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quinta-feira, dezembro 31, 2015

de onde vem o "arroba" (@)

Durante a Idade Média os livros eram escritos à mão pelos copistas.
Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem económica: tinta e papel eram valiosíssimos.
Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra.
O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco – o que explica, em Espanhol, o apelido Paco, comum a quase todo Francisco.
Ao citarem os santos , os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas. O nome de São José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adoptar a abreviatura JHS PP, e depois, simplesmente, PP. A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe.
Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente conhecido como e comercial em Português, e ampersand, em Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.
E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de casa de.
Foram-se os copistas, veio a imprensa - mas os símbolos @ e & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registo contábil 10@£3 significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma. Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).
No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contáveis dos ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências:
1 - A unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cuja inicial lembra a forma do símbolo;
2 - Os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registo de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.
O termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta parte: uma arroba ( 15 kg , em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg .
As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais dactilografados), trouxeram em seu teclado o símbolo @, mantido no de seu sucessor - o computador.
Então, em 1972, ao criar o programa de correio electrónico (o e-mail), Roy Tomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim que Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X.
Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco, snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco). Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch; strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus. No nosso, manteve sua denominação original: arroba.

fonte: net

domingo, setembro 27, 2015

O “reporte estatístico”

“É indispensável boa memória após se haver mentido.”
Pierre Corneille


“Como é possível manter um governo em que um primeiro
ministro mente?”    
Passos Coelho, 09-04-2012     



 As notícias que esta semana caíram em território luso, provenientes do INE, desde a execução orçamental do 1º trimestre com um défice de 4,7% do PIB à questão do Novo Banco que, no dizer de alguns, “não tem importância nenhuma”, leva-me a pensar no imenso logro em que este reino da Paflândia está metido.
Quem conhecerá a verdade das contas? E se os 4.900 mil milhões do Novo Banco mais os 900 mil da CGD que o governo injectou nas duas instituições bancárias e ainda não devolvidos sem sequer sabermos se os juros têm sido pagos, somados ao que advém do BPN e BPP tiverem impacto no bolso dos portugueses? É que somos cada vez menos e, segundo o INE, em 2060 seremos apenas 6 milhões!
Em véspera eleitoral preocupa-me o índice de abstenção que será verificado, mais do que o dos indecisos. A abstenção terá consequente influência no resultado eleitoral.
Sabemos que em 2012 saíram 50 mil e em 2013, 53.800 pessoas. Somemos os dois anos seguintes e teremos umas centenas de milhares de votos a menos, votos jovens e menos jovens de quem, e ainda dentro do prazo estabelecido não conseguiu fazer a inscrição nos consulados, já para não falar na anedota dos votos enviados para o estrangeiro a serem devolvidos em envelope da CNE sem país de destino…Ele há coincidências!
Para nós, os que ficámos, convém não esquecer os cortes em salários ou pensões, os aumentos de impostos, dias de férias e feriados suprimidos, alargamento de horário semanal de trabalho, sempre com o mesmo vencimento. Sabendo, dos últimos dados, que a dívida pública aumentou para 290 mil milhões e que a estimativa da União Europeia é que o resultado final seja de mais de 130% do pib, é lícito perguntar: para quê esta imposição austera nos particulares e nos serviços públicos de saúde e educação, para quê a venda das empresas núcleo do país que até geravam receita? Uma resposta que obrigatoriamente terá de ser dada a 4 de Outubro, goste-se ou não da realidade.
Há cinco anos que aceitei o convite do Director do Diário de Notícias para este pequeno apontamento de opinião mensal. Já por duas vezes lhe solicitara a substituição e fi-lo agora, de novo, irrevogavelmente.
Agradeço a confiança e a liberdade de expressão que sempre me concedeu como, aliás, eu esperava.
Uns ficarão com pena da ausência das minhas verídicas picardias, outros talvez nem dêem por nada.
Para mim foi um prazer este incitamento à diversidade de opinião tão necessária no quotidiano, à liberdade da palavra e do pensamento que possam gerar debate.
Desejo que o Diário de Notícias da Madeira cresça nessa diversidade e debate pela importância que tem na informação Madeirense.
Desejando-vos todo o bem eu vou ficando por aqui…

Maria Teresa Góis



domingo, agosto 30, 2015

Alerta amarelo

“ – Pertencer a um partido político, caro colega, que vem a ser?...
- É meter-se a gente num ónibus que leva aos empregos.”

Eça de Queirós,
in “Uma campanha alegre”


