Dia 09 de Novembro passado. Um compromisso inadiável obrigava-me a estar no Funchal cerca das 15h. Admirei-me de encontrar tantos pequenos/as de mochila às costas, tantas crianças pela mão de adultos. A tarde estava amena, clara de sol e só para os lados do Monte as nuvens pareciam mais carrancudas. Os cafés estavam cheios, homens conversavam pelos passeios e a cidade bulia sem pressas, descontraída.
Tomada de posse do Governo. Sim, e depois? No consultório a televisão transmitia um discurso a que ninguém parecia ligar, ouviam sem ouvir, viam sem ver, como se folheia uma revista em consultório médico!
Tive a chata curiosidade de passar, no dia seguinte, pela oratória. Surpreendeu-me, confesso, o número de identidades estrangeiras nomeadas que, sendo vivas, não sei que grau de lisonja sentiriam. E linha sim, linha não, lá fui tentando dissecar o que de novo pudesse haver na mensagem.
Pela citação de Paulo Krugman e da "necessidade de criar empregos" com o fito certeiro da produtividade digo eu, não me parece que a tolerância de ponto dada a milhares de funcionários fechando escolas e organismos públicos, estivesse na linha de pensamento do mesmo.
E se Santo Agostinho disse que "uma lei injusta é inexistente" também deixou escrito que"…de facto a corrupção é nociva, e se não diminuísse o bem, não seria nociva…"
No Sermão 37 do grande P. António Vieira lemos que "Pior é uma verdade diminuída que uma mentira mui declarada; porque a verdade diminuída na essência é mentira, e tem aparências de verdade; e mentiras que parecem verdades são as piores mentiras de todas." Referir-se-ia, visionariamente, à dívida oculta da Madeira?
Daqui se conclui que este Governo Regional, em tudo igual ao anterior, pecou gravemente contra a sua Pátria, mesmo que ela seja a Madeira, ao fazer uso da verdade oculta.
E, não será a mediocridade que fez a perseguição política, as cenas de "pão e circo" que precedem todas as eleições na Madeira e consequente pseudo inaugurações para um povo vestido com o véu da ignorância política, consumir? Quantas dessas inaugurações estão deficientes, inviáveis, fechadas?
Que renasça uma esperança nova nestes quatro anos. Que se cortem as "gorduras madeirenses" de todas as maneiras, para que não haja denúncias de deputados a residir no Funchal ou bem perto e a receber deslocações, tal como no Governo central, que haja coerência dos que não tiveram a maioria mas ganharam, cumprindo com o prometido, que o arranjinho de lugares simpáticos cesse, que se pense no ónus de um desemprego galopante e de uma Pobreza adivinhada que até pelos passeios da cidade do Funchal será visível.
Maria Teresa Góis
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