Sacerdote da diocese do Funchal, José Luís Rodrigues é pároco em S. José e S. Roque. Apesar de viver bem o seu celibato - acredita que não tem vocação para o matrimónio - defende que os padres deveriam poder fazer essa escolha e casar, se assim fosse a sua vontade.
Porque defende o fim do celibato na Igreja Católica?
Por um lado, não defendo o fim do celibato. Defendo que tem de ser uma medida opcional, porque também acho que o celibato pode ser um dom e uma riqueza para a Igreja e para o mundo. Porém, entendo que não devia ser uma medida imposta em absoluto. O candidato à ordenação presbiterial devia ter a possibilidade de escolher ser celibatário ou poder assumir o sacramento do matrimónio. Desta forma teríamos vocações na Igreja muito mais saudáveis e seria uma grande riqueza para toda a Igreja o clero conviver entre si com clero casado e clero solteiro. Por outro lado, o celibato imposto acaba por ser uma medida antinatural e anacrónica e contra a tradição do primeiro milénio da Igreja, porque o celibato imposto só começou com o Papa São Gregório VII [1073 a 1085].
Desde quando assume essa posição?
Desde o momento em que comecei a tomar conta de que havia muita infelicidade dentro do clero e por ter convivido com sacerdotes idosos que defendiam a abolição do celibato imposto. É impressionante, mas entre o clero mais velho há uma grande parte que defende essa convivência entre clero casado e clero solteiro (celibatário). Os escândalos de pedofilia no interior da Igreja vieram reforçar a minha convicção e a certeza de que é preciso ter coragem para mudar.
Gostava de poder casar? Como vive o seu celibato?
Antes de ser ordenado padre pus essa possibilidade. Mas, depois disso, não, parece que descobri que não tenho vocação para o matrimónio. Pela experiência da vida vou descobrindo que estar casado é muito envolvente, requer muita entrega e tenho receio que falhasse nesses aspectos. O meu celibato é vivido de forma normal. Sou feliz como padre, gosto muito do trabalho que realizo. Porém, sempre procuro não ser um "funcionário de Deus". Obviamente que há momentos muito desafiadores, propostas que nos abalam. Mas com algum esforço podemos sempre vencer.
As notícias sobre abusos sexuais de menores cometidos por padres podem estar relacionadas com o celibato?
Muito clero na vida activa vê-se confrontado com tantas situações que pode facilmente descontrolar-se. Uma das formas de esconder ou sublimar a homossexualidade pode ser enveredar pela vida sacerdotal, o que é um grande mal, para a própria pessoa e para a Igreja. A pedofilia é uma questão muito complexa e deve ser analisada em todos os prismas. Porém, não aceito que tenha a ver directamente com a homossexualidade, esta é outra questão. A pedofilia, a meu ver, é um descontrolo, uma tendência doentia que deve ser reprimida, porque se é doença é também um crime terrível, em relação ao qual todos os que o cometem devem ser chamados a contas perante os tribunais deste mundo.
Porque encobriu a Igreja, durante décadas, os padres pedófilos e foi tão branda com eles?
Porque são imensos os casos. Tendo em conta o património moral da Igreja, se estas situações forem faladas revelam-se o maior dos escândalos, pondo a nu alguma hipocrisia. A alma da Igreja foi o segredo, mas o nosso tempo não permite que ele perdure. A comunicação é muito forte e a Igreja não sabe lidar com isso. Pela primeira vez na sua história aparece uma coisa com a qual não sabe lidar. Isso é o fim, o descontrolo e os tiros no pé.
Nota da redacção - Para ler entrevista na íntegra, consulte o blog obanquetedapalavra.blogspot.com
Nota da redacção - Para ler entrevista na íntegra, consulte o blog obanquetedapalavra.blogspot.com
Amiga, eu não acredito na igreja. As confissões auriculares eram um flagelo para as mulheres. Na adolescência se o padre tivesse uma tendencia para a homossexualidade nunca mais nos largava do confessionário sempre à volta do sexo. As mulheres casadas eram vítimas de tanta interrogação. Por isso mesmo, aquilo eram uma forma deles se divertirem para não dizer outras coisas mais "celestiais".... Tenho amigos padres, mas fujo da maioria deles pela falsidade dos seus caracteres. São personalidades fechadas. Eu próprio fui expulso de um grupo (ex-JIC) por ter verificado que havia uma relação muito intima entre um padre e uma leiga. Como os dois sabiam que eu tinha conhecimento, arranjaram-me um pretexto político-partidário para me porem na rua.Dizendo que eu já não estava em sintonia com o grupo. Não participava nas eucaristias etc etc. E fui para a rua há cerca de 30 anos. Foi uma benção de Deus. O tal aforismo "que Deus escreve direito por linhas tortas". Hoje sou crente, quiçá, um beato à solta, mas sem igrejas.
ResponderEliminarQuem pode acreditar nesta Igreja? A religião teria de voltar ao tempo das catacumbas, da partilha, da igualdade, da pobreza e da fraternidade. Não precisamos de acreditar "na igreja".Precisamos de ter a nossa própria medida de espiritualidade e de reconhecimento. Isso basta O simples canto de uma ave como o melro pode levar a uma oração...Precisamos de estar em paz connosco e com os outros,sermos solidários conscientes. É uma doutrina!Costumo dizer, e não é a brincar, que sou católica, apostólica, mas não romana.
ResponderEliminarAbraço