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domingo, março 04, 2012

De milagre em milagre

Diário de Notícias
 
Maria Teresa Góis
 
 
 
 
No século XX o nosso querido país era conhecido por todos como o país dos três "FFF": Fátima, futebol e Fado.
Já no século XXI ninguém hesita em recorrer ao léxico profundo, com ou sem acordo ortográfico, acrescentando mais um rotundo "F": fónix!
Tendo sido o buraco mais badalado até hoje, o buraco da RAM, é certo o garrote que nos espera nos tempos actuais, a médio e longo prazo. Crise? Não! Sabemos também que neste Carnaval madeirense se gastaram 502 mil euros, o dobro do anunciado pela secretária regional do turismo. Um milagre de verbas, sem dúvida, ou seja, continua tudo na mesma.
O Presidente do Governo Regional que, no domingo passado se referia ao Governo central como "uns rapazinhos" é o mandatário do 1º Ministro na Madeira. Mais um milagre, este, previsivelmente, de curta duração.
Espera-se que nas festas, inaugurações ou nos adros das Igrejas (se eu fosse o Pároco não deixaria) se obrem mais conversões. Haverá explicação, com mímica, em que os vilões serão, por milagre, angélicas e impolutas criaturas.
O ministro das Finanças, pausadamente como convém, afirmou no dia 28 de Fevereiro que a troika ficou "agradavelmente impressionada pelo facto do programa de ajustamento da RAM ser forte, adequado e credível, nos melhores interesses e respeito da Região, pela dívida acumulada". Milagre! E a resposta que todos ouvimos foi um estupendo dito: "o que eu faço, faço bem!". Não será milagre?
Já neste mês sentiremos o milagre do IRS, com aumentos retroactivos a Janeiro e Fevereiro, em Abril o milagre do IVA e todos os aumentos que com ele se pendurarão nos nossos vencimentos ou pensões. Seremos então milagreiros mensais de gestão económica, de pobreza flagrante que afectará a qualidade e os mínimos de vida de uma grande maioria. Só o milagre da solidariedade poderá mitigar estas necessidades.
E ficamos na expectativa das taxas moderadoras, das de circulação e dos aumentos de combustíveis.
A insuspeita Dra. Manuela Ferreira Leite e o Dr. Rui Rio discordam do discurso fantástico do Governo que prevê, para 2013, um oásis de ressurgimento económico, de emprego, de melhoria de vida para a nação portuguesa não emigrante. Precisaríamos, nem que fosse por milagre, de uma coesão política que pudesse derrotar esta subserviência a estrangeiros, como se em Portugal não existissem cabeças competentes e como se o abismo sobranceiro não estivesse à vista de todos!
A troika diz que estamos no bom caminho mas eu, que me perdoem, não acredito em milagres!

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