[google6450332ca0b2b225.html

segunda-feira, agosto 08, 2011

Canção de Batalha

 Que durmam, muito embora, os pálidos amantes, Que andaram contemplando a Lua branca e fria... Levantai-vos, heróis, e despertai, gigantes! Já canta pelo azul sereno a cotovia E já rasga o arado as terras fumegantes...   Entra-nos pelo peito em borbotões joviais Este sangue de luz que a madrugada entorna! Poetas, que somos nós? Ferreiros d'arsenais; E bater, é bater com alma na bigorna As estrofes de bronze, as lanças e os punhais.   Acendei a fornalha enorme — a Inspiração. Dai-lhe lenha — A Verdade, a Justiça, o Direito — E harmonia e pureza, e febre, e indignação; E p'ra que a labareda irrompa, abri o peito E atirai ao braseiro, ardendo, o coração!   Há-de-nos devorar, talvez, o incêndio; embora! O poeta é como o Sol: o fogo que ele encerra É quem espalha a luz nessa amplidão sonora... Queimemo-nos a nós, iluminando a Terra! Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!  

Guerra Junqueiro, in 'Poesias Dispersas'

Sem comentários:

Enviar um comentário