     
Sempre achei o meu querido Eça uma panaceia contra todos os males. Na minha modestíssima opinião não seria o calhamaço de “Os Maias” que se deveria obrigar à leitura e ao estudo, os nossos imaturos estudantes. Talvez que “Uma Campanha Alegre” ou pelas cidades e serras guiados pela mão do autor, melhor lhe aproveitassem a prosa, o humor fino, a análise acutilante, a flecha envenenada na política de então, afinal tão actual e semelhante.
      Temos estado em permanente alerta amarelo quer pela quentura dos dias de estio prolongado ou pela secura das terras. Também pelo matagal que invade a outrora verde e apetecível paisagem, hoje núcleos de canaviais, giestas e urzes em área urbana, permanente perigo e convite a tendências desviantes e às canas de foguetes que teimam cair nos arraiais, sem esquecer a queima de matos. Retrato público de desleixo de quem deveria zelar pelo cumprimento da lei.
      Todo o país vive em alerta, após a “silly season”, numa espécie de “stupid season” que é o tempo eleitoral. Basta abrirmos ou lermos on line um periódico, e não um qualquer jornal, para somarmos o rol de promessas agora desenterradas, somarmos a abundância de dinheiros (os cofres estão cheios, lembram-se?), os cuidados futuros com os idosos que se viram roubados e relegados para a Pobreza, o apelo ao regresso das gerações emigrantes, adejando no lenço branco da paz o oásis do emprego, da recuperação e da normalidade daquele que há-de ser o décimo país mais competitivo do mundo. Isto quando um em cada cinco portugueses ganha 505,00 € ao mês. Sem descontos!
      Sentado a uma mesa bem posta, bem regada, ambiente chique q. b., com um saco de laranjas – talvez espanholas – alguém pedia e suplicava, “um resultado inequívoco para resolver o problema das pessoas”.  Com toda a sinceridade que me assiste espero mesmo que tenha um resultado inequívoco…      Bem dizia o Eça, sempre ele, que “entre nós, a mentira é um hábito público”.
       Mais do que amarelo é vermelho o alerta que nos dá esta Europa de hoje, a União que muros de quilómetros divide, a União que lucra e enriquece à custa dos parceiros mais pobres, a União que afasta os que migram, filhos dos resultados de políticas externas da própria Europa em aliança com os EUA.
       É kafkiano que as decisões de um país, a vida das pessoas de um país, dependam de um parlamento dito europeu. Afinal para que elegemos nós quem queremos que governe, que sentido têm as profissões como a dos pescadores que param oito meses num ano para cumprir quotas, quando a nossa zona económica é a maior e vendo os pescadores espanhóis pescar e aqui vir descarregar o pescado.        

      Qual é a lógica, porquê o agachamento e a troco de quê? Que políticas de mar se combinam hoje para vigorar em 2020?
       Por isso é tão importante não ouvir as promessas de último suspiro mas analisar o quanto perdemos e recuámos num espaço de tempo racionalmente curto.
      Não me incomoda que algum fedorento me chame de “peste grisalha”.
     Já me incomoda mais que conhecidos vultos, cujos actos foram lesivos ao interesse público e estejam sob alçada do Ministério Público ou “ad judicia”, continuem a ser figurões públicos, candidatos, interlocutores de debates.
      O que me incomoda em absoluto é ver a geração de jovens sem horizonte, seja no ensino, nas artes, na saúde, em qualquer mister e a geração dos meus netos e de todos os netos deste país com um enorme ponto de interrogação como meta de futuro.
      Se podemos mudar, claro que sim, e com um resultado inequívoco! 


Maria Teresa Góis

terça-feira, agosto 04, 2015

a origem da palavra LARÁPIO

Segundo consta....


Na Roma dos Césares havia um cônsul da Cirenaica de nome Lucius Amarus Rufus Apius, que gozava de grande popularidade pelas suas preclaras virtudes cívicas e morais.

Mas, como neste mundo não há nada perfeito, também Lucius Amarus Rufus Apius tinha um pequeno defeito, aliás bastante comum nos homens públicos dos nossos dias  e que consistia em confundir muito a miúdo o património alheio com o próprio. 

Por isso, quando alguém era apanhado em flagrante delito de apropriação, o criminoso era comparado a Lucius Amarus Rufus Apius. 
Mas como o nome fosse muito comprido o cônsul assinava: L.A.R.Apius...

fonte:net

domingo, agosto 02, 2015

Em lume brando

“O oportunismo é, porventura, a maispoderosa de todas as tentações…”
Agostinho da Silva


A folha pautada do bloco, ainda em branco, tem de ser preenchida.

Em plena “silly season”, a morrinha húmida que vai caindo transforma o ar numa sauna abafada, doentia. O dia cinzento não lembra o Verão e os pássaros, sempre tão esvoaçantes e ruidosos, andam nas bagas de folhado, nas amoras túrgidas precocemente adocicadas por este tempo quente. Pesa na atmosfera uma natureza adormecida…
Já a noite se enche de sons. Neste fim-de-semana toda a Ilha borbulha e se agita, sacode e remexe, em eventos de Verão, sem horas nem tempo que não seja o das férias, o da cerveja ou mesmo o do engate.
Engatados estarão os governos; o regional porque nem passou, em cem dias, pelo estado de graça e o nacional porque não sai do estado da desgraça. É também engate o assédio político e tendencioso dos telejornais, debates, mesas redondas e afins. O tempo eleitoralista promete horizontes risonhos, fartos, filhos de cofres cheios e pleno emprego. Os pobres deixam essa qualidade e passam a remediados temporários da ilusão, os desempregados dependem dos fundos europeus, da falácia política, das estatísticas balanceadas e anedóticas.
Charlot dizia “Somos todos amadores. Não vivemos o suficiente para podermos ser outra coisa.” Grande lição!
Agosto depressa passará porque este ano “outros valores mais altos se levantam” e adivinho que o tempo de descanso se converterá num tempo de bravatas e liças de oratórias cheias de energia.
É capaz de encapotar mais um desaire, já iniciado, na colocação de professores, fará esquecer que este governo tenciona gastar, dar do que é de todos, cinquenta e três (53) milhões ao ensino privado, afogando ainda mais a Escola Pública na qual prevalece a austeridade com redução de estabelecimentos, de professores de ensino especial, aumento de número de alunos por turma, falta dos mínimos exigíveis à eventual higiene, constrangimentos de verbas nas cantinas que deveriam assegurar refeições equilibradas e saudáveis, para além do espectro da dispensa do pessoal dito excedente.
Da saúde temos as notícias nos casos do dia e da semana e apenas refiro que li, hoje, que 15% das sete (7) milhões de receitas prescritas não são levantadas nas farmácias. E quantas serão aviadas pela metade?
Na ética do país sucedem-se os casos, avolumam-se na enorme secretária de um super juiz, vão alimentando capas de periódicos e pasquins, notícias bombásticas na televisão. E seria este o tal período de silly season…
Resta-me a esperança de que o povo não é insensível nem tapado e se o oportunismo não for a mola poderosa das intenções, havemos de dar a volta e ressurgir na estação mais bela do ano que é o Outono, porque mais colorida e poética.


Maria Teresa Góis


quarta-feira, julho 29, 2015

Foi encontrado monge mumificado com 200 anos que poderá estar em meditação profunda!

O corpo do monge foi encontrado muito bem preservado na Mongólia, e os estudiosos budistas garantem que este não está morto, mas sim em transe!
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Um académico budista diz que um monge com 200 anos encontrado na Mongólia, cujo corpo está muito bem preservado, não está morto mas sim num estado de transe meditativo. De acordo com o jornalSiberian Times, o budista Barry Kerzin, consultor do Dalai Lama, afirma que o monge se encontra num estado de tuksam, um transe profundo.
O corpo do monge foi encontrado no norte da Mongólia, na posição de lótus e vestido com peles de animais. Especula-se, segundo a BBC, que a preservação do corpo se deva ao clima frio da Mongólia e ao que o monge vestia.
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Os estudiosos budistas propõem uma alternativa, porém: que o corpo esteja preservado porque o monge está vivo, encontrando-se em tuksam, um estado de transe que pode levar uma pessoa a alcançar o estado de buda. “Se o meditador conseguir ficar neste estado de meditação, pode tornar-se um Buda. Chegar a um tal nível espiritual também vai ajudar as outras pessoas”, garantiu Kerzin ao jornal.
O monge, encontrado dia 27 de janeiro, foi descoberto pela polícia mongol numa caixa, tendo sido roubado por um homem que tinha intenções de o vender no mercado negro. Foi levado para o Centro Nacional de Perícia Forense, na Mongólia, onde está a ser guardado e analisado para compreender melhor como se conservou durante tanto tempo.
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Não se sabe quem é o homem, embora haja suspeitas de que seria um Lama, um professor do budismo tibetano. Foi sugerido, segundo o jornalThe Independent, que poderá tratar-se de um professor do budista Itigilov, nascido em 1852, que morreu em 1927 enquanto meditava. O corpo de Itigilov foi exumado em 1955 e 1973 e, de acordo com relatos da época, permanecia na posição de lótus e muito bem conservado. Em 2002 o corpo voltou a ser exumado e encontrava-se, segundo uma reportagem da época publicada no New York Times, ainda preservado.
 
fonte:net

domingo, julho 05, 2015

Entre aflitos e aliviados

“Em Portugal, as pessoas são imbecis ou por vocação, ou por coacção, ou por devoção.”
Miguel Torga, Diários 1948
Poucos foram os que não reagiram aos “alívios” de um magistrado da Nação,
sobre a privatização da TAP. O que para a maioria é sinal de discórdia e aflição é assim um lenitivo para outros. Mas não foi o único alívio ou invocação já que em Maio de 2013 atribuía a Nossa Senhora de Fátima o bom termo da 7ª avaliação da troika para em Abril passado agradecer a Deus a rede de instituições de solidariedade e cantinas take-away sociais que possuímos, graças a pobreza gerada por políticas cegas.
Neste país é moda aliviar os serviços públicos a favor dos privados, a preço da pataca, fazendo o eco um vice que corre mundo, graças aos contribuintes, falando no nome de Portugal e gritando “vender, vender, vender”. Outro personagem que se sentiu aliviado em Fevereiro de 2003 atribuindo à Senhora de Fátima o facto da maré negra do “Prestige” ter escolhido as costas espanholas em vez das portuguesas.
Também a ministra da agricultura num período de seca invocou poderes divinos esperando que chovesse; mas logo acrescentou de que persistiria na sua fé apesar da canícula.
Podemos então concluir que a maioria da classe política não acredita nas suas aptidões de simples humanos e, quando mais lhe convém, banaliza o que deve ser de foro íntimo.

- Em Espanha vigora desde o dia 01 deste mês a lei que os nuestros hermanos apelidam de “lei da mordaça” e que consiste numa série de restrições. Não se pode fotografar polícias (lembram-se de Guimarães, no futebol?), não há manifestações em frente ao parlamento, não se pode impedir um despejo selvagem de uma família infeliz a quem o Estado tira a habitação coercivamente, não se pode protestar em varandas de prédios ou terraços, não se pode opor resistência às forças policiais sentando-se pacificamente no chão e também não se pode incitar, nas redes sociais, ao protesto ou à manifestação. Deve haver mais alíneas de certeza pois o instinto fascista-liberal não se contenta com meias dúzias.
   Será que dará tempo, até ao fim da legislatura, que se aprove em Portugal lei similar?

- Não sei qual será o resultado do referendo na Grécia. Sei que me sinto mais grega que portuguesa, neste momento.
   Dos 240 mil milhões que a Grécia recebeu ao longo de anos de intervenção, apenas pôde aplicar 10% nas suas reformas internas e dinamização económica porque o restante capital alimentou bancos estrangeiros e pagou juros usurários a instituições.
Hoje, e ainda que digam que o governo grego recuou, é a Europa que se aflige, que treme, que faz contas, são os dirigentes europeus que temem dizer nos seus países o quanto custará a capitulação da Grécia. Chamar recuo à salvaguarda dos direitos de um povo, é vergonhoso.
E nas notícias diárias vemos quem cede e recua, oferendo prolongamentos, perdões, taxas acessíveis, mudando a voz grossa da infantilidade para uma voz mais serena de maturidade.
Lá como cá, os povos não devem estar de joelhos perante políticas que não servem a democracia ou o voto. Não é possível deitar um país abaixo em quatro meses ou em seis anos.
É preciso desenrolar a História e reconhecer os erros.

