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terça-feira, maio 31, 2011

como eu vejo a ilha

no meu jardim

Havia um pajem loiro

Havia um pajem loiro, desse loiro luz ridente,
que de vivo nos dizia o que era amor de cravo.
Despia-se insinuante sem despir nada de si
e tão perturbável era seu luar de inteiro encanto,
quadrado como ele tinha a voz minguada doçura
que chegava a ser decente seu local corpo de infante
escapulido na rua.

Nem o tocava nem via, nem tolhia o seu ar,
no desejo de o tocar como sendo água fria
onde o pé entra ligeiro e logo entrado é certeiro
que tudo há-de molhar.

Ó dolente melodia noutra louca cidadela,
quem me dera cinderela, corça silente e tardia
debruçada na janela da minha alma vazia.

Ó mais dura solidão de estar por ti rodeado,
como cavalo poltrão que não respeita terrado
e ameaça romper o cordão, o emblema,
tudo aquilo que é sagrado, por minutos de ilusão
em minha crina morena.

António Botto

domingo, maio 29, 2011

Vamos a votos


 
" Um dos piores sintomas de desorganização social, que num povo livre se pode manifestar, é a indiferença da parte dos governados para o que diz respeito aos homens e às cousas do governo, porque, num povo livre, esses homens e essas cousas são os símbolos da actividade, das energias, da vida social, são os depositários da vontade e da soberania nacional. "
ANTERO DE QUENTAL in: "Prosas da época de Coimbra"
             
O art.º 48-ponto 2 da nossa Constituição de Abril de 1976 diz"O sufrágio (direito a voto) é universal, igual e secreto e reconhecido a todos os cidadãos maiores de 18 anos e o seu exercício é pessoal e constitui um dever cívico."
Tendem os Portugueses a votar cada vez menos sendo a voz da abstenção a que mais se faz ouvir.
Pessoalmente, divido a culpa entre os cidadãos, os políticos e o próprio Estado que acabam criando nas suas tricas e enganos o distanciamento e alheamento de um eleitor já cansado. Sinónimo que algo vai mal no sistema democrático, adoecido pelos factores da cunha, compadrio e corrupção, incúria e, tantas vezes, imbecilidade.
De quatro em quatro anos reaparecem em todas as freguesias, carregados de bandeiras e lixo propagandista os arautos da salvação da Pátria. Nem sequer pensaram em analisar o que vai mal por esses sítios, tentar colmatar ao menos alguma necessidade e arrancam logo para as promessas e profecias sem esquecer os avisos, as oposições, bichos-papões da catástrofe, da precariedade de vida, se o partido que apregoam não ganhar!
Esqueceram já a cruzada pela moralidade prometida nos anos anteriores, esqueceram os escândalos, os casos ilícitos e, convenhamos, nenhuma democracia pode florescer e ser credível com tais exemplos.
Sou contra o voto branco (susceptível de algum traço póstumo) e sou contra o voto obrigatório que colide com o direito de liberdade do cidadão, se nenhuma das opções apresentadas, o satisfaz. Assim, não votar é também um direito de exercer a liberdade pois, por norma, tudo o que se torna obrigatório tende a criar um sentimento de rejeição.
Há 35 anos que exerço o meu voto na mesma freguesia e fere-me a Inteligência que haja sempre, há três décadas, as mesmas pessoas a votar acompanhadas. Algumas já partiram mas outras há, na casa dos 60 ou 80 anos, continuam exercendo um direito que não individual nem secreto e que prova que o trabalho feito pelos seus partidos também tem sido despiciente e envergonhado.
A atitude de inércia ou apatia dos que têm responsabilidade pública serão condenados pelo castigo da História. Ainda é tempo de não apagar a pequena chama da Esperança. É tempo de ir votar, livre  conscientemente.

publicado DN, Madeira, hoje

a viagem

sábado, maio 28, 2011

não incomodar, FMI a trabalhar

(ah, abençoado Povo Português....)

lº cheque do FMI já chegou....

"o efeito pentelho" - José Pina

Arqueologia espacial Imagens de satélite permitiram encontrar pirâmides no Egipto

A arqueologia espacial “substituiu” Indiana Jones. Imagens de satélite sobre o Egipto permitiram descobrir 17 pirâmides que estavam desaparecidas e três mil infra-estruturas escondidas debaixo do solo, num trabalho pioneiro de arqueologia espacial de um laboratório em Alabama, apoiado pela NASA.
"Indiana Jones é o método antigo. Ultrapassámos Indy, desculpa Harrison Ford”, disse à BBC Sarah Parcak, do laboratório de Birmingham, Alabama, especializada em arqueologia espacial.

A equipa de Parcak analisou as imagens obtidas por satélites a 700 quilómetros da Terra, equipados com câmaras de infra-vermelhos capazes de detectar objectos com menos de um metro de diâmetro na superfície terrestre. “Escavar uma pirâmide é o sonho de qualquer arqueólogo”, comentou Parcak, dizendo-se surpreendida com o que ela e a sua equipa encontraram.

