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domingo, fevereiro 03, 2013

As máscaras

"A terceira idade serve para alguma coisa para o Estado, que é para votar, mas de resto não produz e a ideia de quem não produz é que não serve."D. Teodoro de Faria, Funchal 20/01/2013


Com origem religiosa, muitos pensam que a máscara é exclusiva do Carnaval mas o seu uso é indistinto.
Temos as máscaras anti-gás, as de soldador, de oxigénio, de esgrima ou outro desporto, as dos artistas sobretudo no Teatro e para abreviar, as dos políticos. Máscaras de Carnaval e políticas são de simbiose fácil. São uma arma e sob elas oculta-se quer o Bem quer o Mal.
Nos dias que correm temos demasiados arlequins transvertidos de púdicas e virtuosas personagens. Estes, nem uma lágrima deitam!
Veja-se a publicidade ofensiva como se oferecem cantinas ou verbas para centros de apoio à Pobreza, num discurso impostor e medíocre. Não há dúvida; o poder degrada mas quanto mais o homem sobe mais perto está da vertigem ao chão.
A avaliar o trato deste coligado governo, só nos faltará usar uniforme…
Num limite decadente ajoelham e recebem ordens estrangeiras, praticam uma política que chamarei, bondosamente, de arqueológica pois está a levar o país à ruína.
Atabalhoados, juraram ontem o que hoje desdizem e perjuram para o amanhã o que sabem ser impossível. Caem as máscaras e o povo vai-se apercebendo disso, sentindo o bolso leve e a paciência pesada.
O Carnaval trará toda a vida política penetrantemente ridicularizada para a rua, num divertimento cativo de dois ou três dias. O puritanismo chegou ao ponto de querer anular as tradições, velhas de séculos, de 3ª feira de Carnaval.
Mesmo a custo, continuo a acreditar na História (acontecimento) e por isso espero que os tartufos de hoje sintam um dia o cilindro da justiça e que as gerações sofridas possam ver o castigo que este ultraneoliberalíssimo merece.
Lamento que os duzentos mil que já abandonaram Portugal não possam exercer o direito de voto, num ano que já mexe para eleições.
Não haverá tantas ou novíssimas máscaras, fruto dos apertos financeiros, e bem que desejaria que os que então se candidatam falassem e agissem no interesse dos seus Concelhos, sem paternidades castrantes e partidárias, sentindo na sua própria pele as carências e dificuldades dos habitantes que lhes poderão ser confiados. Como até aqui não tem sido assim, resta a esperança que num assomo de dignidade caiam as máscaras.
Entretanto vivemos mais uma ingerência inconstitucional deste governo: o "FarmVille" na RTP! É Carnaval…


Maria Teresa Góis

in: Diário de Notícias, Funchal, 03 de Fevereiro de 2013