Maria Teresa Góis


domingo, junho 07, 2015

Cortesias e chapeladas

      “Nunca se mente tanto como em vésperas  de eleições,  durante a guerra e depois da caça.”

Otto Bismarck




 Ao fim de quase quatro anos e a escassos meses de eleições, o primeiro ministro de Portugal descobriu a Madeira.
Com o amigo Miguel no poder e fora dos venenos de Alberto João Jardim, sentiu-se em segurança para visitar uma parte do país que, década a década, tem sido a sala de chutos do seu partido. Só assim se chega às verbas astronómicas regionais de sinal menos que são do conhecimento público. E, sem qualquer pejo, diz nunca ter sido convidado. E desde quando um político consciente precisa de convite para visitar o país? Convites são para as queijarias…
Mas ei-lo, bem-disposto, cheio de consensos, de novidades. A Madeira tremeu? Não, os sismos tinham-se verificado dias antes lá para as bandas das Desertas e nem sequer os sentimos!
Começo pelos transportes. Por mar: comissão de análise para lançar um concurso público internacional. Não tem o Governo Regional capacidade de diálogo e de o fazer poupando uns bons milhares à Madeira? Enquanto o pau vai e volta, podemos esquecer o curto, talvez mesmo o médio prazo. Por ar: tarifas de ida e volta inferiores a 90 €. Compreendem as taxas, as bagagens, a futura privatizada TAP será obrigada com a mesma frequência a este serviço público? Será o Governo Regional a suportar, tal como nos Açores, o diferencial de custo? Ninguém sabe, mesmo que todos os Madeirenses sonhem. Ou seja, todas estas decisões poderão cair de bandeja no regaço de um próximo governo que poderá não ser do mesmo quadrante político. Assim é fácil, é como o crente que faz as promessas à espera de primeiro ver realizado o pedido e só depois o paga.
O Hospital tão necessário, tão prioritário, apesar dos cofres cheios, é mais um assunto para a futura legislatura que há-de, depois, conhecer outros argumentos adiáveis.
Os juros da dívida regional mantêm-se sem apelo nem agravo, apesar das taxas correntes serem bem mais baixas. E que dizer do IVA, que tanto onerou a vida de todos os madeirenses? Do subsídio de insularidade, vigente nos Açores, que aqui caiu em buraco fundo?
Mas, apesar de tudo, vamos ter “casório” com direito a fraque e chapéu alto. Tudo o que o CDS tem vindo a defender, a apontar, a criticar, ao longo dos últimos anos, virou acordo pré-nupcial. Talvez seja essa a única maneira de certas figuras ambiciosas e contestadas, terem lugar na Assembleia da República.
E o líder do CDS ainda hoje (dia 04) afirmou “não querer regressar ao passado da dívida do governo Sócrates e dos governos Socialistas.” Será que a dívida do país é menor, será que os portugueses estão melhor, será que a canga da austeridade virá a ser menor? E aconselho, a quem tenha dúvidas, pesquisar como nasceu e aumentou essa dívida rolante, mesmo antes do último governo.
Portugal perdeu todas as empresas chave, toda a economia independente. Hoje estamos na mão de estrangeiros e há várias gerações obrigadas a ir para o estrangeiro. Os que cá ficaram sujeitos às leis liberais aprovadas, sofrem a incerteza da condição digna de vida, da certeza de continuidade de um emprego. Os que o têm.
O país não está melhor não. A classe política reinante talvez, ainda que o PR e a ministra das Finanças se queixem dos magros e esticados salários auferidos.

Maria Teresa Góis

 

domingo, maio 10, 2015

Pessimismo

“Há campanhas que podem ser poesia mas governar
é uma prosa.”                                                                         



José Sócrates



Não sou pessimista de formação ou por opção, costumo racionalizar e interiorizar as realidades procurando a famosa “ponta por onde se lhe pegue”. Mas há dias que não pode ser assim…
Portugal é o 4º país com mais desemprego jovem (OCDE 13/04/15) – gerações comprometidas, futuro civil do país comprometido. É o 11º com maiores impostos sobre o trabalho (idem 15/04/15), é o 3º com mais mortes por pneumonia (idem 05/05/15). O Observatório sobre Crises Alternativas (27/03/15) estima que a taxa de desemprego real teria chegado aos 29% no caso de não ter acontecido a emigração recente. Do governo, todos os dias, salta a palavra competitividade e esta semana foi abanada a bandeira da criação de cento e trinta mil empregos (precários, diga-se em abono da verdade) esquecendo virar a folha do apontamento para referir os quase 464 mil postos de trabalho destruídos em três anos.
São datas muito próximas que nos dão a clareza do estado péssimo e pessimista do país.
Mais, somos o 11º país do mundo com mais idosos em percentagem de população, idosos a quem minguam a pensão, o acesso à saúde, à qualidade de vida e agora, se internados num lar (IPSS) terão de pagar mais. Não tendo posses o mesmo pagamento terá de ser suportado pelos netos, sobrinhos, enfim, talvez até à 5ª geração. E são já quarenta mil, segundo os dados desta semana da GNR, os que em território do Continente vivem sós, milhares deles completamente isolados.
A crise é tão grande que “Quina”, a carteirista mais antiga do Porto, de 85 anos, assaltou outra idosa de 92  aproveitando a confusão da queima das fitas. De certeza que não tem meios ou razões para se reformar, continuando em plena actividade.
Pois se a maioria da população não crê na honestidade política e é confrontada com casos todos os meses, todas as semanas, que exemplos têm as “Quinas” deste país?
A meses de eleições gostava que o povo que resta se mobilizasse e fosse espremer e exprimir a sua preferência. Estou pessimista quanto à cobertura dos tempos de antena vários pois o governo já aproveita para aparecer, diariamente, em comunicados, festas de aniversários, visitas e feiras. Como sabemos as tendências patronais dos diversos órgãos de informação eu, pessoalmente, não acredito nessa isenção. É tal qual o Jornal da Madeira que, preso por um contracto blindado nos vai levar bem perto de mais dois milhões de euros este ano. Se não podem alterar o preço de capa, alterem o preço do miolo! Não percebo como o JM tem, em média, tiragem de 15 mil exemplares (enquanto o DN tem 10 mil) e vejo pelos cafés, às resmas e muitas vezes ainda em atados, todos os dias serem jogados no lixo. Não podem descontar o desperdício e fazer tiragens mais pequenas, reduzindo os custos? E, afinal, quem “tramou” o JM? A própria Diocese e o Presidente do Governo Regional cessante.
“É a vida”…

