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sábado, setembro 17, 2011

Quadras - António Aleixo

Forçam-me, mesmo velhote,
de vez em quando, a beijar
a mão que brande o chicote
que tanto me faz penar. 

Porque o mundo me empurrou,
caí na lama, e então
tomei-lhe a cor, mas não sou
a lama que muitos são.  

Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia. 

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério. 

Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, não parecendo o que são,
são aquilo que eu pareço. 

Eu não sei porque razão  
certos homens, a meu ver,
quanto mais pequenos são
maiores querem parecer.  




Uma mosca sem valor  
poisa, c'o a mesma alegria,
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.

Gosto do preto no branco,   
como costumam dizer:
antes perder por ser franco
     que ganhar por não ser.

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