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domingo, novembro 17, 2013

Não podemos ignorar...

“Vemos, ouvimos e lemos Não podemos ignorar…” 
Sophia Mello Breyner Andersen (in: Cantata da Paz)


Quando uma estatística afere em 67% o índice de felicidade dos portugueses, vou ali aos “mercados” e já venho… Mais, 69% estão tão ou mais felizes do que há três anos (“Expresso” 08.11.2013).
A minha descrença espelha-se no número de outras estatísticas substantivas como a Pobreza, a Fome e as cantinas sociais que nunca conseguem satisfazer toda a clientela, o desemprego ou a emigração. A desilusão e o desalento são, também, sentimentos populares.
Os políticos de refugo, filhos de escolinhas partidárias de “rankings” menores querem convencer os europeístas troikanos de que são filhos de um deus maior e salvadores da Pátria. Puro embuste!
A famosa estrada do progresso ainda não conseguiu ser projectada. Porém, já corremos o risco de ser atropelados. Os sofrimentos morais e sociais não casam com tais índices de felicidade.
Cada erro consentido é um rude golpe nas populações, nas instituições e empresas, do país.
A democracia, ou a igualdade social como já alguém lhe chamou ehoje em perigo, alerta para o fosso cada vez maior entre a carência e a opulência. E a cada semana nos sobressaltamos com guiões, caricaturas e falsetes. Somos, então, um povo maioritariamente feliz?
A política opressora sem resultados nega a democracia e faz realçar a falta de aptidão e petulância de quem se julga sobredotado e “bom aluno”. Também realça a corrupção…
Um governo move-se por ideias mas um povo move-se por ideais.
Se todos fossemos cegos, surdos ou coxos, quem notaria o defeito? Será que só um espírito de Abril elevaria a felicidade à potência dos 100%?
A expressão de rua é legítima mas não provoca consequências imediatas. É necessário que o cidadão não seja indiferente, não se limite a teclar nas redes sociais, não ignore e participe na construção democrática de um debate público e político.
Deixámos de ser sem surpresa os companheiros da Irlanda. Sucedem-se agora as declarações de sinal contrário, e os comentadores a soldo afanam-se.
Ainda há, felizmente, “medias” que trilham a independência e o esforço profissional à informação pura e crua, por isso isenta, enquanto outros a blindam de constrangidos e dependentes que estão.
Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar….