintainhos, atravessando a rua, com ar pomposo. Há para mim um significado mais profundo do que as lágrimas humanas no aroma do sândalo, nas velhas latas num monturo, numa caixa de fósforos caída na sarjeta, em dois papéis sujos que, num dia de ventania, rolarão e se perseguirão rua abaixo. É que a poesia é espanto, admiração, como de um ser tombado dos céus, a tomar plena consciência de sua queda, atónito diante das coisas. Como de alguém que conhecesse a alma das coisas, e lutasse para recordar esse conhecimento, lembrando-se de que não era assim que as conhecia, não sob aquelas formas e aquelas condições, mas de nada mais se recordando.
 


Fernando Pessoa (Bernardo Soares)

como eu vejo a ilha

Serra de Água,Madeira

quarta-feira, junho 29, 2011

Medo Da Nossa Condição Humana

Quando me ponho às vezes a considerar as diversas agitações dos homens,e os perigos e trabalhos a que eles se expõem, na corte, na guerra, onde nascem tantas querelas, paixões, cometimentos ousados e muitas vezes nocivos, etc. - descubro que toda a miséria dos homens vem de uma só coisa: que é não saberem permanecer em repouso, num quarto. Um homem que tenha o bastante para viver, se fosse capaz de ficar em sua casa com prazer não sairia para ir viajar por mar ou pôr cerco a uma praça-forte. Ninguém compraria tão caro um posto no exército se não achasse insuportável deixar-se estar quieto na cidade; e quem procura a convivência e a diversão dos jogos é porque é incapaz de ficar, em casa, com prazer.
Mas quando pensei melhor, e que, depois de ter encontrado a causa de todos os nossos males, quis descobrir a razão desta, achei que há uma bem efectiva, que consiste na natural infelicidade da nossa condição frágil e mortal, e tão miserável - que nada nos pode consolar quando nela pensamos a fundo.
Blaise Pascal,Pensamentos

terça-feira, junho 28, 2011

Justiça - 1771

a palavra secreta

Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exactamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.Simplesmente não há palavras.

Clarice Lispector

segunda-feira, junho 27, 2011

CONTO

Um rei quis experimentar o juízo de três conselheiros que tinha, e indo passear com eles encontrou um velho a trabalhar num campo, e saudou-o:
- Muita neve cai na serra! Respondeu o velho com a cara alegre:
- Já, senhor, é tempo dela.
Os conselheiros ficaram a olhar uns para os outros, porque era Verão, e não percebiam o que o velho e o rei queriam dizer na sua. O rei fez-lhe outra pergunta:
- Quantas vezes te ardeu a casa?
- Já, senhor, por duas vezes.
- E quantas vezes contas ser depenado?
- Ainda me faltam três vezes.
Mais pasmados ficaram os conselheiros; o rei disse para o velho:
- Pois se cá te vierem três patos, depena-os tu.
- Depenarei, real senhor, porque assim o manda.
O rei seguiu o seu caminho a mofar da sabedoria dos conselheiros, e que os ia despedir do seu serviço se lhe não soubessem explicar a conversa que tivera com o velho. Eles, querendo campar por espertos, foram ter com o velho para explicar a conversa; o velho respondeu:
- Explico tudo, mas só se se despirem e me derem o dinheiro que trazem. Não tiveram outro remédio senão obedecer; o velho disse:
- Olhem: «Muita neve cai na serra», é porque eu estou cheio de cabelos brancos; «já é tempo dela», é porque tenho idade para isso. «Quantas vezes me ardeu a casa?» é porque diz lá o ditado: «Quantas vezes te ardeu a casa? Quantas casei a filha». E como já casei duas filhas sei o que isso custa. «E quantas vezes conto ser depenado?» é que ainda tenho três filhas solteiras e lá diz o outro:
Quem casa filha Depenado fica.
Agora os três patos que me mandou o rei são vossas mercês, que se despiram e me deram os fatos para explicar-lhes tudo.
Os conselheiros do rei iam-se zangando, quando o rei apareceu, e disse que se eles quisessem voltar para o palácio vestidos que se haviam ali de obrigar a darem três dotes bons para o casamento das outras três filhas do velho lavrador.

(Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português

domingo, junho 26, 2011

Carpe Diem *

"Onde pus a esperança,
As rosas murcharam logo."

Fernando Pessoa


O mês de Maio foi cinzento, eternamente enevoado, e a primeira quinzena de Junho não tem diferido muito. O sol é escasso e brinca às escondidas.
Nas terras as culturas melam, sobretudo a semilha, numa doença que se espalhou por toda a freguesia e à qual ninguém ficou imune, prejudicando a já precária economia doméstica dos seus proprietários que, entre eles, falam "de perca de 100 toneladas".
Só os pássaros, sem cansaços, cantam dia e noite, voam buscando alimento para as crias. A esta altura do ano os grilos mal cantam e as andorinhas, de voos rasantes e pios seguros, não aparecem. Nem as flores da Primavera persistem e não acredito que um qualquer Sebastião venha a emergir para salvar o reino, rasgando nevoeiros e trazendo a auréola da esperança com a dinâmica necessária.
A vida é contaminada pela morte, a alegria é irmã da tristeza, as lembranças alternam com os esquecimentos, o sonho convive com o quotidiano. Portanto, o Mundo continua a girar.
Já Fernando Pessoa se queixava de que "onde pus a Esperança as rosas murcharam logo" e, quem sou eu para o desdizer?
Portugal é hoje um ramalhete de flores: mudaram-se as águas das jarras e esperamos que com o fertilizante "troika" as flores floresçam e, se mesmo necessitarem poda, resistam em harmonia.
Isto porque é medonho que tenhamos de olhar uns para os outros como criaturas prisioneiras, martirizadas.
Os políticos são olhados como cínicos e os cidadãos exemplares parecem em vias de extinção. Não temos Rei, o clero escapa, que resta à plebe?
O salto de opinião política entre os séculos XX e XXI alterou-se, graças aos meios de comunicação de social, pois hoje já não há casa que não ouça, repetidamente, o eco das desgraças, nossas e dos outros e os feitos do futebol, nas televisões.
Temos de viver a vida de olhos abertos porque na medida em que os anos por nós passam vamos perdendo familiares e Amigos e obrigamo-nos à mudança de conhecimentos e afectos.
E também temos de nos defender com as armas que nos legitimaram como cidadãos: conservar a saúde, evoluir na educação e informação e usarmos o voto político.
A poucos meses de eleições regionais talvez que em vez de um dia de reflexão, na véspera, iniciássemos já esse período reflectivo em nome do rigor, da seriedade governativa, transparência e contenção na despesa do que é público.
A acontecer, seria um milagre de Outubro!


*Carpe diem - aproveita o dia presente (Horacio in: Odes)
Maria Teresa Góis

Publicado no Diário Notícias Madeira, 26-06-2011

Pescador exagera, mas não inventa...

História:

     - Fui à praia pescar, lancei o anzol e imagina que apanhei um tubarão!!!
       Quando o retirei da água e puxei para a areia, veio um crocodilo. Ele saiu da água  e tentou abocanhar o tubarão, ali mesmo, na areia.
       Aí o meu amigo deu uma paulada na cabeça do crocodilo e ele fugiu. ..
       Ai, não acreditas? Então vê o filme!

sábado, junho 25, 2011

Rondel de l'adieu

Partir, c'est mourir un peu,
C'est mourir à ce qu'on aime:
On laisse un peu de soi-même
En toute heure et dans tout lieu.

C'est toujours le deuil d'un voeu,
Le dernier vers d'un poème:
Partir c'est mourir un peu.

Et l'on part, et c'est un jeu,
Et jusqu'à l'adieu suprême
C'est son âme que l'on sème
Que l'on sème à chaque adieu:

Partir, c'est mourir un peu.


