"…não vou pôr porcaria na ventoinha…." Pedro Passos Coelho, debate da Nação, 11/07/2012
Eles andam aí… Antes que a prosa me corra para os acontecimentos actuais quero mencionar o desassombro, claro, frontal, inteligente e lúcido de D. Januário Torgal Ferreira. Acutilante faz a análise da Pobreza, do uso indevido de dinheiros públicos, com palavras fortes que escandalizaram ministros, os porta-vozes das direitas que quais virgens ofendidas de média idade, vieram vomitar a sua indignação. Falasse D. Januário em processos no DCIAP ou no Ministério Público e, talvez, se sentissem menos ofendidos. Bem-haja D. Januário por não querer uma Igreja amorfa, acomodada, afastada dos valores há mais de dois mil anos proclamados.
Há sim, muitos diabinhos negros, desses chifrudos de olhos grandes, com passinhos mansos, leves, cheirando a incensos diluídos em pó, comprando a essência da experiência e da credibilidade avulso.
A Madeira arde, há dias. Uma vez mais, pintam-se de preto paisagens outrora verdes.
Não se aprende a lição, grassa a incúria, desdenha-se a lei. Num tempo em que as Câmaras Municipais tanto precisam de verbas, não limpam, fiscalizam ou fazem cumprir a lei no que respeita à limpeza obrigatória de matagal em perímetro de edifícios públicos ou habitações.
Ainda este mês, duas vezes em duas semanas, reclamei a quem de direito da urgência de desmatar a zona envolvente da Capela dos Lamaceiros, século XVIII, parte do raro Património do concelho.
Se olharem o boletim paroquial que é público e chega a três Paróquias, vemos impresso, a pedido, o aviso da Câmara Municipal do Porto Moniz sobre o requerimento para a colocação de barracas na Festa do Senhor do Seixal, paróquia que este boletim não abrange.
Nunca vi que saísse da Edilidade um aviso de proibição de queimadas, de churrascos, de uso de fogo-de-artifício, lei existente no território Continental. É esta leveza de atitudes que condeno, que reclamo, numa região cada vez menos agricultada, com terrenos abandonados à praga das canas vieira, do silvado e da feiteira. Dirão que os donos não podem, que estão ausentes, que são de herdeiros….Apareça o Governo Regional a expropriar esses terrenos ou uma proposta choruda de compra que os herdeiros aparecessem aos magotes.
A Madeira ardeu e arde não por um fenómeno natural e talvez nem sequer por fogo posto. É a incúria que queima a Madeira, que alaga a Madeira quando chove demasiado. É a incúria que dá a conhecer a Madeira pelas piores razões quando outrora era uma pérola do Atlântico.
Deixem, senhores governantes, de procurar alibis e perseguições fantasmas. Assumam os erros, as limitações, sentem-se com todos os de boa vontade e discutam soluções - para o bem da Madeira. Façam cumprir a lei, eduquem o povo se necessário, mesmo aplicando as coimas previstas. Só assim enfrentaremos os picos de calor ou de invernia, só assim protegeremos a "Pérola do Atlântico".
Já basta de pôr porcaria na ventoinha…
Maria Teresa Góis
Diário de Notícias