Maria Teresa Góis

 

terça-feira, abril 28, 2015

A LETRA "P" (apenas a língua portuguesa permite assim escrever)

A língua portuguesa, junto com a francesa, são as ÚNICAS línguas neolatinas na face da Terra que são completas em todos os sentidos... Quem fala português ou francês de
nascimento, é capaz de fazer proezas como esse texto com a letra "P". Só o português e o francês permitem isso...  A língua inglesa, se comparada com a língua portuguesa, é de uma pobreza de palavras sem limites..

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.

Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para Papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.

Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.

Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.
 Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando.

Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito.

Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo. Pereceu pintando...

Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei.


recebido por email


quarta-feira, abril 15, 2015

Canal americano reconstitui "Ira de Deus" que destruiu Lisboa no sismo de 1755

Os vídeos do Smithsonian Channel mostram como o terramoto, maremoto e incêndio devastaram Lisboa, e uma das medidas mais drásticas do Marquês de Pombal. Primeiro o terramoto que transformou as ruas da cidade numa "paisagem infernal", depois o maremoto que matou centenas de pessoas, e por fim a "cruel reviravolta do destino" que fez com que Lisboa se incendiasse. Um vídeo reconstitui e mostra cada passo do desastre que fez dezenas de milhares de mortos em 1755. O Smithsonian Channel dedicou um episódio da sua série de documentários sobre catástrofes, Perfect Storms, ao terramoto de Lisboa em 1755. O episódio God's Wrath (em português, Ira de Deus) foi emitido em novembro, mas um dos seus excertos, que mostra a reconstituição do desastre, tornou-se viral recentemente. Um outro vídeo lançado pelo canal permite também conhecer uma das medidas mais drásticas do Marquês de Pombal após a devastação. No vídeo que foi publicado no YouTube pelo canal norte-americano, uma parceria entre a cadeia televisiva CBS e o grupo de museus Smithsonian, é possível ver como, por volta das 9.40 da manhã de 1 novembro de 1755, a atividade tectónica provocou o terramoto de 8.5 na escala de Richter, que destruiu grande parte da cidade que estava "no centro de um império mundial". O Smithsonian Channel reconstitui como, após os primeiros momentos de destruição causados pelo terramoto, os sobreviventes procuraram escapar para espaços mais abertos, junto ao rio Tejo, onde foram surpreendidos pelo maremoto que se seguiu."Numa cruel reviravolta do destino", acrescenta o locutor do documentário, "horas antes do terramoto, milhares de velas tinham sido acesas em Lisboa para comemorar a festa de Todos os Santos". O recuar das águas permitiu que as chamas se espalhassem pela cidade. Após a catástrofe, Lisboa "já não é uma cidade de ouro, mas sim um repositório de ossos carbonizados", termina o vídeo. Além do vídeo que se tornou viral, é possível ver online um outro excerto do episódio God's Wrath da série documental Perfect Storms. Esse excerto descreve como, após a devastação causada pela catástrofe, não havia "nem abrigo, nem segurança, nem comida". Quando o terramoto danificou as prisões lisboetas, os criminosos começaram a organizar-se e a pilhar os destroços. Coube ao Marquês de Pombal, conta o documentário, "salvar Lisboa de si própria, substituindo um reinado de terror por outro". fonte DN, Lisboa

domingo, abril 12, 2015

Ai Abril, Abril

“ De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse


e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.”  


