É primavera, dessa que não acontece só no calendário, porque a natureza desperta emergindo dos castanhos cobre para os verdes tenros que surpreendem, em humidades cúmplices. A poalha da manhã é um manto amarelado que se espreguiça, espalha e desaparece no calor do sol. O ar fresco traz os cheiros da noite já coados pela luz. Apetece respirar fundo e pensar que cada dia é um começo. Mas não é.
As caras estremunhadas e remelentas das crianças que esperam, cedo demais, o transporte da escola, os que de foice ao ombro vão ou vêem dos palheiros, o carro do pão parado na venda, a conversa de comadres, dizem de um começo de séculos que temos de prosseguir.
A mesma bica, do mesmo café e da mesma máquina, não tem um mesmo sabor!.
Não pode ter porque o "bom dia" que se troca não tem as mesmas entoações, as mesmas vibrações.
Mas a manhã espalha-se no tempo e nas vontades contrafeitas, adianta-se no dia soalheiro e a continuidade acontece.
Crianças passam para a escola numa mão dada que é o prolongamento do braço das mães que as arrastam, enquanto outras caminham ajoujadas pelo peso da mochila, mas alegres.
E é essa pequena Alegria que nos garante a Primavera, todos os dias.
Maria Teresa Góis
Lindo texto , amiga Tuka.
ResponderEliminarFeliz Primavera para si!
Beijinho, Cecília
Que lindo texto...
ResponderEliminarAqui no Brasil, começou o outono e aí a primavera. Amo a primavera...
E sinceramente, desejo que ela seja absolutamente linda, que lhes traga uma visão mais feliz, uma esperança de renascimento...de encorajamento, diante de tudo o que ocorreu por aí.
Um grande abraço