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domingo, novembro 23, 2014

Catarina de Bragança



Quando alguns Nobres portugueses chegaram à conclusão de que o negócio da venda da coroa de Portugal aos Filipes, tinha deixado de ser rendoso e tinha atingido a falência, resolveram mudar de rei.


Infelizmente, esqueceram-se de tomar providências quanto a uma previsível reacção do rei deposto que, por um conjunto de circunstâncias, era, também, rei de Castela e de mais uns quantos territórios.
A guerra foi uma consequência lógica e o novo rei de Portugal, que precisava de aliados, encontrou a solução no casamento de uma das suas filhas com o rei Carlos II de Inglaterra.
A negociação do casamento foi difícil!
Carlos II tinha motivos para desejar mas, também, para temer tal casamento: desejava-o, porque a princesa era bonita e o dote poderia encher os seus falidos cofres; mas, também, receava que isso pudesse reacender a guerra com Espanha.
Resistiu até o dote da princesa ser irrecusável: foi o maior dote de que há memória no Ocidente! Portugal ficou falido, o rei português ganhou um aliado para a guerra com Espanha,  e a Inglaterra ganhou um capital que se transformou no mais rentável investimento da sua história: o império britânico!
Hoje, diríamos que Carlos II deu o “golpe do baú” !
A cerimónia do casamento realizou-se em Maio de 1662.
Assim, começou a parte infeliz da vida de Catarina de Bragança, uma princesa nascida e criada no seio de uma família com cultura, educação e hábitos tradicionais portugueses que, por sua infelicidade, foi desterrada para uma corte que, contrariamente ao que alguns escritores e cineastas de pacotilha nos querem fazer crer, era rude e atrasada em relação à restante Europa.
Catarina, teve um papel importantíssimo na modernização da Inglaterra e na alteração da filosofia de vida dos ingleses pelo que,  embora não suficientemente, ainda hoje é admirada e homenageada.
Provocou uma autêntica revolução na corte de Inglaterra, apesar de ter sido sempre hostilizada por ser diferente mas nunca desistiu da sua maneira de ser, nem consentiu que as damas portuguesas do seu séquito o fizessem.
Tinha uma personalidade tão forte que conseguiu que aqueles (principalmente aquelas) que a criticavam, em breve, passassem a imitá-la.
E assim, se derem grandes alterações na corte inglesa:

O conhecimento da laranja

Catarina adorava laranjas e nunca deixou de as comer graças aos cestos delas que a mãe lhe enviava.

O costume do “CHÁ DAS 5”

Costume que levou de casa e que continuou a seguir organizando reuniões com amigas e inimigas. Este hábito generalizou-se de tal maneira que, ainda hoje, há quem pense que o costume de tomar chá a meio da tarde é de origem britânica.

A compota de laranja

Que os ingleses chamam de “marmalade”, usando, erradamente, o termo português marmelada, porque a marmelada portuguesa já tinha sido introduzida na Inglaterra em 1495.
Catarina guardava a compota de laranjas normais para si e suas amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, principalmente, para as amantes do rei.

Influenciou o modo de vestir

Introduziu a saia curta. Naquele tempo, saia curta era acima do tornozelo e Catarina escandalizou a corte inglesa por mostrar os pés, o que era considerado de mau-gosto e que não admira devido aos pés enormes das inglesas. Como ela tinha pés pequeninos, isso arranjou-lhe mais inimigas.
Introduziu o hábito de vestir roupa masculina para montar.

O uso do garfo para comer

Na Inglaterra, mesmo na corte, comiam com as mãos, embora o garfo já fosse conhecido, mas só para trinchar ou servir. Catarina estava habituada a usá-lo para comer e, em breve, todos faziam o mesmo.

Introdução da porcelana

Estranhou comerem em pratos de ouro ou de prata e perguntou porque não comiam em pratos de porcelana como se fazia, já há muitos anos, em Portugal. A partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se.
Música
Do séquito que levou de Portugal fazia parte uma orquestra de músicos portugueses e foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera  em Inglaterra.

Mobiliário

Catarina também levou consigo alguns móveis, entre os quais preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em Inglaterra.

