Segundo texto de Maria Helena Flexor, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, editado na revista OHUM, Ano 2, número 2, a tradição dos Santos de Roca remonta ao tempos medievais. A igreja inspirou-se nos teatros de marionetes para conceber imagens articuladas, que poderiam ser levadas nas procissões e posicionadas de forma a inspirarem a fé do povo por sua dramaticidade.
Não conseguimos encontrar a origem do termo 'Santo de Roca'. Existem, no entanto, algumas teorias: Roca é uma palavra de origem espanhola e diz respeito a Rocha. Os jesuítas espanhóis utilizavam, nos teatros e procissões, certos cenários que traziam como marca uma rocha solitária. O historiador Josef Gregor descreve as 'rocas' como carros com decoração rochosa, que destacava o ostensório (o objecto onde fica guardada a hóstia consagrada), e simbolizava o Monte das Oliveiras, a Gruta da Natividade e outros pontos de referência geográficos relacionados às histórias de Jesus e dos heróis bíblicos.
No cenário de roca, ou rocha, as Irmandades preparavam as imagens feitas de armação de madeira.
Outra teoria fala da semelhança dessas peças com o fuso da roca de fiar. Os santos teriam seu nome derivado do fato de que suas roupagens eram tecidas com esse instrumento, muito usado na época em que essas imagens proliferaram.
Em Espanha, em Portugal e depois no Brasil, essas representações evoluíram para procissões complicadas e opulentas, em cenários rochosos, em que se usavam imagens de madeira, ocas, muito leves, que poderiam ser facilmente transportáveis nos andores. Essas imagens poderiam ainda ser vestidas de maneira diferente consoante tratar-se de um cerimonial de Páscoa ou de Natal.
Apareceram assim as Santas de roca ou imagens de vestir, que passaram a envergar trajes luxuosos, jóias, coroas e esplendores. Alguns dos trajes eram confeccionados por grandes damas fidalgas, outros eram deixados em testamento às Santas. Na minha família existiam uns brincos muito valiosos e antigos que só eram usados pela santa Padroeira local, a Senhora da Azinheira, no dia da sua procissão (foto do lado esquerdo, cedida por Altino Rio). O resto do ano os brincos eram guardados numa vitrina na casa familiar.
Estas imagens eram muitas vezes articuladas, nos braços, nas mãos ou troco, precisamente para permitir que se adaptassem a esta função teatral dos actos religiosos.(fonte:net)
Olá!
ResponderEliminarInteressante! Nunca havia pensado em como eram feitas estas imagens!
Abraço.