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domingo, novembro 11, 2012

Consciência

"A consciência nem todos têm a honra de a conhecer; a consciência é o que quer que seja de vago e de impalpável, de que nós devemos falar como de uma figura diáfana de legenda antiga."Eça de Queirós


É-me difícil conseguir um acordo interior de inspiração pelos factos que, há umas semanas, têm passado na minha vida.
Tento manter-me à tona do mundo que se diversifica entre a hilaridade de um candidato a presidente de uma potência e que se achava incomodado por não poder abrir a janela de um avião, em pleno voo, à perda pessoal afectiva e às ocorrências violentas desta semana no meu concelho e noutros, quando ainda não estão esbatidas as imagens e necessidades de Fevereiro de 2010 ou dos incêndios de verão.
Mais uma vez temos de cuidar das dores, das lágrimas das vítimas, não só com solidariedade mas com a racional exigência e pedir que se assumam as responsabilidades. Não é por falta de avisos pois temos, felizmente, quem entre nós avise e alerte para os perigos decorrentes de uma actividade humana ilegal e perigosa. E falo da escavação de ribeiras, das alterações aos leitos, de desvios. A Natureza retoma sempre o que é seu.
Depois da tragédia acontecida parece ser mais fácil analisar erros ou falhas. Assim, lembro que temos um quartel de bombeiros no Porto Moniz (que, segundo creio, paga renda)recente, moderno, habitualmente com um, talvez dois bombeiros, um autotanque e nenhuma ambulância que possa acorrer a uma situação de doença súbita ou, como neste caso, de tragédia. É tempo de exigir a permanência domiciliada deste equipamento sobretudo porque o concelho está privado de urgência nocturna. Manter esta situação é, no meu ver e ao que parece da demais população, falta de responsabilidade política e assistencial às pequenas e grandes tragédias humanas. Teria sido tão demorado e complicado o socorro aos feridos? Porque mesmo que a ambulância não conseguisse vencer a estrada, braços generosos os trariam ao seu encontro.
E já faltava que os arautos palafreneiros viessem lançar a culpa à "Madeira velha", à ilegalidade de construção! E se as pessoas atingidas, como na Serra de Água, tiverem os seus registos prediais e contribuições em ordem?
Veremos, uma vez mais, os despejos na orla marítima matando toda a vida da orla costeira, tal qual se fez na abertura dos túneis com o consentimento das respectivas entidades autárquicas e governamentais.
E fico à espera de um milagre, um milagre que aconteça na minha própria e dolorida esperança, de um dia ver, com verdade, responsabilidade e consciência, debater estes fenómenos que se vão tornando usuais na Madeira.
 
Maria Teresa Góis
Diário de Notícias
 

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