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domingo, outubro 19, 2014

Cada vez mais pobres…

“A ironia fúnebre que há no sorriso de certos governantes! Dir-se-ia que se defendem já do juízo da História com a carapaça escarninha de uma náusea que abrange os próprios historiadores futuros.” Miguel Torga
In: Diário VII, 02 de Maio de 1954





Escrevo no dia mundial para a erradicação da Pobreza.

São doentios e muito preocupantes os números revelados. Não me referirei ao estado mundial pois bastam-me, tão só, os dados que o INE revela para o nosso país.

29,3% da população infantil encontrava-se, em 2013, em privação material ou seja, dos nove bens essenciais têm acesso a três. A Pobreza num agregado de um adulto com uma criança atinge 33,1% e se considerarmos dois adultos com três crianças os valores são de 40,4%

É nesta semana que foi parido um orçamento dito “pró família “por quem o elaborou. Assim sendo temos inscrito um corte de mais de 700 milhões no que respeita às verbas para a escolaridade obrigatória, um corte nos subsídios sociais sabendo que mais de metade dos desempregados não recebe qualquer subsídio de desemprego e que em 2015 menores serão as hipóteses de receber o RSI ou obterem trabalho.

As taxas ditas verdes em nada beneficiam à preservação do ambiente e servem para agravar no bolso de todos os portugueses custos do quotidiano, como os combustíveis, mas adejam como financiadoras das famílias com filhos. Quem os teve, já os criou e dado o estado do país os continua a criar neste conceito, já não será Família. São só 148 milhões a sacar…

Diz a Caritas e todas as outras organizações congéneres que há cada vez mais pedidos de auxílio. Pudera! Se um em cada quatro portugueses está em risco de Pobreza e, mesmo o salário mínimo e paupérrimo de hoje comparado a 1974, descontada a inflação, é inferior em 12 euros.

Mas também sabemos que este governo “pró família” entre 2012 e 2014 na despesa dos 56 membros que o compõem, gastou “apenas” mais 4,3 milhões de euros. Para quem queria ser poupadinho, é obra.

O PR acordou do seu mutismo e disse que o espectro político no país estava em risco de implodir. Crato já implodiu o ministério da educação e a meio do 1º período lectivo ainda há escolas sem professores; na Justiça a implosão não chegou a acontecer mas, segundo averiguações em curso, rolarão mais cabeças.

Por cá, no dia 08, a mega-super-notícia de que o processo “Cuba Livre” tinha sido arquivado.

Por feitio ou por defeito não me surpreendi. Revoltei-me, simplesmente, considerei ser obsceno. Quando declarações públicas de governantes ou de políticos encheram jornais acerca do caso, confirmando verbas escondidas, danças ocultas e manigâncias diversas, quando o desemprego, a emigração, a Pobreza e até os assaltos e roubos, a violência, se instalaram na Região por força consequente, assistimos ao arquivamento do processo. Volto a dar razão ao PR e, afinal, a Justiça também implodiu. É assim que acontece o 3º perdão da dívida fiscal da Madeira!

Há neste país uma casta de políticos transgénicos que merecem toda a repulsa. Não fazem bem à saúde e esgotam a terra onde semeiam. Nem o “delfinário” da sucessão consegue aprender com os erros cometidos e dá gozo ver as “virgens impolutas” a derramar virtudes nos “media”. Quando haverá limite de decência e responsabilização política?

E porque nem tudo é “reles” na nossa vida, assinalar os 138 anos do Diário de Notícias da Madeira. Há 43 anos que filio a máxima de que “dia sem Diário não é dia”.

Apesar de pressões e perseguições, boicotes e da crise económica que também o afecta, lá vai singrando, dependente dos seus leitores, de emigrantes, da publicidade, do empenho diário da sua equipa, dando ao quotidiano a paleta de cores informativa da Região e do Mundo, sem tiques esclavagistas. Bem hajam!

Maria Teresa Góis

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