“Trabalhámos intensamente durante mais de um ano. Mas o momento alto foi quando pude, finalmente, ver o conjunto de tudo o que encontrámos. Nem queria acreditar que localizámos tantos sítios em todo o Egipto”.
Depois de localizar os locais, a equipa começou as escavações. Já está confirmada a descoberta de duas pirâmides na região de Saqqara. 
Segundo a BBC, as autoridades egípcias pretendem utilizar esta tecnologia para ajudar a proteger o seu património. Parcak acredita que este método pode encorajar os jovens cientistas e ajudar os arqueólogos em todo o mundo. “Permite-nos ser mais rigorosos no trabalho que fazemos. Perante um sítio enorme, muitas vezes não sabemos por onde começar”.
in PUBLICO

sexta-feira, maio 27, 2011

como eu vejo a ilha

1ª Lombada, Ponta Delgada, Madeira

Peixe panqueca entre as dez espécies mais singulares descobertas em 2010

Um peixe cuja forma faz lembrar uma panqueca, cogumelos bioluminescentes, uma aranha que tece das maiores teias do mundo e um lagarto que pode medir dois metros estão na lista das dez espécies descritas para a Ciência em 2010, nomeada por um comité de peritos internacionais.
Esta espécie de peixe Halieutichthys intermedius foi descoberta pouco tempo antes da maré negra do Golfo do México, em 2010, e “toda a sua área de distribuição se limita à região afectada pela maré negra”, explica o Instituto Internacional para a Exploração das Espécies, da Universidade do Arizona. Todos os anos, este instituto divulga a lista das dez espécies mais singulares ou que representem a diversidade biológica que foram descritas no ano transacto.

A aranha Caerostris darwini, que também faz parte da lista, vive em Madagáscar e constrói das maiores teias conhecidas até agora. Uma delas media mais de 30 metros.

Os 14 especialistas seleccionaram ainda o lagarto Varanus bitatawa, encontrado nas florestas das Filipinas. Esta espécie “pode medir mais de dois metros e pesar dez quilos”, salienta a universidade. “É impressionante pensar que um animal deste tamanho tenha passado desapercebido aos biólogos que estudaram aquela área, possivelmente porque passa a maior parte do tempo nas árvores”, acrescenta.

Fazem ainda parte da lista os cogumelos bioluminescentes Mycena luxaeterna (Brasil), as bactérias Halomonas titanicae (sem informação sobre a localização), o grilo polinizador Glomeremus orchidophilus (Ilha Reunião, no Oceano Índico), o mamífero Philantomba walteri (Benim), a sanguessuga Tyrannobdella rex (Peru), o cogumelo aquático Psathyrella aquática (Estados Unidos) e a barata Saltoblattella montistabularis (África do Sul).

quinta-feira, maio 26, 2011

foto do dia

in:WEHAVEKAOSINTHEGARDEN

"Coisas no sítio"

Por:ANDRÉ ESCÓRCIO
A brejeirice chegou à campanha do PSD-M. O candidato primeiro trouxe para o discurso, ali para os lados da Ponta do Sol, histórias de homossexuais, heterossexuais, mudanças de sexo e por aí fora, ao ponto de ter falado de quem tem testículos e de quem não os tem. Arengou em cima do palco qualquer coisa à volta de homens que passam a ser mulheres sem "as coisas lá no sítio" e de mulheres que podem ser homens mesmo "continuando com as coisas lá no sítio". E os apaniguados aplaudiram o espectáculo degradante ao som do “paz, pão, povo e liberdade”… para alguns. Enfim, que grande contributo para resolver os problemas da Madeira! Que grande projecto político de mudança! Os problemas dramáticos resultantes de 13,9% de desemprego, de seis mil milhões de dívidas, dos empresários aflitos, a preocupante pobreza, a privatização da saúde e da educação, esses não contam, importante é manter o circo e a palhaçada entre um naco de carne e um copo.
Escutei aquele comicieiro arroto político e comentei: mas afinal, política e metaforicamente, claro, quem os não tem no sítio? Então o homem que assim prega, que pede à Assembleia para não levantar a imunidade parlamentar para que o Tribunal possa fazer justiça, pode falar de "coisas lá no sítio"? E quando foge a todos os debates na Assembleia, tê-los-á "no sítio"? E quando não aceita debates na televisão, frente aos seus opositores, demonstra que os tem? Quando, aqui, fala de pulmão cheio, e lá, pia fininho e com salamaleques, demonstra “coisas no sítio”?
Oh, Povo, acordai!
NOTA:
Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.

Os Marretas regressam ao cinema em grande estilo


Ainda não há data marcada para a estreia do filme em Portugal. Nos EUA o filme dos Marretas chega no Outono e já existe trailer oficial para aguçar a curiosidade dos fãs. Realizado por James Bobin e com um elenco de luxo que inclui Amy Adams, Jason Segel, Emily Blunt e Ricky Gervais. Claro que não vão faltar as presenças do Sapo Cocas, da Miss Piggy e companhia.

Sinopse:
A história de um casal de humanos e de uma marionete chamada Walter que se unem aos Muppets para salvar um antigo estúdio de TV. Para fazer isso, eles vão produzir o programa mais assistido de todos os tempos com os talentos do Sapo Cocas, Miss Piggy e os seus amigos.

segunda-feira, maio 23, 2011

contra os ditadores- Eleições na Madeira

Violada

 
Possuíram-te nas ervas,
Deitada ao comprido
Ou lívida a pé:
Do estupro conservas
O sangue e o gemido
Na morte da fé.