José Carlos Ary dos Santos


 Reza a informação que o nome “Abril” deriva do Latim Aprilis que significa “abrir” numa referência à germinação das culturas em época primaveril.
Abril lembra-me um povo que se sacudiu, que se libertou, que veio para a rua exorcizando os medos acumulados, que acabou com uma guerra que nos levava a juventude para o número de mortos ou para a emigração. Lembra-me que os livros, a música e até a simples Coca-cola tiveram alforria de pleno consumo, lembra-me que o singelo cravo vermelho ganhou outra importância, outro significado e novos apaixonados. Abril lembra-me que a Escola, a Saúde, o direito ao voto cívico, lembra-me a igualdade adquirida em tantos casos …
Quarenta e um anos depois quanto já nos foi retirado deste “25 de Abril” em nome de uma política que agride a própria Constituição? E, o pior, em actos cometidos por indivíduos insignificantes.
Pagam-se caro os gestos incompetentes e insensatos e o povo português sente bem na pele esta frieza suicida. Feita a experiência do erro podemos reencontrar caminhos, serenidades e estabilidades possíveis. Foi-nos prometida uma “campanha alegre” mas o procedimento triste tem de nos levar à escolha: recusa ou aceitação na continuidade.
São precisas mudanças e renovações com toda a força do significado que as palavras encerram; nada de paredes caiadas onde se desenhem grafitis com a assinatura dos mesmos autores.
É preciso que os mais novos conheçam a realidade do país antes de Abril de 1974, um país isolado e atrasado que muito recuperou três décadas depois, para que os “jotinhas” de vida facilitada tenham a noção do quanto as gerações anteriores sofreram e lutaram.
Quero ABRIL de volta; na alegria, na esperança, no convívio sem medos, na Liberdade!
E lembro alguns dos que em Abril de 2015 nos deixaram e contribuíram para essa Liberdade: Herberto Hélder, Manoel de Oliveira, Silva Lopes, Tolentino Nóbrega. Todos foram construtores reconhecidos que nem atraiçoaram a sua personalidade ou o seu povo, nem o grito de Abril.


Maria Teresa Góis

 

quarta-feira, março 18, 2015

a Bíblia tinha razão...

Os Nefelins - Um achado arqueológico ESPANTOSO
 "Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos." Números 13.33
"Então saiu do arraial dos filisteus um homem guerreiro, cujo nome era Golias, de Gate, que tinha de altura seis côvados e um palmo [ 3,15 metros]." 1 Samuel 17.4



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  recebido por email

domingo, março 15, 2015

O canto da sereia e o canto do cisne

“Os verdadeiros democratas não são aqueles histéricos que exigem isto e reivindicam aquilo, que dizem que precisamos de não sei quê e que vamos todos morrer estúpidos se não fizermos não sei que mais. São os que vivem e deixam viver. São os que respeitam as opiniões, as excentricidades e as manias dos outros, sem ceder à tentação de os desconvencer à força” 
Miguel Esteves Cardoso   


Estamos a caminho das urnas! Tétricamente falando é este o termo certo que nos levará ao dia 29 de Março próximo.
E já ouvimos o canto da sereia que embeleza a realidade, promete futuros novos mais leves e navegáveis.
E há-de haver os que encantados, sem um Ulisses que os aconselhe, não porão cera ou silicone a tapar os ouvidos, para que não percam a tramontana. 
Ninguém será fielmente amarrado a qualquer mastro (poderia ser do ARMAS, não?) a fim de não sucumbir a tal encanto.
Os figurantes, na história pretensamente democrática da Madeira, são exactamente os mesmos. Uns terão mais experiência política (ou politiqueira) outros, se agora afastados, em breve reocuparão espaços porque, “há sempre lugar para mais um”…
De cantilena em cantilena, chegamos ao IVA mais elevado de Portugal, ao custo de vida mais elevado de Portugal numa pequena região onde o desemprego é o maior, malgrado as obras faraónicas cimentadas no terreno regional sendo que muitas delas inúteis.
Mas também temos o canto do cisne.
Hoje sabemos que a metáfora não significa a morte do artista mas a expressão derradeira de um gesto, de um esforço final de um desempenho que, à partida, poderá correr mal.
Saramago, sabiamente, deixou escrito que “o trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.”
Por isso, num processo eleitoral, muito gostaria que os eleitores pensassem nos últimos anos, ouvissem os avisos de que a “austeridade é para manter”, não na contenção das despesas do governo mas nos bolsos dos contribuintes, analisassem porque não há trabalho para uns mas há emprego para outros, porque demora um exame médico, porque, porque, porque…
Quem levantou a voz a favor dos mais desfavorecidos ou quem denunciou compadrios que só beneficiaram alguns, terá com certeza menos votação porque não tem jackpots de euros para propaganda dominical, mas terá a consciência mais tranquila porque sempre defendeu e protegeu o mais desfavorecido. Na habitação, transportes ou coisas tão simples como ter água potável na sua residência.
Já é tempo de atingir a maturidade quarenta anos depois do direito sagrado de escolha através do voto. A cidadania é também arcar com a consciência e consequência de uma escolha. A bem da Região! 

Maria Teresa Góis 


quinta-feira, fevereiro 26, 2015

VATICANO - 86 ANOS do ESTADO FUNDADO POR ACORDO COM MUSSOLINI

A assinatura do “Tratado de Latrão”, em 11 de Fevereiro de 1929, com a presença de representantes do papa e o próprio Mussolini, legitimou o ditador fascista aos olhos do mundo católico, vindo a formar uma bizarra aliança entre um regime que exaltava a guerra e a violência com uma religião que pregava a paz e a tolerância. E do Duce, apesar de nunca se terem dado bem, disse Pio XI dez anos depois, apesar de tudo o que fez o ditador:
"Il più grande uomo da me conosciuto, e senz’altro tra i più profondamente buoni" (Foi o maior homem que conheci, e sem dúvida um entre os mais intrinsecamente bons).
"VATICANO - 86 ANOS do ESTADO FUNDADO POR ACORDO COM MUSSOLINI (Parte1 - amanhã, a conclusão)

A assinatura do “Tratado de Latrão”, em 11 de Fevereiro de 1929, com a presença de representantes do papa e o próprio Mussolini, legitimou o ditador fascista aos olhos do mundo católico, vindo a formar uma bizarra aliança entre um regime que exaltava a guerra e a violência com uma religião que pregava a paz e a tolerância. E do Duce, apesar de nunca se terem dado bem, disse Pio XI dez anos depois, apesar de tudo o que fez o ditador:
"Il più grande uomo da me conosciuto, e senz’altro tra i più profondamente buoni" (Foi o maior homem que conheci, e sem dúvida um entre os mais intrinsecamente bons).

