In: Diário VII, 02 de Maio de 1954
Escrevo no dia mundial para a erradicação da Pobreza.
São doentios e muito preocupantes os números revelados. Não me referirei
ao estado mundial pois bastam-me, tão só, os dados que o INE revela
para o nosso país.
29,3% da população infantil encontrava-se, em 2013, em privação material
ou seja, dos nove bens essenciais têm acesso a três. A Pobreza num
agregado de um adulto com uma criança atinge 33,1% e se considerarmos
dois adultos com três crianças os valores são de 40,4%
É nesta semana que foi parido um orçamento dito “pró família “por quem o
elaborou. Assim sendo temos inscrito um corte de mais de 700 milhões no
que respeita às verbas para a escolaridade obrigatória, um corte nos
subsídios sociais sabendo que mais de metade dos desempregados não
recebe qualquer subsídio de desemprego e que em 2015 menores serão as
hipóteses de receber o RSI ou obterem trabalho.
As taxas ditas verdes em nada beneficiam à preservação do ambiente e
servem para agravar no bolso de todos os portugueses custos do
quotidiano, como os combustíveis, mas adejam como financiadoras das
famílias com filhos. Quem os teve, já os criou e dado o estado do país
os continua a criar neste conceito, já não será Família. São só 148
milhões a sacar…
Diz a Caritas e todas as outras organizações congéneres que há cada vez
mais pedidos de auxílio. Pudera! Se um em cada quatro portugueses está
em risco de Pobreza e, mesmo o salário mínimo e paupérrimo de hoje
comparado a 1974, descontada a inflação, é inferior em 12 euros.
Mas também sabemos que este governo “pró família” entre 2012 e 2014 na
despesa dos 56 membros que o compõem, gastou “apenas” mais 4,3 milhões
de euros. Para quem queria ser poupadinho, é obra.
O PR acordou do seu mutismo e disse que o espectro político no país
estava em risco de implodir. Crato já implodiu o ministério da educação e
a meio do 1º período lectivo ainda há escolas sem professores; na
Justiça a implosão não chegou a acontecer mas, segundo averiguações em
curso, rolarão mais cabeças.
Por cá, no dia 08, a mega-super-notícia de que o processo “Cuba Livre” tinha sido arquivado.
Por feitio ou por defeito não me surpreendi. Revoltei-me, simplesmente,
considerei ser obsceno. Quando declarações públicas de governantes ou de
políticos encheram jornais acerca do caso, confirmando verbas
escondidas, danças ocultas e manigâncias diversas, quando o desemprego, a
emigração, a Pobreza e até os assaltos e roubos, a violência, se
instalaram na Região por força consequente, assistimos ao arquivamento
do processo. Volto a dar razão ao PR e, afinal, a Justiça também
implodiu. É assim que acontece o 3º perdão da dívida fiscal da Madeira!
Há neste país uma casta de políticos transgénicos que merecem toda a
repulsa. Não fazem bem à saúde e esgotam a terra onde semeiam. Nem o
“delfinário” da sucessão consegue aprender com os erros cometidos e dá
gozo ver as “virgens impolutas” a derramar virtudes nos “media”. Quando
haverá limite de decência e responsabilização política?
E porque nem tudo é “reles” na nossa vida, assinalar os 138 anos do
Diário de Notícias da Madeira. Há 43 anos que filio a máxima de que “dia
sem Diário não é dia”.
Apesar de pressões e perseguições, boicotes e da crise económica que
também o afecta, lá vai singrando, dependente dos seus leitores, de
emigrantes, da publicidade, do empenho diário da sua equipa, dando ao
quotidiano a paleta de cores informativa da Região e do Mundo, sem
tiques esclavagistas. Bem hajam!
Maria Teresa Góis
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