Edmond Haraucourt (1856 -1941)

Grande asteróide com trajectória a rasar a Terra

O asteróide 2011 MD, descoberto apenas na quarta-feira passada, vai na segunda-feira passar muito perto da Terra, a uma distância do nosso planeta 23 vezes menor que a que nos separa da Lua. Os cientistas dizem que não representa perigo.
Com o tamanho de um edifício de escritórios, o asteróide vai passar a cerca de 17,7 quilómetros da Terra e será visível através de um pequeno telescópio. O hemisfério sul, em particular a América do Sul, será o local mais indicado para observar este objecto espacial.
O 2011 MD foi descoberto apenas na quarta-feira por telescópio robótico no Novo México, nos EUA, montado com o propósito de descobrir este tipo de objectos. Emily Baldwin, britânica perita em asteróides, disse ao Daily Telegraph que não há perigo: "Estamos certos de que nos vai falhar, mas se entrasse na atmosfera um asteróide deste tamanho iria provavelmente arder, numa bola de fogo brilhante, e desfazer-se em pequenos meteoritos. "
A 8 de Novembro espera-se que um asteróide de 50 toneladas e 400 metros de diâmetro, chamado 2005 YU55, entre na órbita da Lua. Ao passar a menos de 325 mil km, será o maior objecto a se ter aproximado tanto da Terra, escreve o jornal inglês.

O Amor Vulgar

Pinta-se o Amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso de razão. Usar de razão, e amar, são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino, que vem a ser? Uma vontade com afectos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso os mesmos Pintores do Amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento, daqui vem, que isto que vulgarmente se chama amor, tem mais partes de ignorância: e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor. Quem ama, porque conhece, é amante; quem ama, porque ignora, é néscio. Assim como a ignorância na ofensa diminui o delito, assim no amor diminui o merecimento. Quem, ignorando, ofendeu, em rigor não é delinquente; quem, ignorando, amou, em rigor não é amante.
Padre António Vieira, in "Sermões"

sexta-feira, junho 24, 2011

Nova comunidade indígena encontrada na Amazónia

A Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciou na terça-feira a descoberta de uma comunidade indígena no Amazonas, no norte do Brasil, numa região conhecida como Vale do Javari.
A primeira identificação do grupo foi feita a partir de imagens de satélite, analisadas pela Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, e confirmadas depois num voo realizado na região em abril.
Até ao momento, a presença destes índios era apenas indiciada num "estudo", pois havia relatos da sua existência, mas sem informações conclusivas sobre a sua exata localização.
A comunidade, que vive isolada, está localizada a sul da Floresta Amazónica, numa região próxima da fronteira com o Peru. Acredita-se que o grupo compreenda cerca de 200 índios, distribuídos em quatro malocas -- grandes cabanas de palhas capazes de abrigar até cem pessoas.
O coordenador da Frente do Vale do Javari, Fabrício Amorim, explicou que a identificação de uma referência como esta fazem parte de um trabalho sistemático e metódico, com realização de pesquisas documentais, que levam anos para ser concluídas.
Até ao momento, as análises preliminares indicam que o grupo pertence à família linguística Pano.
Amorim referiu que nas imagens foi possível indetificar "malocas", além de roças cultivadas com produtos que fazem parte da alimentação diária da comunidade. "Além do milho, havia banana e uma vegetação rasteira que parecia ser amendoim, entre outras culturas", relatou.
Segundo o investigador, também foi possível identificar -- tanto pelo plantio, quanto pelo estado da palha das choupanas -- tratar-se de uma ocupação recente. "A roça, bem como as malocas, são novas, datadas de no máximo um ano", comentou.
A assessoria de comunicação da Funai explicou à Lusa que os grupos são identificados para que possam entrar em políticas de protecção da sua sobrevivência.
"Não se trabalha mais com a ideia de estabelecer contacto com eles. Houve apenas a identificação aérea, nenhum dos pesquisadores esteve directamente no local", explicou.
Entre as principais ameaças à integridade desses grupos estão a pesca ilegal, a caça, a exploração de madeira, o garimpo, actividades agro-pastoris com grandes destruições da floresta, ações missionárias e problemas típicos de fronteira, como o narcotráfico.
Outra situação que requer cuidados é a exploração de petróleo no Peru, que se pode refletir na terra indígena do Vale do Javari, onde actualmente já existem 14 referências de comunidades indígenas.
Segundo dados da Funai, entre 2006 e 2010, foram localizados 90 indícios de ocupação territorial, que apontam para a existência de uma população de aproximadamente dois mil indígenas.(in:DN)

QUINO e o nosso século....

