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domingo, março 07, 2010

Os nossos 25 primos em extinção

por Mariana Correia de Barros DN
Os nossos 25 primos em extinção
O estudo 'Primates in Peril: The World's Most Endangered Primates, 2008-2010' revela que 48% das espécies de primatas estão em perigo de extinção. Um número alarmante, já que o estudo anterior, divulgado em 2007, indicava apenas 25% de espécies ameaçadas.
Metade dos primatas do mundo está em vias de extinção. A conclusão é de um estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza UICN), que avaliou o estatuto de conservação das 630 espécies de primatas que existem no mundo, desde gorilas, chimpanzés, lémures e muitos outros, menos conhecidos, como galagos ou lóris. Das 300 em risco, 25 foram consideradas como as mais ameaçadas. Para salvá-las é preciso tomar medidas urgentes.
Esta nova lista das espécies mais ameaçadas tem por objectivo "chamar a atenção do público, incitar os governos nacionais a fazer mais e particularmente encontrar os recursos para aplicar as medidas de conservação urgentes", considerou Russel Mittermeier, presidente do Grupo de Especialistas em Primatas da UICN. A lista inclui cinco espécies de Madagáscar, seis de África, 11 da Ásia e três da América Central e do Sul.
"As zonas com maior diversidade de primatas tendem a ser também as zonas com maior diversidade biológica, em geral, as florestas tropicais. São essas zonas as mais ameaçadas", explica Cláudia Sousa, professora de Primatologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Entre as principais ameaças estão a destruição das florestas tropicais, o comércio ilegal de animais selvagens e a caça ilegal. Cláudia Sousa salienta também "o impacto das elevadas densidades populacionais humanas, em especial nas zonas mais pobres do globo, aquelas onde  vive  a maior parte dos primatas em habitat natural. Estas populações humanas dependem dos recursos que as florestas oferecem e vão estar a competir com os animais que habitam as florestas". Por outro lado, os impactos ambientais e poluição podem representar também uma ameaça, "mesmo que não tão imediata".
Os especialistas dão especial destaque ao langur-de-cabeça-dourada, conhecido como o langur-de- cat-ba, endémico da ilha Cat Ba, no Nordeste do Vietname, onde existem apenas 60 a 70 indivíduos. Da mesma região, salientam a conservação do gibão-de-crista-negra, listada em 110 indivíduos, e de uma espécie de lémures (Lepilemur septentrionalis) de Madagáscar, com menos de 100 indivíduos. Na Ásia, o orangotango-de-samatra teve também um elevado decréscimo populacional e estima-se que a sua população seja inferior aos 7000 indivíduos.
A ameaça aos primatas não é recente, no entanto, "a velocidade a que desaparecem espécies e habitats é muito maior do que no passado", salienta a especialista em primatologia. A título de exemplo, os chimpanzés eram considerados em 1994 como uma espécie "vulnerável" e dois anos depois passaram ao estatuto de "ameaçados". O mesmo percurso dos gorilas, que em 2007 foram considerados "criticamente ameaçados".
De acordo com a UICN, os primatas estão entre os grupos de vertebrados mais ameaçados. Apesar da existência de alguns projectos de conservação das espécies, "muitos vão funcionando à custa do trabalho e paixão dos seus membros, mas têm diversas carências económicas", refere Cláudia Sousa. "Quando a espécie apenas existe num pequeno território, não é caro para a sociedade protegê-la", diz Simon Stuart, presidente da Comissão de Sobrevivência das Espécies da UICN. O objectivo é encorajar os governos a aplicar medidas de conservação. "Temos os recursos para enfrentar esta crise, mas até agora não os conseguimos implementar."

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