Dezembro sombrio, como se quer o Dezembro. O frio, a brisa e o cinzento do céu lembram que, a passos rápidos mas não certos, chegamos à "Festa", ao Natal!
Mas o Natal (o tal que aconteceria sempre que o Homem quisesse), deixa marcas, sulcos, em cada um de nós. É o tempo das recordações, das Alegrias, do Presente, da Família, dos que estão sós… A Paz não será celebrada, a Fome não será mitigada e a indiferença, a par da solidariedade, vigorará.
Há, no Funchal, a animação da época: cor, movimento, alegria, luz, espectáculo. É convidativa uma cidade que assim recebe.
Depois, espera-nos um ano indecifrável e difícil. Novos impostos e limitações, novo custo de vida, onerando os mais pobres e a classe média.
Cortam-se "gorduras" reais e virtuais, criam-se novos cargos de direcção e reduzem-se outros, engorda-se à mesma o "emprego" aos amigos, familiares dos amigos enquanto no Centro de Emprego, que se deveria chamar de Desemprego, famílias desesperam.
Fechou-se a Direcção Regional de Educação e Reabilitação Especial, alegando que poderia ser integrada noutra. Talvez que a vice-presidência do Governo pudesse ter menos cargos em prol da manutenção desta Direcção.
Que "Natal" terão, pelo ano fora, estas crianças que não pediram para nascer diferentes e a quem professores dedicados dão o seu melhor, não só no ensino e na educação, mas também no carinho e na preocupação. Vem-me à memória o trabalho conseguido e realizado pelo prof. Eleutério de Aguiar, as sementes que deixou e também o modo como foi afastado!
Em vez de gorduras, cortam magrezas. O povo, aos soluços, vai conhecendo o pouco que escapa de um discurso chato, repetitivo, cansativo, estéril e sempre com bodes expiatórios. A pretensa governação regional acabou, perdeu-se a conquista autonómica, lavrada em cimento e obras valiosas, pelo seu desmedido custo e inépcia de aproveitamento. Nada mudou nas eleições regionais a não ser a esperança da Mudança, hoje mais próxima.
O tempo das festas acabou. Finalmente!
Levaremos um ano "troikado", a falar verdade olhos nos olhos e nos bolsos.
Mas não percamos o ânimo da sobrevivência e da Alegria.
É Natal.
Mais do que tudo, é tempo de reunião, de saber sorrir, de saber pensar nas crianças que perderam a DRERE, nos inúmeros desempregados, nos pobres cujo índice aumenta todos os dias, nos que estão sós e saber olhar para além do sombrio do céu, a luz.
Maria Teresa Góis
"Sinais dos Tempos", Diário Notícias Madeira, 11-12-2011
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