Quino, o cartunista argentino autor da Mafalda, desiludido com o rumo deste século no que diz respeito a valores e educação, deixou impresso no cartoon o seu sentimento:

Dia Internacional dos Ciganos



uma pequena homenagem aos Ciganos que são meus amigos e, oxalá, mantenham as suas tradições.

quinta-feira, junho 23, 2011

Mulher mais velha do mundo morreu no Brasil

Maria Gomes Valentim, reconhecida pelo Guiness como a mulher mais velha do mundo, estava a poucas semanas de completar 115 anos, mas faleceu antes disso. O recorde passa agora para a norte-americana Besse Cooper.
Helerson Lima, do lar de reformados onde vivia Maria Gomes Valentim, explicou que a idosa faleceu devido a uma falha múltipla dos seu órgãos. Tinha 114 anos e 347 dias e iria completar 115 anos de idade no dia 9 de Julho.
Foi a primeira brasileira a constar no Livro dos Recordes como a mulher mais velha do mundo, depois de a organização do Guiness ter determinado, no dia 18 de Maio, que Valentim nascera 48 dias antes de Besse Cooper, actualmente com 114 anos e 299 dias e novamente a mulher mais velha do mundo, segundo o Livro dos Records, escreve o The Guardian. O filho de Besse Cooper diz que esta se encontra fisicamente bem, está a comer bem e até ganhou algum peso, a memória está em boa forma e consegue reconhecer as pessoas.
Maria Gomes Valentim nasceu a 9 de Julho de 1896, na cidade de Carangola, no estado de Minas Gerais. A Avó Quita, como era conhecida, viveu toda a vida na mesma localidade e recentemente desvendou o segredo da sua longevidade: uma dieta saudável e com produtos naturais e uns bons genes, herdados do seu pai, que vivei até aos 100 anos. - in DN, Lisboa

Pinguim 'engana-se no caminho' e aparece na Nova Zelândia

Um pequeno pinguim-imperador "enganou-se no caminho" para a Antárctida e acabou por ser encontrado numa praia da Nova Zelândia. A notícia é avançada pela ABC. 

Os amigos

Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura
Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

José Tolentino Mendonça - in "De Igual Para Igual"

quarta-feira, junho 22, 2011

H O L O C A U S T O - 64 ANOS

É uma questão de História lembrar que, quando o Supremo Comandante das Forças aliadas
(Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, etc.),
General Dwight D. Eisenhower encontrou as vítimas dos campos de concentração, ordenou que fosse feito o maior número possível de fotos, e fez com que os alemães das cidades vizinhas fossem guiados até aqueles campos e até mesmo enterrassem os mortos.
E o motivo, ele assim explanou:
'Que se tenha o máximo de documentação - façam filmes - gravem testemunhos - porque, em algum momento ao longo da história, algum idiota se vai erguer e dirá que isto nunca aconteceu'.

'Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam'. (Edmund Burke)
Relembrando:

Ha poucos dias, o Reino Unido removeu o Holocausto dos seus currículos escolares porque 'ofendia' a população muçulmana, que afirma que o Holocausto nunca aconteceu...

Este é um presságio assustador sobre o medo que está a atingir o mundo, e o quão facilmente cada país se está a deixar levar.
Este email está a ser enviado como um alerta, em memória dos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos, 1900 padres católicos e também muitas Testemunhas de Jeová, resumindo;
(SERES HUMANOS)
que foram assassinados, massacrados, violentados, queimados, mortos à fome e humilhados, enquanto Alemanha e Rússia olhavam em outras direcções.


Agora, mais do que nunca, com o Irã, entre outros, sustentando que o 'Holocausto é um mito', torna-se imperativo fazer com que o mundo jamais esqueça.

