"...Fica-te em paz, Lisboa! Dorme, digere, ressona, soluça e cachimba. E se algumas lágrimas em ti caírem, vae-as enxugar depressa ao sol! Fica-te em paz! Os que têm alma não querem a luz dos teus olhos; pódes conumil-a a contemplar o ceu e os universos; por causa do teu olhar, sempre erguido para lá, ninguém terá ciumes do ceu!
Os que têm coração, não querem as caricias das tuas mãos; pódes emmagrecel-as a rezar a Jesus; por causa das tuas mãos sempre erguidas para elle, ninguém terá ciumes de Deus!
Tu tens a belleza, a força, a luz, a graça, a plastica, a agua resplandecente, a linha magnifica! resigna-te, oh Lisboa querida, oh clara cidade bem amada, oh casta graça silenciosa, resigna-te, oh doce Lisboa, coroada de ceu, resigna-te - a não ter alma!"
In: "Prosas Barbaras", Eça de Queiroz
2ª edição, 1909, Lello & Irmão, Porto
Nota da Redacção - O "tukakubana" faz hoje três anos. A todos os meus visitantes ou seguidores, o meu obrigada.
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