Chegaste a cavalo
Trémula de espanto:
Esperavas levá-lo
Com modos de amor:
O fátum, num canto,
Violento ceifou-te
O púbis em flor:
Dou-te
O acalanto
Mas não há palavras
Para tal horror!

Vem ainda em cós, mulher,
Limpa as tuas lágrimas no meu lenço:
Nem pela dor sequer
Eu te pertenço.

O cavalo fugiu,
Deixou-te em fogo a fralda:
Que malfeliz Roldão
Para tal Alda!
Ao frio, ao frio,
Tinta de ti é a água e sangue o chão.

Ponta Delgada a arder
Do próprio pejo, quis
Em verde converter
O incêndio do teu púbis.

Mulher, não me dês guerra,
Oh trágica enganada:
Tu és a minha terra
Na carne devastada
Como a Ilha queimada.

Vitorino Nemésio

domingo, maio 22, 2011

Cinzas de vulcão islandês podem chegar ao Reino Unidos, França e Espanha

in: PUBLICO
As cinzas do vulcão Grimsvotn, que entrou em erupção sábado, na Islândia, poderão atingir o Reino Unido, França e Espanha ao longo desta semana, segundo um previsão porém com um substancial grau de incerteza. A erupção já obrigou ao encerramento dos aeroportos na Islândia.
As previsões feitas neste domingo para as 24 horas seguintes sugerem que a nuvem expelida pelo vulcão continuará a dirigir-se para Norte, sem impacto sobre a Europa. Mas a chegada de um centro de baixa pressão pode alterar a situação, empurrando as cinzas primeiro para a Escócia, na terça-feira, e para outras partes do Reino Unido, França e Espanha na quinta e sexta-feira.
Este cenário leva em conta que o vulcão mantenha a mesma actividade nos próximos dias, mas há uma certa dose de incerteza nesta antecipação. Ainda assim, segundo a agência Reuters, as companhias aéreas europeias terão sido informadas de que poderá eventualmente haver alguma interferência no espaço aéreo.
O espaço aéreo islandês já foi encerrado por causa da erupção do Grimsvotn, o vulcão mais activo do país, situado a cerca de 50 quilómetros daquele que, no ano passado, fez parar durante vários dias o tráfego aéreo europeu.
As cinzas vulcânicas elevaram-se a cerca de 20 quilómetros mas, numa primeira apreciação, o instituto meteorológico islandês considerou que esta erupção não deveria, desta feita, causar transtornos generalizados.
No ano passado, as cinzas vulcânicas do vulcão Eyjafjallajokul obrigaram ao encerramento de praticamente todo o espaço aéreo europeu, provocando o caos nos aeroportos.
Hjordis Gudmundsdottir, uma porta-voz das autoridades nacionais de aviação civil - que impuseram uma proibição de voos num raio de cerca de 200 quilómetros em redor do vulcão - disse: “Fechámos a área até que percebamos melhor que efeito terão as cinzas vulcânicas”.
Mas os responsáveis islandeses parecem concordar que este episódio não deverá causar os mesmos transtornos do ano passado, que originou o mais generalizado fecho do espaço aéreo europeu desde a II Guerra Mundial, estimando-se que tenha afectado cerca de 10 milhões de pessoas.
Pall Einarsson, um geofísico da Universidade de Islândia, disse à BBC que a erupção de 2010 foi um evento raro: “As cinzas do Eyjafjallajokull foram persistentes e eram finas”, disse. “As cinzas do Grimsvotn são mais grossas e não são tão perigosas, uma vez que caem ao chão mais rapidamente e não ficam tanto tempo suspensas no ar como aconteceu durante a erupção do Eyjafjallajokull”.
O vulcão Grimsvotn fica debaixo do maior glaciar da Europa, o Vatnajokull, no sudeste do país.
A Reuters indica que da última vez que este vulcão entrou em erupção, em 2004, os voos transatlânticos tiveram que ser redireccionados para o sul da Islândia mas que nenhum aeroporto foi fechado nessa altura.

Notícia actualizada às 17h05

travel in time / Christophe Colomb

by:AKAMA


TRAVEL IN TIME / Christophe Colomb from AKAMA on Vimeo.

sábado, maio 21, 2011

Infância


e jogava o pião com Deus
enquanto minha mãe estendia roupa
e o meu pai mendigava o pão

e minha alegria nesse tempo
era muito próxima da dos meninos
e de Deus que ganhava sempre

e não sei quem perdi primeiro:
o pião ou Deus
apenas sei que Deus continua
a jogar com outros meninos

e que no Outono quando saio à praça
nos sentamos e falamos muito
do suave rodopiar das folhas


Daniel Faria

sexta-feira, maio 20, 2011

está encontrada a defesa do chefe do FMI

escorregou no sabonete.....

declaração


os pássaros nascem nas pontas das árvores....


Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
O pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
Quando o Outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração


Ruy Belo

quinta-feira, maio 19, 2011

aviso às Portuguesas e Portugueses

Nota da Redacção - com a bênção Papal, esperemos

Humor na política

A crise bate forte e os políticos vêem-se forçados a poupar nas férias, trocando o hotel ou o aldeamento turístico pelo parque de campismo.
As situações multiplicam-se: enquanto Louçã e Bernardino Soares fazem um churrasco com Manuel Pinho, a ministra da saúde vacina Mário Lino,
e Oliveira e Costa espreita para fora das grades da sua roulotte.
É o cartoon de António Martins , que já é um clássico !



descubram o Manuel Alegre
rec.por email
cliquem na imagem para aumentar 

férias perfeitas cá, como na Suiça

quarta-feira, maio 18, 2011

Princesa do Antigo Egipto sofria de doença coronária

 

Ahmose-Meryet-Amon, que viveu há mais de 3500 anos, é a doente com problemas coronários mais antiga que se conhece.
Viveu em Tebas, entre os anos de 1580 e 1530 a.C. e, apesar da dieta saudável que a sua classe social permitia e de uma vida presumivelmente sem stresses no palácio, a princesa egípcia Ahmose-Meryet-Amon sofria de aterosclerose. A descoberta foi feita graças a um estudo da sua múmia por tomografia computorizada e mostra que este tipo de doenças já existiam, mesmo sem o estilo de vida moderno. (fonte DN, Lisboa)

A Casa de Deus


I

Longos degraus tem a primavera
E uma mulher que desce dos outeiros

Traz no seu colo um ramo dessa casa
Festiva onde vem desaguar
O rio sagrado deste vento

No soalho o silêncio derramado
Ou o sangue das palavras que caíram
Sob a face de uma voz que não gritou

No altar as mulheres bordam incenso
Celebram as canções com que embalaram
Os filhos O Deus A vida inteira

II

Casa de Deus

Os homens trazem na cintura velhas ânforas
Querem enchê-las de luz e de silêncio
Só há água nessa casa os homens partem
Não virão senão quando for noite

III

Mão sozinha que espera paciente
Como um berço convida a navegar

Um menino que tem velas mais vento
Virá um dia saber como é o mar

IV

Ouvem-se os cavalos já é noite
Os homens vêm vindimar
Os cabelos longos das mulheres
Que vieram orar pela manhã

Corre! - escrevem nas paredes
Os meninos

Corre!

Escrevem em segredo como quem
Rouba flores p'ra levar às mãos de Deus

V

Eis aberto espaço aberto
A sílaba interior de um nome imberbe

Casa de Deus
A casa das crianças que cresceram
Ou a casa das crianças para sempre

Longos degraus tem a primavera
E uma casa
A de Deus no cimo dos outeiros

DANIEL FARIA (sob o pseudónimo Sérgio de Sempre)