A intenção de enviar este email, é que ele seja lido por, pelo menos, 40 milhões de pessoas em todo o mundo.

Seja voce também ciente  e ajude a enviar o email para todos que forem possíveis. Traduza-o para outras línguas se for o caso!

terça-feira, junho 21, 2011

Inventados bifes e hambúrgueres feitos com fezes

in:DN, Lisboa
O boom da população mundial previsto para os próximos anos vai causar, segundo os cientistas, falta de alimentos. Qual a solução? Fazer comida a partir de desperdícios materiais humanos.
Segundo o "Daily Mail", Mitsuyuki Ikeda, um dos investigadores do Okayama Laboratory, desenvolveu bifes e hambúrgueres baseados em proteínas retiradas de excrementos humanos. Após lhe ter sido pedido para tentar arranjar usos para desperdícios, Ikeda descobriu que que estes continham uma grande quantidade de proteína, devido a todas as bactérias.
Os especialistas extraíram as proteínas, e combinaram-nas com um produto que aumenta as reacções, colocando-as num reactor que cria a carne artificial. A carne tem 63% de proteínas, 25% de hidratos de carbono, 3% de líquidos e 9% de minerais. Esta é ainda colorida de vermelho com corantes alimentares e o seu saber é melhorado com uma proteína de soja. Em testes experimentais as pessoas visadas tem gostado do sabor e, até o relacionaram ao sabor do bife.
Os cientistas esperam que o produto possa custar o mesmo do que a carne verdadeira à venda hoje em dia, mas no momento os bifes e hambúrgueres de excrementos são de 10 a 20 vezes mais caros, devido a terem de suportar os custos da investigação.


Romê e Juliata (final)

texto e desenhos de Gilda Ponte, Ilha de S. Miguel 2010

segunda-feira, junho 20, 2011

Fernando Nobre, o não eleito

Depois de ter afirmado que, não sendo eleito, deixava a Assembleia da República, teve duas derrotas e senta-se, agora, no lugar de....deputado.Falta de palavra e de vergonha.

o duro teste

e as duas derrotas.....                                                        HenriCartoon

"Tabacaria"

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


[De TABACARIA,seguramente um dos mais belos poemas do mundo]
Álvaro de Campos.Fernando Pessoa -1928
foto ana assunção

Romê e Juliata - III


domingo, junho 19, 2011

Falso Obama interrompe conferência republicana

Um actor caracterizado de Barack Obama interrompeu a conferência dos líderes republicanos em Nova Orleães com piadas racistas, tendo sido retirado do palco.

Reggie Brown brincou com a herança racial de Barack Obama, a homossexualidade do congressista Barney Frank e a fé do mórmon republicano Mitt Romney.

Assumindo o papel de Obama, o actor, referindo-se ao mês dedicado ao património africano, disse: «Michelle (a primeira dama) comemora o mês inteiro e eu só metade».

a democracia da Ma(ma)deira....

Tem razão a Drª. Manuela Ferreira Leite, quando afirma
que é na Madeira que se respira DEMOCRACIA!

"Com a perspectiva de poder desfazer-se do facto do DIÁRIO ser um jornal efectivamente plural, o líder laranja informou os dirigentes do seu partido que estão proibidos de escreverem Opinião no nosso jornal
O 'decreto' que força dirigentes do PSD-M a prescindirem de escrever Opinião no DIÁRIO faz a manchete de hoje no nosso jornal. O presidente do Governo Regional e líder do PSD-M quer anular o pluralismo do DIÁRIO, curiosamente uma decisão contrasta com aquilo que Jardim disse no último Congresso do PSD.  Um assunto que mereceu editorial do director do DIÁRIO de Notícias da Madeira, Ricardo Miguel Oliveira, que pode ser lido na última página." in DN, hoje

como eu vejo a ilha

Romê e Juliata - acto II


sábado, junho 18, 2011

Não me peçam Razões


Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.


