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segunda-feira, março 26, 2012

porque se deve ser contra o Acordo Ortográfico

Omens sem H... e sem espinha! dorsal...claro...
Espantam-se? Não se espantem. Lá chegaremos.
No Brasil, pelo menos, já se escreve "umidade". Para facilitar? Não parece.
A Bahia, felizmente, mantém orgulhosa o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica bonito e porque sim.
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco.
Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje.
Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas.
Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio.
O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias. Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota.
"É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as crianças, como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas,
espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie, tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen?
Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas.
Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita".
Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema.
A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo.
Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores?
Vermelhas? Amarelas? Brancas?
Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo.
Só "omens" sem H podem ter inventado isto, é garantido.

Por Nuno Pacheco – Jornalista

2 comentários:

  1. Para mim o acordo é como se não existisse.

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  2. Não sei de onde tiraram a idéia de que no Brasil se escreve Humidade sem o H.
    Sou Brasileiro e, apesar de viver em Portugal há (sim, há do verbo haver, pois indica tempo, e não à que é a conjunção da preposição a + o artigo a, utilizado nas horas) mais de 10 anos, estou cansado de ver erros básicos do portuguêsm cometidos pelos "donos da língua", os portugueses. Desde de se usar "à" numa indicação de tempo que não seja horas, até você, escrito com ç (voçê).
    Como exemplo, o escritor do texto utiliza nomes artísticos como Calcanhotto, que não duplicou o T porque fica bonito, mas sim porque vem do italiano Calcagnotto que fonéticamente no Brasil pronuncia-se Calcanoto. Existem inúmeras razões para a escolha de um artista para seu nome, que vão desde tradição familiar, passando por homenagens até a "numerologia".
    Portanto, senhor escritor, não fale do que não sabe...
    Relativamente ao Jornal do Commercio, ele ostenta este nome, pois foi fundado em 1827 por Pierre Plancher. Uma vez que que o Jornal fez seu nome, e mantém-no há aproximadamente 2 séculos, a razão
    pela qual ele não foi alterado é simplesmente por ele ser uma marca e não um nome. Para sua informação comércio se escreve assim hoje em dia no Brasil.
    O que o escritor chama de "simplificação", algumas pessoas chamam de evolução, afinal de contas o Português evoluiu do latim, certo? Seria certo dizer que o que se fala em Portugal é uma forma de nivelar por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, latim foi perdendo parte das suas raízes? Comparar o Português e sua "evolução" com o Inglês é ignorância, pura e simples, uma vez que a origem do Inglês não está no Latin mas sim num idioma germânico ocidental que se originou dos dialetos anglo-frísios levados à Grã-Bretanha pelos invasores germânicos de diversas partes do que atualmente é o noroeste da Alemanha e os Países Baixos. E para a sua informação: O inglês que se fala hoje, não é mesmo que se falava na altura dos desacobrimentos, sabe por que? Porque evoluiu... tal como o Português. Não só o que se fala no Brasil, mas também o que se fala em Portugal.
    Não notar um erro, não se deve a facilidade de se escrever, mas sim na deficiência de ler. Você pode não notar um erro, mas eu noto, de qualquer forma...errar é humano.
    Escrever "Oliúde" quando for ao cinema, só se você for Português, pois na língua inglesa Hollywood se pronuncia "Róliud".
    Café da manhã, até onde lembro, nunca foi escrito "café-da-manhã", talvéz devesse usar outro exemplo. De qualquer forma, o hífen não deixou de existir, como o escritor alega, se ler o acordo, encontrará uma série de casos em que o hífen ainda é utilizado.
    O que mais me intriga é o seguinte. Vejo o "português" a dizer que é contra o acordo ortográfico... mas esquece que o Português é 5ª língua mais falada no mundo, exatamente por que no Brasil,
    170 milhões de pessoas falam o "português"... sim, porque a nível estatístico, o Brasileiro fala Português... mas fora isso... a língua chama-se "brasileira".
    Também não houve tanto pudor, quando Portugal para conseguir cumprir o requisitos da união européia de expandir o vocabulário, não pensou duas vezes em inserir palavras de origem brasileira, ou angolana no seu dicionário...
    Só escrevi este texto para dizer duas coisas:
    1 - Eu também sou contra o acordo, pois acho que a riqueza da língua portuguesa está na sua diversidade e o Brasil, Portugal, Angola e tantos outro países que falam o Português terem tantas
    palavras diferentes para uma mesma coisa... essa é a razão pela qual sou contra o acordo.
    2 - Acho no mínimo engraçado ouvir um povo a falar sobre como se deve falar, quando chamam o príncipe Charles de "carlos", ou a rainha Elizabeth de "Isabel", afinal de contas, e diferente do
    que possam pensar, nomes não se traduzem.
    Atenciosamente,
    Romulo de Barros.

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