terça-feira, maio 17, 2011

foto do dia

O polvo jardinista e a cobardia do PSD

por: DANIEL OLIVEIRA - Expresso
"Acabado de chegar da Madeira, depois de participar num debate sobre a liberdade de imprensa na região, trago, como sempre acontece quando lá vou, um conjunto de histórias extraordinárias. Histórias que o resto do País vai ignorando, enquanto sorri com as palermices do senhor Jardim.
Antes de mais, a história do "Jornal da Madeira". Um pasquim detido numa ínfima parte pela diocese do Funchal mas que é, na realidade, propriedade do Governo Regional da Madeira. Apesar de ninguém querer ler aquilo, já custou quase cinquenta milhões aos contribuintes. Tem o preço de capa de dez cêntimos mas é, na realidade, distribuído gratuitamente por toda a Madeira. Dizer que é um jornal de propaganda ao regime jardinista seria injusto para aquela coisa. Um recente relatório da ERC fez o levantamento de 15 edições. A esmagadora maioria das notícias era elogiosa para o presidente, secretários regionais e presidentes de câmara (todos do PSD). Uma pequena parte era neutra. Em nenhuma notícia (de centenas) havia uma qualquer informação que lhes fosse negativa. Todos os colunistas são da área do partido do poder, começando pela coluna diária "escrita" por Alberto João. A promoção do jornal é clara: "se quer conflitos inúteis, leia os outros". Ali não há conflitos, úteis ou inúteis. Todos falam a voz do dono.
Já não se critica o facto do governo regional pagar um órgão de propaganda descarada, onde nem sequer se simula o pluralismo. Já nem se critica que um jornal pago pelos contribuintes seja mero porta-voz de um partido político. Aliás, num relatório recente da Assembleia Legislativa da Madeira, o papel de divulgar o ponto de vista do governo é assumido, considerando-se que os problemas da liberdade de imprensa na região resultam da existências dos outros órgãos de comunicação social que, veja-se o desplante, também dão voz à oposição. O que se critica, veja-se ao ponto mínimo que se teve de chegar na exigência democrática, é que o Estado pague para ele ser distribuído gratuitamente enquanto os restantes, para sobreviver - apesar de terem muito mais leitores - têm de ser vendidos. O que se critica já é apenas a concorrência desleal promovida com o único objetivo de levar à falência a imprensa regional independente. Com especial atenção para o "Diário de Notícias" do Funchal, que, tendo muito mais leitores, não desiste de fazer jornalismo e de ser pago por isso.
Já veio uma decisão da ERC. Já veio uma decisão da Autoridade para a Concorrência. Aquilo tem de acabar. Mas, já se sabe, as leis da República não atravessam o Atlântico. Alberto João Jardim não cumpre a decisão. Porque não quer. E quando Alberto João Jardim não quer não se fala mais nisso. Se, quando foi à Madeira, o Presidente da República teve de se encontrar com os partidos da oposição clandestinamente, num hotel, já que foi proibido de ir à Assembleia Legislativa, como pode alguém acreditar que alguma vez alguém obrigará o senhor Jardim a acatar a Constituição? Se todos se vergam ao ditador, como podemos esperar que a lei chegue à Região Autónoma?
Os relatos sobre os atropelos à liberdade de imprensa e de expressão estão longe de acabar aqui. Jornalistas expulsos, com recurso à força, de conferências de imprensa, agressões, ameaças, insultos, tudo é banal no regime de Jardim. O presidente diz o que quer, nos termos que quer. Ameaça publicamente os seus opositores. Insulta. Recorre à calúnia. Está protegido pela imunidade, que ele confunde com impunidade. Mas se alguém lhe responde o processo é mais do que certo. Alberto João Jardim é recordista nacional de processos contra jornalistas, colunistas e políticos por abuso de liberdade de imprensa. Processos onde o governo regional envolve recursos públicos. Se os opositores também têm, como ele, imunidade, a coisa resolve-se sem problemas: o parlamento regional, onde o PSD domina, retira-lhes a imunidade. Ou seja, Jardim diz o que quer sem nunca ter de responder perante a lei. Essa, aplica-se a quem lhe responda. E os tribunais vão colaborando com a cobardia, condenando dezenas de pessoas por responderem ao inimputável Jardim.
Poderia falar do resto, para além da liberdade de imprensa. Da inexistência do regime de incompatibilidades (que vigora no resto do País) para os titulares de cargos públicos, que permite, como é aliás comum acontecer, que os beneficiários de uma medida participem na decisão que os envolve. Ainda recentemente um importante político do PSD foi brindado com a concessão, por mais de trinta anos, do Casino de Porto Santo. Jaime Ramos, um dos principais homens do jardinismo, é dono de meia Madeira. Se em todo o País se pode falar de promiscuidade entre política e economia, entre interesse público e interesses privados, seria absurdo falar nestes termos daMadeira. Ali, não há sequer qualquer tipo de distinção entre PSD, Estado e empresas. São uma e a mesma coisa. E o polvo jardinista está em todo o lado, manda em tudo e não se lhe pode fugir. Quem tem a coragem de se lhe opor ou tem rendimentos próprios que não dependam de negócios locais ou é bom preparar-se para a penúria e para o desemprego.
Visto tudo isto, e tanto mais que havia para contar, não deixa de ser curioso ver o PSD encher a boca com concorrência, menos Estado e liberdade de iniciativa no continente enquanto na Madeira institui um regime autoritário, onde o Estado está em tudo menos naquilo em que é necessário. Pedro Passos Coelho, os que o antecederam e os que lhe sucederão bem podem pregar sobre as suas convicções liberais. Onde o PSD está no poder há 35 anos não há nem social-democracia, nem liberalismo democrático. Há um regime que não respeita a liberdade, há um Estado clientelar, há a utilização dos recursos públicos para pôr a economia ao serviço do cacique local e dos seus amigos. Enquanto o PSD não afastar este homem das suas fileiras não tem qualquer credibilidade para criticar o que, de forma tão tímida quando comparada com o comportamento do senhor Jardim, se faz no continente. Não gostam os senhores do PSD de falar da sua coragem para tomar decisões difíceis? Provem-no. Comecem na sua sua própria casa.
Ainda não tinha aterrado em Lisboa e já tinha mais um processo de Alberto João Jardim. E vão quatro. Uma gota nas centenas de processos por difamação, atentado ao bom nome ou abuso de liberdade de imprensa com que Alberto João Jardim inunda o tribunal do Funchal. Um automatismo que é fácil para Jardim: não põe os pés no tribunal (um privilégio que os juízes lhe garantem sempre ) e quem paga o advogado e as custas são os contribuintes."

Natureza, maravilhosa

Red-Breasted Robins - From Eggs to Empty Nest from BenSeese on Vimeo.

sábado, maio 14, 2011

eleições em Junho 2011

in:WeHaveKaosInTheGarden

eleições em Junho 2011

(Bolas, alimentar um a bolo rei já custa imenso e mais um a donuts?....)

Fairy tale wedding

é o que faz os casamentos em banda desenhada...

catalogo botânico da Primavera


Principia a estação, com o seu ruído
feito de sons de pássaros, que eu decifro.
Mais difícil sinal são as cores várias,
que despontam cada dia e eu vejo,
ano após ano, iguais e singulares.
Primeiro, um pouco além, o lírio roxo,
que me traz consigo a criança viva
que o colheu e, tal como a um barco,
o fez singrar, só, roxo, macerado,
na água que descia por um rego.
Um lírio com a mão que o cortara
já decepada e presa ao passado,
sem o seu corpo. Vejo as três pétalas
assim a confundir-se com os três dedos,
como se as nossas mãos por vezes vivessem
mais do que os passados corpos.
Depois, foi esta a manhã das camélias
brancas, cravadas com dureza em rostos,
que, ainda de olhos fechados, tocam
as corolas em busca do seu cheiro.
São camélias mortais, e ainda atraem
a face dos mortos, que algum dia
as bafejaram com o seu hálito próximo.
Manchas brancas de círculos informes,
cada círculo contendo outro círculo.
E, no centro de cada rosto, apenas,
em cada Primavera, duram os olhos.