José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"


Nota da Redacção - um só ano passou....

quinta-feira, junho 16, 2011

o fotos eclipse total lua 15.06.2011

para mim foi TOTAL, nem o céu via.....
na Sérvia
em Atenas

isto é o que se chama talento....

Quero ser o poeta da noite

Noite, velada Noite,
faz-me teu poeta!
Deixa-me entoar as canções
de todos aqueles
que, pelos séculos dos séculos,
se sentaram em silêncio
à tua sombra!
Deixa-me subir ao teu carro sem rodas
que corre silencioso de mundo a mundo,
tu que és rainha do palácio do tempo,
escura e formosa!

Quantos entendimentos ansiosos
penetraram mudos no teu pátio,
vaguearam sem lâmpada pela tua casa,
à tua procura!
Quantos corações, que a mão do Desconhecido
atravessou com a flecha da alegria,
romperam em cânticos
que sacudiam a tua sombra
até aos alicerces!

Faz-me, ó Noite,
o poeta destas almas despertas
que contemplam maravilhadas,
à luz das estrelas,
o tesouro que encontraram
de repente;
o poeta do teu insondável silêncio,
ó Noite!
 
Rabindranath Tagore
In: "O Coração da Primavera"

quarta-feira, junho 15, 2011

Tenho de dizer isto senão rebento…

in: Adevidacomedia.wordpress.com
por MIGUEL CARVALHO

Assinalando as comemorações do 10 de Junho, o Presidente da República fez em Castelo Branco uma reflexão sobre o Portugal que não vem no mapa. O País rural, pobre, esquecido, por vezes deserto. Falou dos velhos que sobram e das crianças que não nascem. Falou dos poucos que ficam e dos muitos que partem. Falou, enfim, desse Portugal à margem do progresso, que abandonou os campos, que passou ao lado do desenvolvimento.
Como não concordar com o diagnóstico?
O problema é que o homem que fez este discurso governou o País durante dez dos 37 anos de democracia (e já nem vou falar dos anos de Presidência, em que os resultados do seu magistério estão à vista). O seu consulado coincidiu com o mais próspero período desde o 25 de Abril, durante o qual a torneira dos fundos comunitários pareceu inesgotável (e foi-o, mas só para alguns. Quem não se lembra dos Ferraris do Vale do Ave e das fraudes com o fundo social europeu?) A década cavaquista foi ainda suportada, em grande parte do tempo, por duas maiorias absolutas que deixaram Cavaco com mãos livres para fazer o que lhe desse na real gana. Lembram-se do que aconteceu? Foi a época em que nos disseram que a agricultura não servia para nada. A época dos subsídios para não produzir. A época das auto-estradas que trouxeram o interior para o litoral porque era aqui que estavam as oportunidades e o emprego.
O Portugal de Cavaco deixou nessas terras esquecidas o bilhete postal que hoje se exibe: pobreza, miséria e abandono. E é preciso ter uma grande lata para vir agora falar nestas gentes entregues à sua sorte e dizer que a «frugalidade e o seu espírito de sacrifício são modelos que devemos seguir». A narrativa sobre o País rural e honrado, pobrezinho e remediado, vem de longe. É uma narrativa velha e relha, com autores conhecidos, agora reciclada para efeitos de austeridade e remedeio.
Mas, no fundo, a questão é esta: o que têm para nos ensinar homens como Cavaco? O que diz o seu currículo de serviço público? Neste capítulo, bem pode juntar-se a Mário Soares, o homem cujos governos permitiram o desmantelamento de centenas de quilómetros de vias férreas, que isolaram ainda mais o interior. Façam as contas, por favor: Cavaco e Soares batem todos os recordes de permanência no poder, em São Bento ou Belém. Com eles por perto, Portugal recebeu três vezes a visita do FMI e chegou ao estado que conhecemos. Desculpem, mas estou farto de conselhos e recomendações de homens que se julgam providenciais. Para mim, nos tempos que correm, já me chegam as dores de cabeça que prometem os homens normais.

terça-feira, junho 14, 2011

os homens não amam....

Os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama, e não defeitos. Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade: cuidais que amais perfeições Angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue, que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam, e o que se imagina, e não é, não o há no mundo.