Em Setembro de 1870, quando as tropas de Vittorio Emanuelle II, proclamado rei da recém-unificada Itália, subjugaram e anexaram a cidade de Roma, o papa Pio IX enclausurou-se nos muros do Vaticano. A essa altura, o “Risorgimento” italiano já havia tomado a maioria dos estados papais, e o pontífice, para não se submeter à nova ordem política, rompeu relações com a monarquia e declarou-se um prisioneiro do poder laico.
Este mal-estar permanente entre o estado e a Igreja aparentemente chegou ao fim em Fevereiro de 1929, faz hoje 86 anos, quando Pio XI e Benito Mussolini, "Il Duce", assinaram o “Tratado e a Concordata de Latrão”, que determinou a criação do estado soberano do Vaticano, sendo o catolicismo reconhecido como religião oficial da Itália e ainda tendo garantido à Santa Sé uma choruda compensação financeira pelas anexações dos rincões papais.
Tendo a garantia da indemnização da administração italiana à vista, no montante de 750 milhões de liras, e de um bilião de liras em títulos do governo, o chefe da Igreja Católica começou a estruturar toda uma pesada aparelhagem estatal – boa parte dela, ao seu serviço imediato.
Para além de um diário oficial, o “L’Osservatore Romano”, Pio XI planeou estruturar num futuro próximo uma rádio oficial para difundir o catolicismo e, evidentemente, a palavra papal. O maior candidato para a empreitada era Guglielmo Marconi.
Estava em circulação a moeda corrente do Vaticano, a “lira vaticana”, com a efígie do sumo pontífice, também aceite em Itália e com valor igual ao da lira italiana. O serviço postal foi inaugurado ainda em Fevereiro e tanto o Corpo da "Gendarmarie" Pontifícia como o Corpo da Guarda do Papa, com as suas coloridas fardas desenhadas no séc.XVI por Michelangelo, ganharam ainda mais liberdade dentro do novo Estado para assegurar a protecção do recém chefe de estado Pio XI.

- um texto de opinião de Jorge P. Guedes, 11 Fev. 2015 (Por opção, não escrevo segundo o mais recente A. O.)" Em Setembro de 1870, quando as tropas de Vittorio Emanuelle II, proclamado rei da recém-unificada Itália, subjugaram e anexaram a cidade de Roma, o papa Pio IX enclausurou-se nos muros do Vaticano. A essa altura, o “Risorgimento” italiano já havia tomado a maioria dos estados papais, e o pontífice, para não se submeter à nova ordem política, rompeu relações com a monarquia e declarou-se um prisioneiro do poder laico.
Este mal-estar permanente entre o estado e a Igreja aparentemente chegou ao fim em Fevereiro de 1929, faz hoje 86 anos, quando Pio XI e Benito Mussolini, "Il Duce", assinaram o “Tratado e a Concordata de Latrão”, que determinou a criação do estado soberano do Vaticano, sendo o catolicismo reconhecido como religião oficial da Itália e ainda tendo garantido à Santa Sé uma choruda compensação financeira pelas anexações dos rincões papais.
Tendo a garantia da indemnização da administração italiana à vista, no montante de 750 milhões de liras, e de um bilião de liras em títulos do governo, o chefe da Igreja Católica começou a estruturar toda uma pesada aparelhagem estatal – boa parte dela, ao seu serviço imediato.
Para além de um diário oficial, o “L’Osservatore Romano”, Pio XI planeou estruturar num futuro próximo uma rádio oficial para difundir o catolicismo e, evidentemente, a palavra papal. O maior candidato para a empreitada era Guglielmo Marconi.
Estava em circulação a moeda corrente do Vaticano, a “lira vaticana”, com a efígie do sumo pontífice, também aceite em Itália e com valor igual ao da lira italiana. O serviço postal foi inaugurado ainda em Fevereiro e tanto o Corpo da "Gendarmarie" Pontifícia como o Corpo da Guarda do Papa, com as suas coloridas fardas desenhadas no séc.XVI por Michelangelo, ganharam ainda mais liberdade dentro do novo Estado para assegurar a protecção do recém chefe de estado Pio XI.


"VATICANO - 86 ANOS DO ESTADO FUNDADO POR ACORDO COM MUSSOLINI (conclusão)
 
4 meses depois, em Junho, foi promulgada a “Lei Fundamental do Estado do Vaticano” que dava ao papa a plenitude dos poderes legislativo, executivo e judicial no enclave de 0,44 km2 a norte de Roma e em mais doze edifícios espalhados pela cidade, incluindo o Palácio de Castelgandolfo.
Os bens da Santa Sé, a sua administração, a biblioteca, o arquivo, a livraria e a tipografia também ficaram directamente subordinados à vontade do pontífice. Tal lei criou a figura do governador, que podia criar regras para a ordem pública na cidade-estado, com a anuência do Conselho. Porém, a sua escolha era da competência exclusiva do papa e podia ser revogada por ele a qualquer momento de forma sumária.
Qualquer semelhança com os plenos poderes de Mussolini não é mera coincidência – ao menos para os cartunistas locais, que não se cansavam de desenhar caricaturas retratando Pio XI com a camisa negra do fascismo e o Duce com a tiara papal na sua careca.