Já caem as glicínias, de alto, sobre
o esplendor do crânio ou do cabelo.
São cachos também roxos, em manhãs
de assombro, por cada dia mais
trazer um diverso cacho pendente.
Misturam-se com a cabeleira antiga
estes cachos de glicínias de hoje.
Mas são absolutos, novos, singulares,
os momentos com a sua luz e cor,
os seus insectos e as suas sombras.
Alguém que os colhera os fez pender
entre cabelos fecundos, de orelhas,
adornos para os filhos da Terra.
Estão, depois dos lírios e das camélias,
para salvar, em cada dia novo,
o viço dos cabelos, mais eternos
do que aja sepultada carne. Carne
de alguém que tinha um nome seu e que
se oferecia, com deleite, ao Tempo.
Só pode ter sido a de parentes, dúbios
coabitantes do ser que relata
esta actual Primavera, com saudade.
A Primavera, que me surpreende
somente por estar a ser olhada.

Se aquela rosa rubra, na manhã
em que surgiu, logo fosse ignorada,
eu não estaria aqui neste papel,
dando-me inteira à nova Primavera.
Recebo-a, olho-a como um visitante,
aliás porque, na sua latada,
ela está perto do meu sólio. Rosa
de repente vista, primeira rosa
na natural frescura. E, também,
o vento lhe tocou, e já a abrem
aquelas mãos que haviam sabido
lançar barcos de pétalas aqui.
Junto da rosa só cabe esta boca,
pronta a beijar com amor as suas línguas
ou a beber a linfa que é da abelha.
Havia uma boca assim, sem a face,
a respirar ao ritmo dessa rosa,
que hoje nasceu fadada para ser
a sempre minha, única, igual.
A cor da rosa mostra-me o lugar
daquela boca, e eu quero sentir-me
aqui e ali. Pois vejo-te, rosa,
e vejo a outra, a que foi beijada.
Assim, não posso mais do que olhar.
Rosas terás em redor, solitária.

– Eis os melros, rasteiros, que insistem
em tornar-se evidentes, saltitando
sobre cômoros de terra. Mas hoje
perante o mistério das flores súbitas,
são como eu, embora não como eu,
com a negra plumagem que os cobre.
Sobre a laje do poço correm dois,
negros contendores no mesmo sprint,
músicos de assobio que eu bem entendo.

E, próximos da rosa, mas alheios,
estão a nascer os narcisos, de amarelas
frisadas campânulas e de sépalas
perto do solo, que se elevam
na luz de cor. Também uma figura
de mulher genuflectida as colhia,
e uma criança, oscilando no riso,
quer ter para si uma flor solar.
Junto aos eternos matizes das pedras,
a cor dos narcisos, nítida, clara,
evoca esses desejos saciados
em tempo ido: o da mulher, prendendo-os
no seu seio, e os da criança, seguindo
o movimento que pertence ao tempo.
Hoje, como hei-de separar os corpos
da haste e da corola dos narcisos,
pois a mancha amarela tem a forma
humana contida em si, curva, erecta.
Salva-me o vermelho vivo da rosa,
que atrai a cor intensa dos narcisos
para contraste, outra tensão,
que eu revivo, amando o beijo da rosa
e a prece ao sol destes narcisos.
Mas outra prece, hesitante, desponta
ao raso dos terrenos, dispersa, ágil.
Flores que vibram esguias e tácteis,
de um vermelho ardente, submissas
como pálpebras, ao cair da noite.
Abrem-se na aurora, comovidas
pela unção da luz, porque se chamam
páscoas. E são amadas, benditas.
Anunciam a passagem eterna
da luz sagrada entre noite e aurora.
A aragem devagar as sacode,
finas folhas e hastes a dançar,
em pleno dia de êxtase, no sono
das corolas exaustas pela noite.

Noutra manhã, eu vejo, deslumbrada,
a poalha da brancura florida
que envolve os troncos velhos da ameixoeira,
flores que o ar conhece e o vento leva,
há muito, para lugares e tempos.
Poalha em que não estão vultos humanos.
Apenas um nó de sombra, atrás
de cada flor, mostra a imagem de antes
ou a espessura de um fruto futuro.
São as flores do jardim que guardam o enigma,
pois cada espécie vista tem em si
um sinal visível de outra estação.
Flores solitárias que, uma a uma, vêm
ligar-se a fragmentos de vida antiga.

– Repetem-se os melros plo empedrado,
a debicar sempre nas pedras húmidas,
sob o fascínio do cálido dia.
Tão nítidos, tão certos, a presença deles
não cabe ao lado de uma flora rara,
a desta Primavera em narração.