Padre António Vieira, "Sermões"

segunda-feira, junho 13, 2011

mesmo desenhado num guardanapo de papel, a oferta do dia da Criança para o avô e avó. Da Marta, claro

Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido...

Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido — sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como ele, nem aceitei nunca a Humanidade. Considerei que Deus, sendo improvável, poderia ser, podendo pois dever ser adorado; mas que a Humanidade, sendo uma mera ideia biológica, e não significando mais que a espécie animal humana, não era mais digna de adoração do que qualquer outra espécie animal. Este culto da Humanidade, com seus ritos de Liberdade e Igualdade, pareceu-me sempre uma reviviscência dos cultos antigos, em que animais eram como deuses, ou os deuses tinham cabeças de animais.
Assim, não sabendo crer em Deus, e não podendo crer numa soma de animais, fiquei, como outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comummente se chama a Decadência. A Decadência e a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia.
A quem, como eu, assim, vivendo não sabe ter vida, que resta senão, como a meus poucos pares, a renúncia por modo e a contemplação por destino? Não sabendo o que é a vida religiosa, nem podendo sabê-lo, porque se não tem fé com a razão; não podendo ter fé na abstracção do homem, nem sabendo mesmo que fazer dela perante nós, ficava-nos, como motivo de ter alma, a contemplação estética da vida. E, assim, alheios à solenidade de todos os mundos, indiferentes ao divino e desprezadores do humano, entregamo-nos futilmente à sensação sem propósito, cultivada num epicurismo subtilizado, como convém aos nossos nervos cerebrais.
Retendo, da ciência, somente aquele seu preceito central, de que tudo é sujeito às leis fatais, contra as quais se não reage independentemente, porque reagir é elas terem feito que reagíssemos; e verificando como esse preceito se ajusta ao outro, mais antigo, da divina fatalidade das coisas, abdicamos do esforço como os débeis do entretimento dos atletas, e curvamo-nos sobre o livro das sensações com um grande escrúpulo de erudição sentida.
Não tomando nada a sério, nem considerando que nos fosse dada, por certa, outra realidade que não as nossas sensações, nelas nos abrigamos, e a elas exploramos como a grandes países desconhecidos. E, se nos empregamos assiduamente, não só na contemplação estética mas também na expressão dos seus modos e resultados, é que a prosa ou o verso que escrevemos, destituídos de vontade de querer convencer o alheio entendimento ou mover a alheia vontade, é apenas como o falar alto de quem lê, feito para dar plena objectividade ao prazer subjectivo da leitura.
Sabemos bem que toda a obra tem que ser imperfeita, e que a menos segura das nossas contemplações estéticas será a daquilo que escrevemos. Mas imperfeito é tudo, nem há poente tão belo que o não pudesse ser mais, ou brisa leve que nos dê sono que não pudesse dar-nos um sono mais calmo ainda. E assim, contempladores iguais das montanhas e das estátuas, gozando os dias como os livros, sonhando tudo, sobretudo, para o converter na nossa íntima substância, faremos também descrições e análises, que, uma vez feitas, passarão a ser coisas alheias, que podemos gozar como se viessem na tarde.
Não é este o conceito dos pessimistas, como aquele de Vigny, para quem a vida é uma cadeia, onde ele tecia palha para se distrair. Ser pessimista é tomar qualquer coisa como trágico, e essa atitude é um exagero e um incómodo. Não temos, é certo, um conceito de valia que apliquemos à obra que produzimos. Produzimo-la, é certo, para nos distrair, porém não como o preso que tece a palha, para se distrair do Destino, senão da menina que borda almofadas, para se distrair, sem mais nada.
Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considera-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para goza-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também.
29-3-1930
Livro do Desassossego por Bernardo Soares.Vol.I.

domingo, junho 12, 2011

como eu vejo a ilha

Este "amigo" e a respectiva família, todos os dias espera pelo pequeno almoço, almoço e jantar...Como me sentiu aqui na varanda veio cá ter e, ainda canta para mim! É um PISCO