Dói ver a
destruição consentida do Património da Madeira. Dói olhar as ribeiras varadas
de cimento, outrora floridas e postal turístico para todos. Dói agora ver o
Paúl da Serra ser esventrado eliminando a paisagem e o desejo de passeio.
Não será
para captação de água porque a mesma a verificar-se será numa cota mais elevada
na Ribeira do Alecrim e no Lajeado. E é preciso que haja água! As águas do
Rabaçal e da Rocha Vermelha hão-de ser retidas em barragem e daí bombeadas para
a grande lagoa no Pico da Urze. Imagino já o impacto, as toneladas de cimento
vertidas no que era uma paisagem pitoresca, fresca, procurada.
Os lençóis
freáticos agora rasgados, alimentados pelas humidades dos serenos e dos
nevoeiros, serão veias secas no subsolo. Espécies endémicas, segundo li, correm
o risco de extinção e consenso técnico
parece não haver.
Mas será
que não havia outra solução?
Há-de ser
mais uma decisão política ao serviço (sempre) dos mesmos interesses e a Madeira
sofre mais um atentado que, na minha simples opinião, é irremediável.
Olhando o
Paúl e as eólicas, pergunto se os produtores de energia eólica e fotovoltaica a
entregam LIMPA como se faz em toda a Europa, ou seja, sem picos e flutuações,
ou se esse encargo é da EEM, encargo que depois se reflecte no custo de energia
ao consumidor.
Esquecem a
realidade das alterações climáticas, as nascentes hoje já escassas, o paralelo
da Madeira, a desertificação que o crescente aumento de temperaturas trará.
E o
silêncio da Assembleia Regional? É sepulcral!
Maria Teresa
Santos Tavares Góis
in Diário Notícias da Madeira, 01/10/2017
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