Morreu a que terá sido a figura mais materna - por isso tão solidária e carismática - do movimento emancipador contra a opressão colonial nas possessões africanas portuguesas. Alda Espírito Santo tinha 83 anos.
Alda Graça, como também era conhecida, foi poeta, ministra (da Cultura e da Informação), deputada e presidente da Assembleia Popular do seu país, São Tomé e Príncipe.
Sobretudo, foi um dos esteios da implantação do ensejo da "reafricanização dos espíritos", como dizia o seu camarada Amílcar Cabral quando ambos fundaram em Lisboa, com Mário Pinto de Andrade, Francisco José Tenreiro, Marcelino dos Santos e outros, o CEA-Centro de Estudos Africanos, estrutura que - ainda mais do que a Casa dos Estudantes do Império, que também frequentavam - foi instrumento de formação das jovens consciências emancipadas no início da década de 50.
Depois ela teve que interromper estudos e regressou a São Tomé, sempre defendendo perseguidos, acalentando desassossegos, criando esperanças.
Luto nacional durante 5 dias
A jornalista e poeta são-tomense Conceição Lima escreveu, nos 83 anos de "Mais Velha" Alda: "Brincámos, descalços, na orla das praias por ela sonhadas, navegámos a largueza do poema. Moldámos concretas utopias, no âmago da praça plantámos a raiz do verso". Esse percurso fizeram-no são-tomenses, angolanos, cabo-verdianos (que lhe entregaram, há muito, a insígnia de Combatente da Liberdade da Pátria), guineenses, moçambicanos, portugueses...calcorreando o caminho alumiado pela poeta da tão antiga casa da Chácara.
Alda Espírito Santo, autora do hino nacional de São Tomé e Príncipe morreu dia 9, em Luanda, Angola, de complicações da diabetes. O Governo são-tomense decretou cinco dias de luto.
fonte: Expresso
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