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domingo, dezembro 21, 2014

Ó meu Menino Jesus

Ó meu Menino Jesus

Boquinha de requeijão
Dai-me da Vossa merenda
Que a minha mãe não tem pão.
Ó meu Menino Jesus
Boquinha de marmelada,
Dai-me da Vossa merenda
Que a minha mãe não tem nada. 

                                                                                        Cântico tradicional Natal, Beira Baixa    


Nunca como nos dias de hoje estes versos singelos tiveram tanto peso, tanto significado.
Nos dados do INE relativos a 2012 a pobreza aumentou 19% tendo Portugal dois milhões e meio de habitantes pobres e mais 23% em taxa de risco de pobreza. Referente a 2012 pois, de lá para cá, a União Europeia baixou o marcador, sendo menor o índice com que se mede o rendimento médio das famílias mais baixo (409€).
 Que dados teremos até 2014?
Há oito mil crianças em instituições, crianças que bem podem cantar estas estrofes ao Menino Jesus, apesar da solidariedade portuguesa ser constante, consciente e activa. Apesar de tudo…
Se a pobreza infantil aumentou de 2012 para 2013 em 30%, que futuro teremos para esses pré-adolescentes, esses jovens, esses futuros adultos? Enquanto o povo partilha, o corte de prestações sociais no Orçamento para 2015 é de 272 milhões podendo chegar aos 372, aos 400. Reduz-se 2,8milhões no RSI, 6,7 milhões no complemento a idosos, 6,5 milhões no abono de família, 243 milhões no subsídio de desemprego e as apregoadas cantinas “take-away” ficaram no pregão, no show de tv.
São dados frios, calculistas mas são dados reais. São os dados que nos envergonham, que nos fazem regressar a décadas passadas que não podendo ser apagadas bem podiam ser esquecidas.
O contraste é o despesismo deste governo pelos dados que os próprios e o Tribunal de Contas, publicam.
Arrogantes, frios, incompetentes, hão-de ditar votos de boas festas, prosperidade para o novo ano, quiçá com lareiras ardentes em pano de fundo, esquecendo os aumentos de luz, de transportes, de impostos que nos destinaram, esquecendo o Espírito de Esperança de Natal porque votaram metade da população portuguesa a um empobrecimento determinado, sem que nada no país tenha melhorado.
Eu não os esqueço nem os perdoo, mesmo nesta quadra!
Do orgulho e da indiferença com que tratam os mais desfavorecidos não poderão sentir a Humildade, a Pobreza, a simplicidade, mas também a grandeza, o calor fraterno e universal, a mensagem de igualdade que emana do Presépio.
Que estes amargos de boca sejam breves como seja breve esta legislatura antes que o país desapareça do mapa com a nacionalidade lusa em leilão.
E porque não é repetitivo desejar Boas Festas, assim as desejo – com partilha, harmonia, saúde e muito poder de encaixe e de luta.


Maria Teresa Góis

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