As horas mais belas do dia é o amanhecer e o crepúsculo. Transpondo para a Vida estes dois momentos, tanto é belo o nascimento como a mudança para a velhice.
Passam os anos e acumulamos recordações, alegrias e tristezas que parecem intransponíveis, únicas, que actuam na nossa vida como uma mola ou uma vitamina.
Consagramos na memória a recordação por excelência; até aprendemos a esquecer ingratidões afinando a sabedoria, no saber escolher entre o trigo e o joio da Vida, construindo na mudança novas relações. Também aprendemos a lidar com a partida dos nossos contemporâneos, o nome de novas doenças, descobre-se que as faculdades outrora plenas vão falhando, mas podemos olhar a vida com a serenidade da poesia pois tudo é possível ou impossível!
Por isso somos meninos duas vezes…
Quando a memória falha, acentua-se a recordação e temos a noção da finitude.
Mas se envelhecer é um direito, será sempre um nobre direito. Pela vida que se levou, feliz ou infeliz, pela boa ou má semente deixada. E, neste direito, assiste o carinho e compreensão da família e da sociedade.
Este ano já, serão duas as dezenas de idosos encontrados sem vida nas suas casas ou em refúgios. Mais do que o choque de os saber morrer sós, incapazes fisicamente, talvez lúcidos, o choque da estupidez humana que, à vista de todos afirma "tem três dias que o não via", "tem uma semana que a não víamos".
Nas grandes urbes em que muitos são os que passam despercebidos, haverá desculpa. Mas nos meios pequenos, nos bairros em que toda a coscuvilhice se sabe e comenta, dói a indiferença social irresponsável.
A vida tornou-se difícil para quase todos e talvez esta austeridade fomente o egoísmo e a indiferença.
Os nossos idosos são o Património da nossa cultura, dos usos e costumes, da portugalidade adquirida através dos anos (sem ser preciso o uso do emblema na lapela).
O Estado, a sociedade e a Família, se existindo, deveriam monitorizar cada caso e tentar a melhor solução. É um pensamento utópico, na época actual, em que o empobrecimento do País é um crescendo e regredimos décadas, se não um século.
Também pela Região os casos de isolamento desamparado acontecem, há uma população desmarcadamente idosa e talvez por isso se fechem serviços médicos de urgência sem olhar à possibilidade de um socorro urgente. Se um doente das Achadas da Cruz adoecer, sem transporte, esperará por um socorro que sairá de S. Vicente, para aí retornar. Com um quartel de bombeiros no Porto Moniz…
Mas os gastos com o Carnaval em todos os concelhos, estão garantidos.
E deixo uma informação ao senhor Secretário dos Assuntos Sociais; a co-habitação de idosos numa só casa já se usa em Portugal Continental onde autarcas sensíveis e conscientes transformaram e adaptaram escolas primárias vazias em habitações, com infraestruturas e o devido acompanhamento e assistência da Segurança Social.
No Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, saibamos estar atentos aos cada vez mais evidentes sinais, no dia-a-dia.
Passam os anos e acumulamos recordações, alegrias e tristezas que parecem intransponíveis, únicas, que actuam na nossa vida como uma mola ou uma vitamina.
Consagramos na memória a recordação por excelência; até aprendemos a esquecer ingratidões afinando a sabedoria, no saber escolher entre o trigo e o joio da Vida, construindo na mudança novas relações. Também aprendemos a lidar com a partida dos nossos contemporâneos, o nome de novas doenças, descobre-se que as faculdades outrora plenas vão falhando, mas podemos olhar a vida com a serenidade da poesia pois tudo é possível ou impossível!
Por isso somos meninos duas vezes…
Quando a memória falha, acentua-se a recordação e temos a noção da finitude.
Mas se envelhecer é um direito, será sempre um nobre direito. Pela vida que se levou, feliz ou infeliz, pela boa ou má semente deixada. E, neste direito, assiste o carinho e compreensão da família e da sociedade.
Este ano já, serão duas as dezenas de idosos encontrados sem vida nas suas casas ou em refúgios. Mais do que o choque de os saber morrer sós, incapazes fisicamente, talvez lúcidos, o choque da estupidez humana que, à vista de todos afirma "tem três dias que o não via", "tem uma semana que a não víamos".
Nas grandes urbes em que muitos são os que passam despercebidos, haverá desculpa. Mas nos meios pequenos, nos bairros em que toda a coscuvilhice se sabe e comenta, dói a indiferença social irresponsável.
A vida tornou-se difícil para quase todos e talvez esta austeridade fomente o egoísmo e a indiferença.
Os nossos idosos são o Património da nossa cultura, dos usos e costumes, da portugalidade adquirida através dos anos (sem ser preciso o uso do emblema na lapela).
O Estado, a sociedade e a Família, se existindo, deveriam monitorizar cada caso e tentar a melhor solução. É um pensamento utópico, na época actual, em que o empobrecimento do País é um crescendo e regredimos décadas, se não um século.
Também pela Região os casos de isolamento desamparado acontecem, há uma população desmarcadamente idosa e talvez por isso se fechem serviços médicos de urgência sem olhar à possibilidade de um socorro urgente. Se um doente das Achadas da Cruz adoecer, sem transporte, esperará por um socorro que sairá de S. Vicente, para aí retornar. Com um quartel de bombeiros no Porto Moniz…
Mas os gastos com o Carnaval em todos os concelhos, estão garantidos.
E deixo uma informação ao senhor Secretário dos Assuntos Sociais; a co-habitação de idosos numa só casa já se usa em Portugal Continental onde autarcas sensíveis e conscientes transformaram e adaptaram escolas primárias vazias em habitações, com infraestruturas e o devido acompanhamento e assistência da Segurança Social.
No Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, saibamos estar atentos aos cada vez mais evidentes sinais, no dia-a-dia.
Maria Teresa Góis (publicado Diário Notícias Madeira em 05-02-2012)
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