
(...) Não me venham meter ao mesmo nível essoutras amizades comuns! Conheço-as tão bem como qualquer outro, e até algumas das mais perfeitas do género, mas não aconselho ninguém a confundir as suas regras: laboraria num erro. Em tais amizades deve-se andar de rédeas na mão, com prudência e cautela - o nó não está atado de maneira que, acerca dele, não se tenha de nutrir alguma desconfiança. «Amai o vosso amigo», dizia Quílon, «como se algum dia tiverdes que o odiar; odiai-o como se tiverdes que o amar.» Este preceito, tão abominável se aplicada à soberana e superna amizade, é salutar a respeito das amizades comuns e habituais, em relação às quais se deve empregar este dito tão ao gosto de Aristóteles: «Ó amigos meus, não há nenhum amigo!»
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'
Complicado os amigos. São os únicos que nos podem verdadeiramente nos magoar.
ResponderEliminarSaber escolher. E merecer.