O nascimento do “Império Britânico”

Como já se disse, o dote de Catarina foi grandioso pela quantia em dinheiro mas, muito mais importante para o futuro, por incluir  a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia.
Traindo os Tratados que tinham assumido e com a desculpa de que o rei de Portugal era espanhol, os ingleses conseguiram, apesar do controle da Marinha Portuguesa, navegar até à Índia onde criaram um entreposto em Guzarate.
Em 1670, depois de receber Bombaim dos portugueses, o rei Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir territórios. Nasceu, assim, o Império Britânico!

Hoje, há pouca gente que saiba a importância que a Rainha Catarina teve para os ingleses e o carinho que eles tiveram por ela. A sua popularidade estendeu-se até à América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens) foi baptizado em sua homenagem.

Em 1998, a associação “Friends of Queen Catherina” fez uma colecta de fundos para lhe erguer uma estátua; não o conseguiu, devido à oposição de alguns movimentos cívicos que acusaram Catarina de ser uma das promotoras da escravidão.

Mais uma vez, a ignorância venceu!...

Autoria: Arnaldo Norton

domingo, novembro 16, 2014

A Praça do Povo

“A praça é do povo! como o céu é do condor”.
É o antro onde a liberdade
cria águias em seu calor.
Senhor, pois quereis a praça?
Desgraçada a população!
Só tem a rua de seu...
Ninguém vós rouba os castelos,
Tende palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.
Mas embalde...que o direito
Não é pasto de punhal
Nem a patas de cavalo
Se faz um crime legal...
Ah! não há muitos Setembros!
Da plebe doem-se os membros
No chicote do poder,
E o momento é malfadado
Quando o povo ensanguentado
Diz: já não posso sofrer.
Castro Alves
(1847-1871)

Começam a rarear as inaugurações fulgurantes; já não se vê o vinho seco e a espetada em doses avulsas.
A democracia madeirense elegeu, por décadas, um líder querido que, segundo nos anunciou, em breve se despede. Na festa, em Dezembro próximo, não faltará uma queima de artifício de precisamente 1.046.679,48 € para encher de cor, barulho e fumo a festa da despedida.
Nessa noite os sem-abrigo da cidade do Funchal serão uns entre tantos, sem nada a celebrar e, quem sabe, incomodados com a invasão da “sua” nocturna propriedade.
A recém inaugurada Praça do Povo estará cheia de cor, alegria, promessas de amor, votos de prosperidade numa Babel de sentimentos.
Sob as lajes e os detritos de um temporal (porque a memória e a história não podem ser apagadas) muitos recordarão a tragédia de um dia de Fevereiro que parece já esquecido, a menos que a Natureza dê sinal de vida e no-lo recorde. Na praça 20 de Fevereiro!
“O governo assenta em duas coisas; refrear e enganar” diz Fernando Pessoa no seu desassossego lúcido.
Por cá engana-se sem refrear. As últimas notícias são férteis quer em providentes proponentes a queridos líderes quer em actos de alçada judicial. É um massacre noticioso e quotidiano de personagens que depressa esqueceram os trabalhos ciclópicos destas décadas e surgem hoje, como pitonisas, com carradas de soluções e projectos sistematizados, fadados a usar as moradias dos antecessores, com os mesmos vícios, as mesmas mobílias.
A praça enchesse-se sem o preito de uma sagração ou uma vontade una de mudança que abale as cenas carnavalescas com que somos brindados e convidados, sem opção de voluntarismo, a contribuir.
À beira mar sabe bem a brisa, o horizonte desconhecido prenhe de luz. Velhos e novos desfrutam o sol, o cheiro aromático de ervas, a novidade do espaço, a silhueta dos navios e o beijo violento do oceano; o chão frio, branco, irregular em tudo, atrai a multidão em festa.
E que um poeta não lembre, esquecendo o povo em festa, o som da praça vazia.

Maria Teresa Góis

foto: Danilo Matos

http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/opiniao/481259-a-praca-do-povo

sábado, novembro 15, 2014

os últimos a chegar à coleção






à esquerda o dia 24 Dezembro, do lado direito o dia 25 já com a imagem do Menino.
(feito sobre uma pinha, com produtos naturais)





Presépio feito numa semente de jacarandá


Presépio em cortiça (autor António Luz)











Um agradecimento especial à minha amiga e comadre Quita.