Um dia, já eu era velha, um homem dirigiu-se-me à entrada de um lugar público. Deu-se a conhecer e disse-me: - «Conheço-a desde sempre. Toda a gente diz que você era bonita quando era nova, vim dizer-lhe que, para mim, acho-a mais bonita agora do que quando era jovem, gostava menos do seu rosto de mulher jovem do que daquele que tem agora, devastado. »Penso frequentemente nesta imagem que sou a única a ver ainda e de que nunca falei. Está sempre aí no mesmo silêncio, deslumbrante. É, de todas, a que me agrada de mim própria, onde me reconheço, onde me encanto.Muito cedo na minha vida foi tarde de mais. Aos dezoito anos era já tarde de mais. Entre os' dezoito e os vinte e cinco anos o meu rosto partiu numa direcção imprevista. Aos dezoito anos envelheci. Não sei se é assim com toda a gente, nunca perguntei. Parece-me ter ouvido falar dessa aceleração do tempo que nos fere por vezes quando atravessamos as idades mais jovens, mais celebradas da vida. Este envelhecimento foi brutal. Vi-o apoderar-se dos meus traços um a um, [ ...]
Marguerite Duras,O Amante
Tuka, sua malvada! E não era que eu estava para escrever este texto no meu blogue!?
ResponderEliminaramei o livro que já li Há muitos anos, e o filme, que também é bom. de facto, temos muitas coisas em comúm, mas vocé é sempre mais rápida! de qualquer modo, vou publicar um dia destes este texto que tem muito a ver com a s mulheres da nossa geração,. BEIJO
Uma das autoras preferidas para ler nos tempos de estudante. Por isso, tornou-se uma das escritoras da minha vida. Este livro é extraordinário. Sempre que me lembro regresso aos seus textos, como um «amante», à procura da palavra apaixonada, quente e a fervilhar de amor. Boa lembrança.
ResponderEliminarGostei muito deste livro que li ainda não há muito tempo.
ResponderEliminarÉ lindo este excerto que aqui deixaste. Adorei.