Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorri
domingo, novembro 30, 2008
TABACARIA - Alvaro de Campos
sexta-feira, novembro 28, 2008
TRANSITORIEDADE
LOUCOS E SANTOS - Oscar Wilde
Oscar Wilde 16.10.1854 / 30.11.1900
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
quinta-feira, novembro 27, 2008
Experiência?Quem a tem se a todo o momento tudo se renova...
Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a
seguinte pergunta: "Você tem experiência?" A redação abaixo foi desenvolvida
por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e
ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e
acima de tudo por sua alma.
REDAÇÃO VENCEDORA:
Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei
brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já
conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser
astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da
cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já
tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi
sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já
raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba
apressado, já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais
difíceis de se esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar
estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda. Já
fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão
do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já
corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil
pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado,
já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir
dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não
encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase
morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso
de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de
levantar.
Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei
rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas
sempre era um "para sempre" pela metade. Já deitei na grama de madrugada e
vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo
chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas
feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú,
chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e
grita: "Qual sua experiência?". Essa pergunta ecoa no meu cérebro:
experiência... experiência... Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa
experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria
de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: "Experiência?
Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?"
(origem:net)
quarta-feira, novembro 26, 2008
C H O V E
Chove.
O plaino imenso canta,
Se encharca e escorre
Enquanto a chuva dança.
Chove.
Num alongado permanente
Que se esvai e morre,
Como gente.
Chove,
Nascida do céu perdida no chão,
Transparente, fria,
Em doação.
Chove
E a chuva é vida
Que cria, recria.
A benção jorrada
De Divina mão.
E quando assim chove
Há sol, alegria,
No meu coração.
terça-feira, novembro 25, 2008
Eça de Queirós - 25 Nov 1845
segunda-feira, novembro 24, 2008
domingo, novembro 23, 2008
Para a minha AMIGA ZÉ
MANDEI PARAR O VENTO PARA TI....
Mandei parar o vento para ti,
Para que não tivesses medos infundados,
Para que mergulhasses nos meus olhos,
Serenos,
Mandei parar o vento para ti.
A tua mão tocou a minha mão,
Num arrepio,
Com a força intransponível, rarefeita,
De momentos ansiosos, libertados,
Na simbiose perfeita,
E mandei parar o vento para ti.
Para que não tivesses medos,
Infundados,
Para ti, só para ti,
Mandei parar o vento.
UMA JANELA AZUL, POR MARTE
Tarde de domingo insonsa, insonsa e inútil, prolongada, como tantas as que já me aconteceram na vida.
Encosto-me à janela onde a claridade, sem pudor, empurra um sol quente. Olho a paisagem, repetidamente olho a paisagem, onde céu e mar são a simbiose perfeita, sem fronteira, num azul puxado de lustro, dorido de tanta cor. As terras negras, vulcânicas, acentuam-no e o espírito cansado, impotente, foge-me para Marte. Marte, onde vivi anos sem calendário, sem festas, memórias, onde tudo é igual e diferente e se desconhece o contraste.
Humanidade diversa, com os desejos e frustações marcianos e que eu tanto quereria ajudar! Um só azul me pediam – um só azul para Marte! Tentei encontrar laivos verdes e amarelos para operar o milagre...Impossível.
E naquele mundo sem cor nenhuma, de manhãs sem alvoradas e noites descoloridas, um só desejo: azul. Ironia, pois até a caneta azul que sempre me acompanha desaparecera!
Olho o mar num desafio imenso como se a força do meu pensamento vencesse vácuos, distâncias imensuráveis, temendo trair uma vez o segredo confiado.
Famílias domingueiras passam alegres, despreocupadas da minha janela.
Um miúdo gorducho chora e abana o braço da mãe. Na outra mão um imenso balão azul – AZUL – dança no tempo. A mãe, como todas as mães de domingo, acaba por ceder e dá-lhe a guloseima escondida.
Num repente, em que a avidez o distrai, o balão foge, ondula subindo, azul sobre azul.
Choram-me os olhos e a alma, pedindo que suba, numa prece que eu nunca usei, suba direito e seja UM AZUL PARA MARTE.
N- "invente un final para el cuento de José Saramago – Um azul para Marte" – In: Foro-I congresso tecnologias Y transformación del empleo – Abril 2002. (Divulgado na Net)
sábado, novembro 22, 2008
quinta-feira, novembro 20, 2008
NÃO SEI O TEU NOME
terça-feira, novembro 18, 2008
O MICKEY faz hoje 80 anos
segunda-feira, novembro 17, 2008
RATIO ATQVE INSTITVTIO STVDIORVM
DOCUMENTO DO SEC XVI
"Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que preservar a boa disposição dos professores (…). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (…)."
"Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações."
