quando a terra adormece ouve-se o canto nómada dos pássaros
no silêncio da primavera onde te abracei,
nos umbrais deste poema que não escrevo.
é urgente calar as palavras embalsamadas
apagar o rasto da sua força.
estou cansado de paisagens mentirosas
dos poemas que inquietam o meu silêncio.
mas continuo a escrever
até à ressurreição do tempo,
até à noite caiada de gritos
e de violinos gemendo
invadirem as horas que intimidam
e se esgotam a conta-gotas.
gostar de ti é um poema que não nego
PAULO EDUARDO CAMPOS, in A CASA DOS ARCHOTES (Lua de Marfim, 2011)
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