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terça-feira, dezembro 08, 2009

Activista sarauí recusa ser alimentada à força como quer a Espanha

Apoiantes falam em "assassínio em câmara lenta" e pedem a Madrid que assuma as responsabilidades históricas no Sara Ocidental
Aminatu Haidar continua com a mesma determinação que há duas semanas demonstrou em entrevista telefónica ao DN. "Ela está muito mal em termos de saúde, mas bem do ponto de vista psicológico. O que pede é respeito pela liberdade de levar a sua luta até ao fim, recusando ser alimentada à força, como quer a Espanha", disse ontem ao DN Carmelo Rodríguez, um dos membros da plataforma de apoio à activista saraui.
Mãe de dois adolescentes, Aminatu entrou ontem na sua quarta semana de greve de fome pelo direito a regressar a El Aiún, de onde foi expulsa no mês passado pelas autoridades marroquinas com a conivência do Governo espanhol. Isto depois de ter escrito no formulário de chegada àquela cidade que o seu país de origem era o Sara Ocidental e não Marrocos.
A activista sarauí fez ontem saber através dos seus apoiantes e advogada que assinou um documento reconhecido por notário a recusar receber cuidados médicos e receber a visita de qualquer técnico de saúde, antecipando já a presença de um médico enviado pelo juiz ao aeroporto da ilha canária de Lanzarote.
A justiça está a estudar a hipótese de submetê-la a alimentação forçada para evitar a sua morte. E também para evitar o embaraço do Governo socialista espanhol, que pode vir a ser acusado de deixar morrer uma activista de direitos humanos enquanto não hesitou em salvar a vida de um etarra em greve de fome por razões humanitárias.
"Aquilo a que estamos a assistir é a um assassínio em câmara lenta com transmissão em directo para o mundo", acrescentou Carmelo Rodríguez, acusando as autoridades espanholas de criarem simulacros para mostrar que estão a fazer alguma coisa para resolver a situação. "O voo de regresso a El Aiún na sexta-feira é um exemplo disso, pois os espanhóis já sabiam que não tinham autorização de Marrocos."
O responsável considerou ainda que a resolução que o ministro Miguel Ángel Moratinos ontem estava a tentar fazer aprovar no Parlamento de Espanha "não vai servir rigorosamente para nada. O Governo já fez, pela voz de José Luis Rodríguez Zapatero, declarações muito graves,dizendo que o que deve predominar é o interesse geral de Espanha, ou seja, os interesses económicos e não os direitos humanos".
Indo mais longe, Ramírez disse mesmo que Espanha, antiga potência colonial do Sara Ocidental, devia seguir o exemplo português em Timor-Leste "promovendo o direito dos sarauis a um referendo sobre a sua autodeterminação".
Marrocos, por seu lado, voltou ontem a acusar Aminatu Haidar de estar ao serviço dos argelinos que apoiam a Frente Polisário. E perguntou a Espanha se quer passar a lidar com um país que feche os olhos às ondas de imigrantes ilegais subsarianos.(in DN)

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