Noite, velada Noite,
faz-me teu poeta!
Deixa-me entoar as canções
de todos aqueles
que, pelos séculos dos séculos,
se sentaram em silêncio
à tua sombra!
Deixa-me subir ao teu carro sem rodas
que corre silencioso de mundo a mundo,
tu que és rainha do palácio do tempo,
escura e formosa!
Quantos entendimentos ansiosos
penetraram mudos no teu pátio,
vaguearam sem lâmpada pela tua casa,
à tua procura!
Quantos corações, que a mão do Desconhecido
atravessou com a flecha da alegria,
romperam em cânticos
que sacudiam a tua sombra
até aos alicerces!
Faz-me, ó Noite,
o poeta destas almas despertas
que contemplam maravilhadas,
à luz das estrelas,
o tesouro que encontraram
de repente;
o poeta do teu insondável silêncio,
ó Noite!
faz-me teu poeta!
Deixa-me entoar as canções
de todos aqueles
que, pelos séculos dos séculos,
se sentaram em silêncio
à tua sombra!
Deixa-me subir ao teu carro sem rodas
que corre silencioso de mundo a mundo,
tu que és rainha do palácio do tempo,
escura e formosa!
Quantos entendimentos ansiosos
penetraram mudos no teu pátio,
vaguearam sem lâmpada pela tua casa,
à tua procura!
Quantos corações, que a mão do Desconhecido
atravessou com a flecha da alegria,
romperam em cânticos
que sacudiam a tua sombra
até aos alicerces!
Faz-me, ó Noite,
o poeta destas almas despertas
que contemplam maravilhadas,
à luz das estrelas,
o tesouro que encontraram
de repente;
o poeta do teu insondável silêncio,
ó Noite!
Rabindranath Tagore
In: "O Coração da Primavera"
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