Assumo a noite e o mal que nela está
Como na rosca estriada o equinoderme.
Tenho a culpa de tudo, a boca de Eu:
Eu, eu, golfado, - e o mais um verme.
Sou investido por mim mesmo no Outro
Ajoelhado na rua a apanhar trapos,
E o que o carrega, e a criança decepada
Encarno em sua mãe e em seus farrapos.
Tiro lama das unhas. Acendo
O cocktail do desespero, a estrela morta
No milhão de anos-luz. E vendo
Que sou assim como a espora no flanco
Do Cavalo fugido, e o casco, e o pó,
Paro à porta de Deus e choro,
Paro à porta de Deus e choro só.
Como na rosca estriada o equinoderme.
Tenho a culpa de tudo, a boca de Eu:
Eu, eu, golfado, - e o mais um verme.
Sou investido por mim mesmo no Outro
Ajoelhado na rua a apanhar trapos,
E o que o carrega, e a criança decepada
Encarno em sua mãe e em seus farrapos.
Tiro lama das unhas. Acendo
O cocktail do desespero, a estrela morta
No milhão de anos-luz. E vendo
Que sou assim como a espora no flanco
Do Cavalo fugido, e o casco, e o pó,
Paro à porta de Deus e choro,
Paro à porta de Deus e choro só.
Vitorino Nemésio
in - Bicho Harmonioso (1938)
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