Nunca tive medo do "papão". Lembro-me até, em pequena, de adormecer ao som terno do "ó-ó-papão vai embora, de cima desse telhado...". Este mesmo canto, terno e cuidado, dei aos meus filhos.
Mas hoje já não se usa e proliferam "papões" graúdos que se avantesmam em orgias, de importâncias, véniazedas e onde se colam numa disposição de permanência.
E é vê-los, fato e gravata, senão vestidos de marca, e com eles as loiras eternas, pavoneando-se uns e outros, em círculos tontalhados. Vede como eles se amam! Findos os meetings, as cerimónias, inaugurações e beberetes, dispersam em pequenos grupos. Tira-se a gravata, para o à-vontade e o polimento recolhe ao bolso direito do casaco. Papam-se mais uns copos com língua maliciosa. Uns vão, outros ficam, inchados, vermelhos, contentes.
Nada fizeram, nada disseram.
São os papões da Madeira Nova.
quinta-feira, dezembro 18, 2008
Os “papões”
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