"Onde pus a esperança,
As rosas murcharam logo."
Fernando Pessoa
O mês de Maio foi cinzento, eternamente enevoado, e a primeira quinzena de Junho não tem diferido muito. O sol é escasso e brinca às escondidas.
Nas terras as culturas melam, sobretudo a semilha, numa doença que se espalhou por toda a freguesia e à qual ninguém ficou imune, prejudicando a já precária economia doméstica dos seus proprietários que, entre eles, falam "de perca de 100 toneladas".
Só os pássaros, sem cansaços, cantam dia e noite, voam buscando alimento para as crias. A esta altura do ano os grilos mal cantam e as andorinhas, de voos rasantes e pios seguros, não aparecem. Nem as flores da Primavera persistem e não acredito que um qualquer Sebastião venha a emergir para salvar o reino, rasgando nevoeiros e trazendo a auréola da esperança com a dinâmica necessária.
A vida é contaminada pela morte, a alegria é irmã da tristeza, as lembranças alternam com os esquecimentos, o sonho convive com o quotidiano. Portanto, o Mundo continua a girar.
Já Fernando Pessoa se queixava de que "onde pus a Esperança as rosas murcharam logo" e, quem sou eu para o desdizer?
Portugal é hoje um ramalhete de flores: mudaram-se as águas das jarras e esperamos que com o fertilizante "troika" as flores floresçam e, se mesmo necessitarem poda, resistam em harmonia.
Isto porque é medonho que tenhamos de olhar uns para os outros como criaturas prisioneiras, martirizadas.
Os políticos são olhados como cínicos e os cidadãos exemplares parecem em vias de extinção. Não temos Rei, o clero escapa, que resta à plebe?
O salto de opinião política entre os séculos XX e XXI alterou-se, graças aos meios de comunicação de social, pois hoje já não há casa que não ouça, repetidamente, o eco das desgraças, nossas e dos outros e os feitos do futebol, nas televisões.
Temos de viver a vida de olhos abertos porque na medida em que os anos por nós passam vamos perdendo familiares e Amigos e obrigamo-nos à mudança de conhecimentos e afectos.
E também temos de nos defender com as armas que nos legitimaram como cidadãos: conservar a saúde, evoluir na educação e informação e usarmos o voto político.
A poucos meses de eleições regionais talvez que em vez de um dia de reflexão, na véspera, iniciássemos já esse período reflectivo em nome do rigor, da seriedade governativa, transparência e contenção na despesa do que é público.
A acontecer, seria um milagre de Outubro!
*Carpe diem - aproveita o dia presente (Horacio in: Odes)
Maria Teresa Góis
Publicado no Diário Notícias Madeira, 26-06-2011
As rosas murcharam logo."
Fernando Pessoa
O mês de Maio foi cinzento, eternamente enevoado, e a primeira quinzena de Junho não tem diferido muito. O sol é escasso e brinca às escondidas.
Nas terras as culturas melam, sobretudo a semilha, numa doença que se espalhou por toda a freguesia e à qual ninguém ficou imune, prejudicando a já precária economia doméstica dos seus proprietários que, entre eles, falam "de perca de 100 toneladas".
Só os pássaros, sem cansaços, cantam dia e noite, voam buscando alimento para as crias. A esta altura do ano os grilos mal cantam e as andorinhas, de voos rasantes e pios seguros, não aparecem. Nem as flores da Primavera persistem e não acredito que um qualquer Sebastião venha a emergir para salvar o reino, rasgando nevoeiros e trazendo a auréola da esperança com a dinâmica necessária.
A vida é contaminada pela morte, a alegria é irmã da tristeza, as lembranças alternam com os esquecimentos, o sonho convive com o quotidiano. Portanto, o Mundo continua a girar.
Já Fernando Pessoa se queixava de que "onde pus a Esperança as rosas murcharam logo" e, quem sou eu para o desdizer?
Portugal é hoje um ramalhete de flores: mudaram-se as águas das jarras e esperamos que com o fertilizante "troika" as flores floresçam e, se mesmo necessitarem poda, resistam em harmonia.
Isto porque é medonho que tenhamos de olhar uns para os outros como criaturas prisioneiras, martirizadas.
Os políticos são olhados como cínicos e os cidadãos exemplares parecem em vias de extinção. Não temos Rei, o clero escapa, que resta à plebe?
O salto de opinião política entre os séculos XX e XXI alterou-se, graças aos meios de comunicação de social, pois hoje já não há casa que não ouça, repetidamente, o eco das desgraças, nossas e dos outros e os feitos do futebol, nas televisões.
Temos de viver a vida de olhos abertos porque na medida em que os anos por nós passam vamos perdendo familiares e Amigos e obrigamo-nos à mudança de conhecimentos e afectos.
E também temos de nos defender com as armas que nos legitimaram como cidadãos: conservar a saúde, evoluir na educação e informação e usarmos o voto político.
A poucos meses de eleições regionais talvez que em vez de um dia de reflexão, na véspera, iniciássemos já esse período reflectivo em nome do rigor, da seriedade governativa, transparência e contenção na despesa do que é público.
A acontecer, seria um milagre de Outubro!
*Carpe diem - aproveita o dia presente (Horacio in: Odes)
Maria Teresa Góis
Publicado no Diário Notícias Madeira, 26-06-2011
Já tinha reparado neste texto no DN Madeira.
ResponderEliminarda minha reflexão substitui o "carpe diem" pela " A vida é bela".
um bom Domingo