Também os loureiros em flor, visíveis
ao longe como nuvens, são visões
completas, com a floração e as folhas
na mesma cor de sempre, indecifrável.
Alguém pega no ramo do loureiro,
num verso clássico, e o dá a toda
a humanidade, pois a memória
da poesia passa de poeta a poeta,
para o mundo. Se o meu relato é vivo
é porque olho c'os outros a Primavera,
e nesta Primavera eu vi melhor,
presa do assombro do que é novo e antigo.
Os meus olhos, o espírito e as mãos
pegam em cada imagem de uma flor,
em cada dia de visão e ganho.
Mas a perda, enfim, virá somar tudo
igual a si mesmo, uno, passado.
E, de repente, uma flor de palavras
muito branca chega até mim, e é
esta estação, nesse florir de goivos.
Uma carta traz-me inscrita as palavras
de Eugénio, goivos, e o seu eflúvio.
Esta transcreve-a ele de Pessanha,
diante de tão nítidos canteiros.
Grata, prendo-me a esses elos vivos
da corrente de vozes, que se oferecem
aos ouvintes, depois de recolherem
o real, o findo, o que foi amado.

Aqui, depois do loureiro, floriu
a acácia, também sem qualquer vulto
escondido no seu florir imenso.
São árvores solitárias, constantes
na pura relação com a luz solar.
E, talvez por fim, neste infinito,
uma inflorescência de gladíolo
rosada, erecta, se tenha aberto.
Vem de um único bolbo, soterrado,
está só, entre a verdura vária.
Junto de si viveram outras hastes
também de gladíolos, há muito tempo.
Braços levaram-nas juntas, consigo,
em braçadas de amor e de alegrias.
Os braços são as linhas de matizes,
unidas em redor da cor suavíssima
das flores de hoje, a florir aqui.
Cada manhã me põe diante dos olhos
nova forma de cor e luz e, às vezes,
figuras esbatidas de outra estação
igual, porém perdida já, inane.

– Melro audaz, que te aproximas mais
de mim, ou do que eu fui e agora sou,
não vejas que eu represento o Tempo.
A tua colheita de grãos e de larvas
seja o teu mais subtil pensamento!

E, afinal, entraste no meu espaço,
num intervalo entre o concreto e o abstracto.


FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO 
Carcavelos, Março 1997

quinta-feira, maio 12, 2011

Pequeno dicionário do português moderno

Aço - forma do verbo assar, mal escrito.
Ali Bi - interjeição que indica ter bisto alguma coisa ali. Exemplo: ali bi uma baca.
Bagba - gupo de pêlos que cgescem na caga dos homens bagbudos.
Bandalho - alho com mau aspecto.
Balsa - famosa dança de Biena.
Biscoito - encontro sexual repetido
Cambista - campista constipado
Cartel - quartel mal escrito
Compila - diz-se do macho de qualquer espécie animal
Dano - advérbio de tempo; exemplo: "eu só vou ao cinema dano a ano"
DDT - abreviatura de DêDêTê
Depenicar - comer um penico aos bocadinhos
Depilatório - instrumento de tortura utilizado antigamente para tirar a pila aos hereges
Desopilar - rir-se da pila de alguém
Escarro - Nos África, os mésmo qui esveículo automóvil
Esquilo - Nos África, é um esmúltiplo do esgrama
Famijerado - indivíduo famoso pelas suas mijas monumentais
Farto - ataque cardíaco, que se pode ter em casa (in-farto) ou na  rua (ex-farto)
Fava - sítio onde se vai, em opção à merda
Foice - forma do verbo ir
Fonte - quando geralmente bem informadas, podem fornecer notícias, depois desmentidas por fontes fidedignas
Fornicar - palavrão bíblico
Fulano - grande amigo do Beltrano
Galhardia - e os bombeiros não puderam fazer nada, agora já galhardeu tudo!
Garganta - parte do corpo humano que, quando apertada, confere um  tom arroxeado à pele
Genital - relativo ao gene e tal... enfim, coisas esquisitas...
Gengiva - arma mortífera, mais conhecida por gengiva nuclear
Glândula - há várias: a glândula salivar, a glândula sebácea e a Glândula Vila Molena, como dizia o outro
Happening - palavra inglesa que significa meeting
Hiena - primeira parte de uma interjeição muito vulgarizada na nossa língua, cuja expressão completa é "Hiena pá! Que
mamas!"
Higiénico - espécie de papel que perde o título depois de usado
Himen - o mesmo que "aguenta aí, homem!", mas em inglês
Hindu - primeira parte de uma canção infantil muito conhecida: "hindu eu, hindu eu, a caminho de Viseu..."
Hippie - o mesmo que ipi, mas mal escrito à brava.
Hitler - apelido de um tipo alemão, cujo nome próprio era Heil
Horripilante - ter uma pila que mete medo
Ilustre - candelabro muito distinto que existia na casa dos Ramires
Impasse - acontece, por vezes, nos transportes públicos, quando o passageiro afirma possuir o passe social, mas não sabe  
onde o meteu - é o chamado impasse social
Inculto - indivíduo que não sabe que o primeiro rei de Portugal foi  D. Sancho I
Instinto - tendência inata de alguns bebedores para nunca beberem branco
Interesseiro - é o atleta que chega logo a seguir ao segundo
Jangada - expressão usada pelas crianças pequeninas quando ouvem um ralhete: "a mamã está jangada comigo?"
Joaninha - insecto da família dos coccinelídeos, cujos pais, incompreensivelmente, foram todos para Lisboa
Judas - personagem bíblica cujo cu fica longe à brava
Liliputeana - prostituta muito pequenina
Limite - Mitterand parlait très bien le français e Mário Soares limite
Palermice (ler palermaice) - ratos palermas, em inglês
Palmada - é ponde se vai depois de atravessar a ponte sobre o Tejo, virando à direita, depois do desvio para a Costa da Caparica
Panasqueira - nome de uma mina de volfrâmio que, ainda hoje, faz rir os putos da escola
Parapeito - soutien
Piloso - senhole que tem um holível gosto pala se vestile
Querente - diz-se do indivíduo que aqueredita em Deus
Repetição - petição petição
Rococó - excrementos com muitos rodriguinhos e ornatos, mas completamente fora de moda
Seccionar - cortar o secço
Sena - acontessimento dramático paçado no sinema
Tíbia - forma do verbo ter (eu tíbia, tu tibéstea, ele têbea)
Tóxico - diminutivo do António Francisco
Ulular - maneira como as lulas falam
 desconheço autor

