- É meter-se a gente num ónibus que leva aos empregos.”
Eça de Queirós,
in “Uma campanha alegre”
Temos estado em permanente alerta amarelo quer pela quentura dos dias de estio prolongado ou pela secura das terras. Também pelo matagal que invade a outrora verde e apetecível paisagem, hoje núcleos de canaviais, giestas e urzes em área urbana, permanente perigo e convite a tendências desviantes e às canas de foguetes que teimam cair nos arraiais, sem esquecer a queima de matos. Retrato público de desleixo de quem deveria zelar pelo cumprimento da lei.
Todo o país vive em alerta, após a “silly season”, numa espécie de “stupid season” que é o tempo eleitoral. Basta abrirmos ou lermos on line um periódico, e não um qualquer jornal, para somarmos o rol de promessas agora desenterradas, somarmos a abundância de dinheiros (os cofres estão cheios, lembram-se?), os cuidados futuros com os idosos que se viram roubados e relegados para a Pobreza, o apelo ao regresso das gerações emigrantes, adejando no lenço branco da paz o oásis do emprego, da recuperação e da normalidade daquele que há-de ser o décimo país mais competitivo do mundo. Isto quando um em cada cinco portugueses ganha 505,00 € ao mês. Sem descontos!
Sentado a uma mesa bem posta, bem regada, ambiente chique q. b., com um saco de laranjas – talvez espanholas – alguém pedia e suplicava, “um resultado inequívoco para resolver o problema das pessoas”. Com toda a sinceridade que me assiste espero mesmo que tenha um resultado inequívoco… Bem dizia o Eça, sempre ele, que “entre nós, a mentira é um hábito público”.
Mais do que amarelo é vermelho o alerta que nos dá esta Europa de hoje, a União que muros de quilómetros divide, a União que lucra e enriquece à custa dos parceiros mais pobres, a União que afasta os que migram, filhos dos resultados de políticas externas da própria Europa em aliança com os EUA.
É kafkiano que as decisões de um país, a vida das pessoas de um país, dependam de um parlamento dito europeu. Afinal para que elegemos nós quem queremos que governe, que sentido têm as profissões como a dos pescadores que param oito meses num ano para cumprir quotas, quando a nossa zona económica é a maior e vendo os pescadores espanhóis pescar e aqui vir descarregar o pescado.
Qual é a lógica, porquê o agachamento e a
troco de quê? Que políticas de mar se combinam hoje para vigorar em
2020?
Por isso é tão importante não ouvir as promessas de último suspiro mas analisar o quanto perdemos e recuámos num espaço de tempo racionalmente curto.
Não me incomoda que algum fedorento me chame de “peste grisalha”.
Já me incomoda mais que conhecidos vultos, cujos actos foram lesivos ao interesse público e estejam sob alçada do Ministério Público ou “ad judicia”, continuem a ser figurões públicos, candidatos, interlocutores de debates.
O que me incomoda em absoluto é ver a geração de jovens sem horizonte, seja no ensino, nas artes, na saúde, em qualquer mister e a geração dos meus netos e de todos os netos deste país com um enorme ponto de interrogação como meta de futuro.
Se podemos mudar, claro que sim, e com um resultado inequívoco!
Por isso é tão importante não ouvir as promessas de último suspiro mas analisar o quanto perdemos e recuámos num espaço de tempo racionalmente curto.
Não me incomoda que algum fedorento me chame de “peste grisalha”.
Já me incomoda mais que conhecidos vultos, cujos actos foram lesivos ao interesse público e estejam sob alçada do Ministério Público ou “ad judicia”, continuem a ser figurões públicos, candidatos, interlocutores de debates.
O que me incomoda em absoluto é ver a geração de jovens sem horizonte, seja no ensino, nas artes, na saúde, em qualquer mister e a geração dos meus netos e de todos os netos deste país com um enorme ponto de interrogação como meta de futuro.
Se podemos mudar, claro que sim, e com um resultado inequívoco!
Maria Teresa Góis