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terça-feira, fevereiro 01, 2011

a revolta no Egipto e o regresso do meu filho

Nuno Eugénio de Góis volta hoje a Portugal no avião c-130 da Força aérea

Aos 33 anos, Nuno Góis, criou raízes num país hoje em convulsão social.
Tal como tínhamos avançado na edição de ontem, há pelo menos um madeirense a viver no Egipto e que, mesmo não querendo, vê-se obrigado a regressar a Portugal, deixando tudo para trás, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, uma casa. Se tudo correr como planeado, a Força Aérea Portuguesa vai evacuar os cidadãos num avião C-130, num voo a realizar esta tarde.
Aos 33 anos, Nuno Eugénio de Góis tinha uma vida tranquila no Egipto, onde está há cinco anos ao serviço de uma empresa multinacional de telecomunicações. Este madeirense, natural da freguesia de São Pedro (Funchal) e que tem a família a residir no Porto Moniz, saiu da sua terra aos 18 anos rumo a Inglaterra e, agora, estava num país de 81 milhões de habitantes muito diferente, mas onde já conseguira se estabelecer, apesar do primeiro ano de maior dificuldade de adaptação à cultura.
Conta a experiência que tem vivido, principalmente nos últimos dias após a revolta popular que pretende derrubar o regime de Hosni Mubarak. "Sábado e domingo foram dias mais calmos, depois dos primeiros dias mais complicados", afirma. "Inclusive no sábado estive no meio da manifestação, uma vez que moro aqui há cinco anos e, ao fim e ao cabo, tenho amigos egípcios e quero estar com eles pela queda de uma ditadura", reforça.
Nuno Góis teve que sair de casa no domingo para ir buscar o passaporte à empresa, onde o tinha deixado para renovação do visto de permanência no país. "Vi muita gente nas filas à espera para comprar água, pão, com medo da escassez de bens essenciais", conta. "Como não há polícia nas ruas, as pessoas que fazem as entregas não têm condições de segurança para o fazer". Ontem foi trabalhar normalmente, viu pouco movimento como é habitual, mas devido ao recolher obrigatório, saiu mais cedo. Inclusive no domingo, primeiro dia de trabalho para os egípcios, houve amigos que são funcionários públicos que foram mandados para casa sem data de regresso, dada a situação caótica no país.
Nuno Góis caracteriza o momento como o eclodir de 30 anos de silêncio, desprezo pelas pessoas, corrupção. As pessoas sentem-se revoltadas. Volta para Portugal para um mês de 'férias' compulsivas, mas provavelmente não à Madeira. "Regresso mas por uma questão de segurança, porque não me senti afectado pessoalmente, não tenho razões de queixa das pessoas, fui sempre muito bem recebido e tratado", garante. "Não se sabe exactamente onde isto vai parar, fala-se de muita coisa para o que virá no futuro, mas no meu caso, gostava mas não sei se regressarei, dependerá da empresa", conclui este relato.
in: Diário Notícias da Madeira, hoje

7 comentários:

  1. É melhor que regresse enquanto a agitação permanecer.

    Quando trabalhava, também numa empresa multinacional sueca de telecomunicações, eles retiravam imediatamente os expatriados ao seu serviço, das zonas de conflito.
    Se ele gosta mesmo de lá trabalhar e as condições se propiciarem a empresa de certo que o mandará para lá de novo.

    Feliz regresso.

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  2. Mãe tem sempre o coração nas mãos. Espero que tudo se resolva e que brevemente volte em segurança.Conheçi situações semelhante pelo menos duas vezes, felizmente tudo correu bem. Aguardemos que os homens não se lembrem duma 3ª guerra mundial. O mundo cavalga a passos largos para tal.
    Um abraço

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  3. Desejo que tenha regressado bem. Por ele, pelos pais, resto da família e amigos que devem ter ficado bem ansiosos com a situação.
    Um beijo para todos.

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  4. Espero que o seu filho tenha chegado bem. Imagino os momentos de aflição.
    Tudo de bom para si e para a família.

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  5. Já o vi chegar através do Jornal da SIC.

    Agora esperemos pela resolução da revolução pois cheira-me que agora é que aquilo vai aquecer.

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  6. (respirar fundo)
    Realmente com o coracao nas maos .....
    Passa-me de tudo pela cabeca... nao me quero sentir um inutil sem trabalho e ter que re-comecar tudo de novo, deixando tudo o pouco que havia construido em 5 anos.
    So agradeco ao estado portugues pela forca de vontade de querer ajudar os Cidadaos que contribuiram e continuarao a contribuir para a sociedade Egypcia. Agradeco a Catarina Pacheco pela persistencia e paciencia a resolver as burocracias locais, e tenho a certeza que o que o estado Portugues nao deve ter gasto para "pagar a gorjeta" de nos darem o "all clear" para termos um representante da Egyptair ou outra companhia aerea que nos fizesse o controle de bagagens e nos levasse ate ao C-130. Depois de esperarmos das 2pm todos juntos (eu cheguei ao aeroporto as 830am)conseguimos embarcar pelas 10pm. Estou bem e feliz de poder rever a minha Familia :)

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  7. Calma e paciência.
    Primeiro a família a salvo. Tudo tem resolução. Melhor!Pois o pior já passou. Questão de tempo, tudo há-de regressar à normalidade. Nada de desanimar.

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