É áspera a americana cordilheira,
nevada, hirsuta e dura,
planetária:
o azul dos azuis é ali que jaz,
o azul solidão, azul secreto,
o ninho do azul, o lápis-lazúli,
o esqueleto azul da minha pátria.
A mecha arde, cresce o estalido
e esmigalha-se então o peito à pedra:
depois do dinamite é ténue o fumo
e sob o fumo o ossamento azul
e os terrões de pedra ultramarina.
Oh catedral dos azuis enterrados,
pequeno abalo de cristal azul,
olho do mar coberto pela neve
uma outra vez à luz voltas da água,
ao dia, à pele clara
do espaço,
ao céu azul volta o terrestre azul.
nevada, hirsuta e dura,
planetária:
o azul dos azuis é ali que jaz,
o azul solidão, azul secreto,
o ninho do azul, o lápis-lazúli,
o esqueleto azul da minha pátria.
A mecha arde, cresce o estalido
e esmigalha-se então o peito à pedra:
depois do dinamite é ténue o fumo
e sob o fumo o ossamento azul
e os terrões de pedra ultramarina.
Oh catedral dos azuis enterrados,
pequeno abalo de cristal azul,
olho do mar coberto pela neve
uma outra vez à luz voltas da água,
ao dia, à pele clara
do espaço,
ao céu azul volta o terrestre azul.
Pablo Neruda
(de As Pedras do Céu, in Por Outras Palavras, traduções de António Manuel Couto Viana, Vega, 1997 / original: Las piedras del cielo, 1970)
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