É primavera, dessa que não acontece só no calendário, porque a natureza desperta emergindo dos castanhos cobre para os verdes tenros que surpreendem, em humidades cúmplices. A poalha da manhã é um manto amarelado que se espreguiça, espalha e desaparece no calor do sol. O ar fresco traz os cheiros da noite já coados pela luz. Apetece respirar fundo e pensar que cada dia é um começo.
Mas não é.
As caras estremunhadas e remelentas das crianças que esperam, cedo demais, o transporte da escola, os que de foice ao ombro vão ou vêem dos palheiros, o carro do pão parado na venda, a conversa de comadres, dizem de um começo de séculos que temos de prosseguir.
A mesma bica, do mesmo café e da mesma máquina, não tem um mesmo sabor!
Não pode ter porque o “bom dia” que se troca não tem as mesmas entoações, as mesmas vibrações. Mas a manhã espalha-se no tempo e nas vontades contrafeitas, adianta-se no dia soalheiro e a continuidade acontece.
Crianças passam para a escola numa mão dada que é o prolongamento do braço das mães que as arrastam, enquanto outras caminham ajoujadas pelo peso da mochila, mas alegres. E é essa pequena Alegria que nos garante a Primavera, todos os dias.
Maria Teresa Góis
Há também outros sinais que não apenas os da natureza que demonstram que a Primavera chegou. Ainda bem que chamou a atenção para isso.
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