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domingo, maio 29, 2011

Vamos a votos


 
" Um dos piores sintomas de desorganização social, que num povo livre se pode manifestar, é a indiferença da parte dos governados para o que diz respeito aos homens e às cousas do governo, porque, num povo livre, esses homens e essas cousas são os símbolos da actividade, das energias, da vida social, são os depositários da vontade e da soberania nacional. "
ANTERO DE QUENTAL in: "Prosas da época de Coimbra"
             
O art.º 48-ponto 2 da nossa Constituição de Abril de 1976 diz"O sufrágio (direito a voto) é universal, igual e secreto e reconhecido a todos os cidadãos maiores de 18 anos e o seu exercício é pessoal e constitui um dever cívico."
Tendem os Portugueses a votar cada vez menos sendo a voz da abstenção a que mais se faz ouvir.
Pessoalmente, divido a culpa entre os cidadãos, os políticos e o próprio Estado que acabam criando nas suas tricas e enganos o distanciamento e alheamento de um eleitor já cansado. Sinónimo que algo vai mal no sistema democrático, adoecido pelos factores da cunha, compadrio e corrupção, incúria e, tantas vezes, imbecilidade.
De quatro em quatro anos reaparecem em todas as freguesias, carregados de bandeiras e lixo propagandista os arautos da salvação da Pátria. Nem sequer pensaram em analisar o que vai mal por esses sítios, tentar colmatar ao menos alguma necessidade e arrancam logo para as promessas e profecias sem esquecer os avisos, as oposições, bichos-papões da catástrofe, da precariedade de vida, se o partido que apregoam não ganhar!
Esqueceram já a cruzada pela moralidade prometida nos anos anteriores, esqueceram os escândalos, os casos ilícitos e, convenhamos, nenhuma democracia pode florescer e ser credível com tais exemplos.
Sou contra o voto branco (susceptível de algum traço póstumo) e sou contra o voto obrigatório que colide com o direito de liberdade do cidadão, se nenhuma das opções apresentadas, o satisfaz. Assim, não votar é também um direito de exercer a liberdade pois, por norma, tudo o que se torna obrigatório tende a criar um sentimento de rejeição.
Há 35 anos que exerço o meu voto na mesma freguesia e fere-me a Inteligência que haja sempre, há três décadas, as mesmas pessoas a votar acompanhadas. Algumas já partiram mas outras há, na casa dos 60 ou 80 anos, continuam exercendo um direito que não individual nem secreto e que prova que o trabalho feito pelos seus partidos também tem sido despiciente e envergonhado.
A atitude de inércia ou apatia dos que têm responsabilidade pública serão condenados pelo castigo da História. Ainda é tempo de não apagar a pequena chama da Esperança. É tempo de ir votar, livre  conscientemente.

publicado DN, Madeira, hoje

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