Os dois poderosos homens, aliás, trocaram algumas farpas durante o ano – Mussolini dizendo à Câmara dos Deputados que "a Igreja é soberana apenas no Reino da Itália, e não no Estado italiano", com a resposta de Pio XI lamentando as declarações hereges do fascista.
Nos recentes anos, os conflitos entre o poder papal e o estado parece terem-se agudizado de novo.
No início de 2009, Bento XVI decidiu não incorporar de forma automática as leis civis e criminais no direito do Vaticano e, entretanto, outras disposições legais em matérias como o divórcio, as uniões de facto, o casamento entre homossexuais ou a eutanásia são fortemente contestadas e não aceites pelo Vaticano.
Haverá brevemente novos Tratados?
E a sociedade civil italiana estará disposta a manter os enormes privilégios concedidos ao papa e ao Estado de que ele é chefe supremo e vitalício?
Será que aos olhos das novas gerações se justifica este Estado dentro do Estado apenas porque a Igreja católica se reclama de direitos divinos na Terra e difusora "oficial" dos ideais cristãos?

Os tempos mudam e a época é de profundas alterações em muitos conceitos tomados como verdades absolutas e incontornáveis. O papa Francisco, ao que parece, veio trazer uma lufada de ar fresco à Igreja de Roma mas a sua empreitada é sem dúvida pesada e mexe com vários poderes instituídos e cimentados ao longo de séculos de conluio do Vaticano com o poder económico e político e algumas poderosas organizações marginais. Não será por acaso que Francisco pede sempre aos fiéis que rezem por ele.

- imagem : postal ilustrado comemorativo com o rei Vittorio Emanuele III°, o papa PIO XI e Benito Mussolini  (Pax Laetitia – A paz de Leticía - foi o nome dado ao Tratado, sendo que Laetitia era uma deusa menor  romana da Alegria e da Felicidade). Esta “trindade” celebra a nova união entre o poder temporal e o espiritual. Contudo, a “paz de Letícia” ajudou a legitimar o regime policial fascista italiano que em 1929 já espalhara o terror através dos tribunais militares, de assassínios políticos e de raides da “milizia volontaria per la sicurezza nazionale”, os vulgarmente chamados “camicie nere”.

- texto : Jorge P. Guedes, 11/12 Fev 2015 (Por opção, não escrevo segundo o mais recente A. O.)"
4 meses depois, em Junho, foi promulgada a “Lei Fundamental do Estado do Vaticano” que dava ao papa a plenitude dos poderes legislativo, executivo e judicial no enclave de 0,44 km2 a norte de Roma e em mais doze edifícios espalhados pela cidade, incluindo o Palácio de Castelgandolfo.
Os bens da Santa Sé, a sua administração, a biblioteca, o arquivo, a livraria e a tipografia também ficaram directamente subordinados à vontade do pontífice. Tal lei criou a figura do governador, que podia criar regras para a ordem pública na cidade-estado, com a anuência do Conselho. Porém, a sua escolha era da competência exclusiva do papa e podia ser revogada por ele a qualquer momento de forma sumária.
Qualquer semelhança com os plenos poderes de Mussolini não é mera coincidência – ao menos para os cartunistas locais, que não se cansavam de desenhar caricaturas retratando Pio XI com a camisa negra do fascismo e o Duce com a tiara papal na sua careca.
Os dois poderosos homens, aliás, trocaram algumas farpas durante o ano – Mussolini dizendo à Câmara dos Deputados que "a Igreja é soberana apenas no Reino da Itália, e não no Estado italiano", com a resposta de Pio XI lamentando as declarações hereges do fascista.
Nos recentes anos, os conflitos entre o poder papal e o estado parece terem-se agudizado de novo.
No início de 2009, Bento XVI decidiu não incorporar de forma automática as leis civis e criminais no direito do Vaticano e, entretanto, outras disposições legais em matérias como o divórcio, as uniões de facto, o casamento entre homossexuais ou a eutanásia são fortemente contestadas e não aceites pelo Vaticano.
Haverá brevemente novos Tratados?
E a sociedade civil italiana estará disposta a manter os enormes privilégios concedidos ao papa e ao Estado de que ele é chefe supremo e vitalício?
Será que aos olhos das novas gerações se justifica este Estado dentro do Estado apenas porque a Igreja católica se reclama de direitos divinos na Terra e difusora "oficial" dos ideais cristãos?
Os tempos mudam e a época é de profundas alterações em muitos conceitos tomados como verdades absolutas e incontornáveis. O papa Francisco, ao que parece, veio trazer uma lufada de ar fresco à Igreja de Roma mas a sua empreitada é sem dúvida pesada e mexe com vários poderes instituídos e cimentados ao longo de séculos de conluio do Vaticano com o poder económico e político e algumas poderosas organizações marginais. Não será por acaso que Francisco pede sempre aos fiéis que rezem por ele.
- imagem : postal ilustrado comemorativo com o rei Vittorio Emanuele III°, o papa PIO XI e Benito Mussolini (Pax Laetitia – A paz de Leticía - foi o nome dado ao Tratado, sendo que Laetitia era uma deusa menor romana da Alegria e da Felicidade). Esta “trindade” celebra a nova união entre o poder temporal e o espiritual. Contudo, a “paz de Letícia” ajudou a legitimar o regime policial fascista italiano que em 1929 já espalhara o terror através dos tribunais militares, de assassínios políticos e de raides da “milizia volontaria per la sicurezza nazionale”, os vulgarmente chamados “camicie nere”.

 - texto : Jorge P. Guedes, 11/12 Fev 2015 (Por opção, não escrevo segundo o mais recente A. O.)