Recomenda-se a todos os professores um dia de repouso semanal: "A solicitude por parte dos superiores anima muito os súbditos e reconforta-os no trabalho."
"Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo os professores começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e negligência, para que não lhes suceda o mesmo."
Incentivar e valorizar a sua produção literária: porque "a honra eleva as artes."
"Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os professores (…) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral, nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades, com maior liberdade e confiança. Todas estas coisas concorrem grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito algum reparo aos professores, se disso houver necessidade."
"I. 22. Para as letras, preparem-se professores de excelência
Para conservar (…) um bom nível de conhecimento de letras e de humanidades, e para assegurar como que uma escola de mestres, o provincial deverá garantir a existência de pelo menos dois ou três indivíduos que se distingam notoriamente em matéria de letras e de eloquência. Para que assim seja, alguns dos que revelarem maior aptidão ou inclinação para estes estudos serão designados pelo provincial para se dedicarem imediatamente àquelas matérias – desde que já possuam, nas restantes disciplinas, uma formação que se considere adequada. Com o seu trabalho e dedicação, poder-se-á manter e perpetuar como que uma espécie de viveiro para uma estirpe de bons professores.
II. 20. Manter o entusiasmo dos professores
O reitor terá o cuidado de estimular o entusiasmo dos professores com diligência e com religiosa afeição. Evite que eles sejam demasiado sobrecarregados pelos trabalhos domésticos."
Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599).
domingo, novembro 16, 2008
CARTA QUE NINGUÉM VAI LER
Este título não é uma derrota. É, tão-somente, a constatação da prepotência ainda existente, da falta de mudança de tempos e, sobretudo, de mentalidades.
Celebrou-se a 15 de Novembro o DIA MUNDIAL CONTRA A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES.
Não vi nenhum político, nenhum dirigente responsável, nenhum membro da Igreja comentar ou exercer advertência. Até que na 1ª leitura deste Domingo de celebração Eucarística o autor exige da Mulher a virtuosidade, o trabalho, a perfeição. E a reflexão leva-me à analogia.
Retiro a palavra Mulher e escrevo Igreja, retiro Igreja e ponho Homem e acabo reflectindo na Humanidade social em que nos inserimos.
Na célebre, porque infeliz na minha óptica, carta aos Efésios 5 que ainda hoje é lida e não explicada nas Igrejas deste Mundo, o Autor diz: “as mulheres sejam submissas a seus maridos como ao Senhor, pois o marido é a cabeça da mulher…” Dia Internacional contra a violência sobre as Mulheres! Hoje todos sabemos bem, é notório, que são as Mulheres a cabeça, a bússola da casa, a empregada, a Mãe, conjugue, dona de casa, a essência da simples existência. E, quantas vezes, estas tarefas lhe são pedidas não com carinho mas com prepotência.
É urgente um elo de ligação entre o que se diz e o que se faz. É urgente deixar a “preguiça estéril” que é tão comum e tão bem aceite e aprender que é nos pequenos gestos, nos mais pequenos gestos, que se afirma a Solidariedade, o Respeito, o Amor.
sábado, novembro 15, 2008
Andei eu enganada mais de 40 anos....
HÁ DIAS ASSIM
Vejo-te triste e isso dói-me. Não que eu não tenha, também, momentos de escuridão. Contudo, vendo-te triste é diferente. Não, não me sacudas porque sou teimosa. Conheço-me e conheces-me. Vá, vem daí, prometo-te mundos novos que nunca olhaste pelos meus olhos e olha que já não vejo tão bem assim... Descansa, nada se perde com a clarividência de espírito. Vem, não sejas chata, vem daí! Vá lá, dá cá a mão que a paciência também se esgota.
O dia já se afasta e a paisagem aflita de luz chama o tempo de outono, nesta hora já palpável, quase viscoso. Invísiveis dedos tangem o vento e os pássaros apressam a procura do jantar.
Olha as ancas da colina, verdes, musgosas, onde poucas árvores friorentas ressalvam lamúrias.
Vês, vês como é bom habitar a paisagem, soprar o cansaço da vida e abraçar esta sugestão de crepúsculo ensanguentado? Cansou-te a liberdade de correr, de perseguir o vento e, ainda não viste o vento...
Agora terás na noite um sono de pássaro, quieto, com o equílibrio leve de penas arrumadas.
E eu, quase por osmose, prolongarei a tua tristeza.
sexta-feira, novembro 14, 2008
Madeirense falado...
Madeirense e mainada!
Mandem lá 1 cubano (continental) ler isto e perguntem se ele entendeu alguma coisa
Tava o vendeiro no paleio com o vadio do vilão quando ouviu uma zoada. Era a água de giro.
O buzico do levadeiro que vinha mercar palhetes à venda, vinha às carreiras e a fazer patifarias e a chungalhar os badalos da vizinhança pelo caminhe abaixe como um demoine.