quarta-feira, maio 11, 2011

morreu?

A Culpa é....

 A culpa é do pólen dos pinheiros
 Dos juízes, padres e mineiros 
 Dos turistas que vagueiam nas ruas
 Das strippers que nunca se põem nuas 
Da encefalopatia espongiforme bovina
 Do Júlio de Matos do João e da Catarina 
A culpa é dos frangos que têm HN1
 E dos pobres que já não têm nenhum 
 A culpa é das prostitutas que não pagam impostos
 Que deviam ser pagos também pelos mortos 
A culpa é dos reformados e desempregados
 Cambada de malandros feios, excomungados 
 A culpa é dos que têm uma vida sã
 E da ociosa Eva que comeu a maçã 
 A culpa é do Eusébio que já não joga a bola
 E daqueles que não batem bem da tola 
 A culpa é dos putos da casa Pia
 Que mentem de noite e de dia 
  A culpa é dos traidores que emigram
 E dos patriotas que ficam e mendigam 
 A culpa é do Partido Social Democrata
 E de todos aqueles que usam gravata 
 A culpa é do BE do CDS e do PCP
 E dos que não querem o TGV
 
A culpa até pode ser do urso que hiberna
Mas não será nunca de quem governa. 
 
 
                                                  ( autor desconhecido )

PAULO NOZOLINO

COMUNICADO / DEVOLUÇÃO DO PRÉMIO AICA/MC

Recuso na sua totalidade o Prémio AICA/MC 2009 em repúdio pelo comportamento obsceno e de má fé que caracteriza a actuação do Estado português na efectiva atribuição do valor monetário do mesmo. O Estado, representado na figura do Ministério da Cultura (DGARTES), em vez de premiar um artista reconhecido por um júri idóneo pune-o! Ao abrigo de “um parecer” obscuro do Ministério das Finanças, todos os prémios de teor literário, artístico e científico não sujeitos a concurso são taxados em 10% em sede de IRS, ao contrário do que acontece com todos os prémios do mesmo cariz abertos a candidaturas.
A saber: Quem concorre para ganhar um prémio está isento de impostos pelo Código de IRS. Quem, sem pedir, é premiado tem que dividir o seu valor com o Estado!
Na cerimónia de atribuição do Prémio foi-me entregue um envelope não com o esperado cheque de dez mil euros, como anunciado publicamente, mas sim com uma promessa de transferência bancária dessa mesma soma, assinada por Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes. No dia seguinte, depois do espectáculo, das luzes e do social, recebo um e-mail exigindo-me que fornecesse, para que essa transferência fosse efectuada, certidões actualizadas da minha situação contributiva e tributária, bem como o preenchimento de uma nota de honorários, onde me aplicam a mencionada taxa de 10%, cuja existência é justificada pelo Director Geral das Artes como decorrendo de um pedido efectuado por aquela entidade à Direcção-Geral dos Impostos para emitir “um parecer no sentido de que, regra geral, o valor destes prémios fosse sujeito a IRS”.
Tomo o pedido de apresentação das certidões como uma acusação da parte do Estado de que não tenho a minha situação fiscal em dia e considero esse pedido uma atitude de má fé. A nota de honorários implica que prestei serviços à DGARTES. Não é verdade. Nunca poderia assinar tal documento.
Se tivesse sido informado do presente envenenado em que tudo isto consiste não teria aceite passar por esta charada.
Nunca, em todos os prémios que recebi, privados ou públicos, no país ou no estrangeiro, senti esta desconfiança e mesquinhez. É a primeira vez que sinto a burocracia e a avidez da parte de quem pretende premiar Arte. Não vou permitir ser aproveitado por um Ministério da Cultura ao qual nunca pedi nada. Recuso a penhora do meu nome e obra com estas perversas condições. Devolvo o diploma à AICA, rejeito o dinheiro do Estado e exijo não constar do historial deste prémio.

Paulo Nozolino
1 de Julho de 2010