fonte: DN Grande-branca-da-madeira encontra-se entre as várias espécies mais ameaçadas
Um terço das 482 espécies de borboletas da Europa sofreu um declínio visível na última década e 9% (43) estão agora gravemente ameaçadas de extinção, enquanto outros 10% (48) se encontram na fronteira desse perigo. Uma das que está à beira da extinção é uma borboleta branca da Madeira. Estes são dados da "Lista Vermelha das Borboletas Europeias", elaborada pela IUCN - International Union for Conservation of Nature, em colaboração com a União Europeia (UE), que foi divulgada ontem.A grande-branca-da-madeira (Pieris wollastoni), borboleta única que só existe naquela ilha portuguesa, é uma das 43 espécies destes insectos que se encontram em situação crítica na Europa. Não é avistada há mais de 20 anos e há até quem já a tenha declarado extinta (ver caixa). Para inverter o problema que está a afectar estas espécies na Europa, a IUCN propõe no relatório que se invista, entre outra medidas, na protecção dos habitats, com a melhoria das políticas agrícolas, e na monitorização mais apertada das espécies ameaçadas.
A perda acelerada de habitats, com alterações drásticas nas práticas agrícolas, quer pela sua intensificação em algumas regiões quer pelo abandono noutras, é justamente um dos problemas- -chave para explicar o que está à acontecer às populações de muitas espécies de borboletas europeias. Mas as mudanças climáticas, sobretudo pelas secas mais intensas que acarretam, e a crescente pressão turística também estão entre os culpados do panorama pouco animador traçado no relatório da IUCN.
"A maioria das borboletas em risco são do Sul da Europa", adiantou Annabelle Cuttelod, a coordenadora da "Lista Vermelha Europeia" na IUCN, sublinhando que "a sua principal ameaça é a perda de habitat, a maior parte das vezes provocada por alterações nas práticas agrícolas, tanto pela intensificação como pelo abandono, ou devido às alterações climáticas, fogos florestais e a expansão do turismo".
De acordo com o levantamento feito pelos especialistas, é a prática intensiva da agricultura, que surge no topo das ameaças às espécies de borboletas europeias (afecta mais de 30 espécies), seguida de perto pelo abandono da terra (mais de 20 espécies afectadas) e pela mudança climática, sobretudo por causa das secas, com duas dezenas de espécies a sofrer impactos negativos em consequência deste problema.
Além do seu valor próprio, enquanto riqueza biológica, "as borboletas são importantes indicadores de biodiversidade e desempenham um papel importante nos ecossistemas, nomeadamente através das suas actividades polinizadoras", lê-se no relatório. Ou seja, o declínio acentuado das populações de um terço das borboletas europeias verificado durante o século XX, e que se prolongou até hoje, não é um bom sinal do ponto de vista da saúde dos ecossistemas onde esse declínio se manifesta.
Considerando apenas o território europeu da UE a 27 - o relatório faz essa especificação -, os especialistas contabilizam um total de 451 espécies de borboletas. Destas, 37 (8,5%) estão ameaçadas. Em Portugal existem 147 espécies de borboletas e, aparte a grande-branca-da-madeira, não existe mais nenhuma em risco crítico de extinção.
Multiplicar acções de protecção dos habitats é a palavra de ordem para o futuro imediato.
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