Dá-lhe uma cangueira, trompicou nas passadas e empuxou o vilhão qué um cangalhe dum home.
Bate cas ventas no lanço e esmegalha a pucra. O vilhão dá-lhe uma reina vai a cima dele para lhe dar uma relampada, patinha uma poia. Ficou todo sovento.
O vendeiro dá-lhe uma rezonda por ele querer malhar num bizalho dum piquene. Vem o levadeiro, e, ao ver o vassola, que anda à gosma e a encher o pandulho à custa dos outros, a ferrar com o filho, fica variado do miolo e diz-lhe umas. O vilão atazanado, atremou mal e pensou que ele lhe tinha chamado de chibarro, ficou alcançado, deu-lhe uma rabanada e foi embora .
Todo esfrancelhado. O levadeiro ficou mais que azoigado mas lá foi desantupir a levada.
O piquene chegou a casa todo sentido, com um mamulhe. A mãe que é uma rabugenta mas abica-se por ele, ao ver ele todo imantado e a tremelicar das canetas, deu-lhe um chá que era uma água mijoca, pensando que canalha é mesmo assim, mas, como ele não arribava, antes continuava olheirento, entujado e da chorrica foi curar do bicho virado e do olhado roxo.
O busico arribou e até já anda a saltar poios de bananeiras na Fajã.
É assim que se fala na Madeira!! ou se falava!!!!
Uma boa semana,
Assim se Fala em Bom Madeirense ,se não sabem o que é ser madeirense.BASTA OUVIR O ALBERTO JOÃO JARDIM (sem palavrões, claro!)
quinta-feira, novembro 13, 2008
Para a minha neta Marta
quarta-feira, novembro 12, 2008
T I M O R - 12 de Novembro 1991
terça-feira, novembro 11, 2008
90 ANOS - 11 de Novembro de 1918 ARMISTÍCIO
segunda-feira, novembro 10, 2008
morreu MIRIAM MAKEBA
Activista e defensora dos direitos humanos, lutou contra o racismo, foi exilada do seu país onde regressou após a libertação e a convite de Nelson Mandela. Era a MAMMA AFRICA.
Grande voz da música afro, grande Mulher que ninguém conseguiu calar. Morreu em Nápoles,de ataque cardíaco, no final de um concerto para o qual fora convidada.
Descanse em Paz !
domingo, novembro 09, 2008
CASOS DO DIA
quinta-feira, novembro 06, 2008
SARA PALIN pensava que África era um país...
Ela pensava que África era um país e que a África do Sul era a parte sul desse país.
Também não sabia que países faziam parte da NAFTA, zona de comércio livre da América do Norte, um dos temas da Campanha.
Não seria melhor submeter os candidatos(as) a cargos políticos a testes de Cultura geral?
A Madeira precisa de um Obama???
quarta-feira, novembro 05, 2008
A verdadeira história do Pirata da Perna de Pau
-Porque é que tens essa perna de pau?
O pirata explica:
-Nós estávamos no meio de uma tormenta no mar. Uma onda enorme passou por cima do navio e atirou-me ao mar. Eu caí no meio dos tubarões, lutei contra eles e consegui voltar para o navio mas um tubarão conseguiu abocanhar a minha perna.
-Que história! Mas e o gancho? Foi culpa do tubarão também?
- Não, o gancho foi outra história. Nós estávamos a abordar um barco inimigo e, enquanto lutávamos, fui cercado por quatro marinheiros. Consegui matar três mas o malvado do quarto cortou-me a mão.
- E a pala do olho?
- Uma gaivota cagou-me no olho.
- E perdeste o olho só por causa da merda da gaivota???
- Era o meu primeiro dia com o gancho…
segunda-feira, novembro 03, 2008
EU VOTO ...OBAMA
sábado, novembro 01, 2008
02 de Novembro, dia de todos nós!
Estranho rosto onde as feições da Morte vizinha,
Se sobrepõem às tuas.
Parece-me olhar um rosto de água,
Em que a imagem ondula e, contudo,
Encovam-te as faces pequenos sulcos de Vida.
Os olhos cerrados já não vêm
E a testa alisa-se numa pele repuxada de máscara!
Da boca entreaberta sai o fôlego da Alma
E o pulso enfraquece na frieza das mãos.
A distância cresce entre nós e nada posso fazer!
A camisa marcada do hospital lembra-me as vestes de um Holocausto.
Não é a Vida imolação?
Para onde vais Amiga, tu que nunca abandonaste a luta?
Quisera que partisses sem a face feia do sofrimento,
Sem o estertor da vida que se apaga,
Sem a consciência do que deixas e que é Nada.
Quisera deixar-te adormecer no encantamento de um embalo quente,
Tão quente que anulasse a tua frieza.
Vais.
Foste. E eu fico mais pobre!