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sábado, dezembro 18, 2010

MENINO JESUS DA MINHA COR

Meu Natal Timor,
Meu primeiro Natal.

Quantos anos tinha?!
Nunca o soube ao certo.

Minha Mãe-Menina
Fez-me o seu presépio:
Uma encosta arrancada ao Ramelau
Com uma gruta ausente
Cheia de Maromak
E perfume de coco,
Um búfalo e um kuda
E o bafo quente dos seus pulmões.

E um menino sobre a palha de arroz
E folhas de cafeeiro.

Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
- Ínan, quem é?
- É o Maromak-Filho e teu Irmão!

E eu recuei, porque via no berço
Um menino rosado,
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.

- Ele é, mais do que todos, teu Irmão...
- Mas como pode ser um meu irmão?
- É teu Irmão: Firma-lhe bem teus olhos, meu Amor!

E eu, obedecendo,
Firmei-me todo nEle.
E vejo-O desde então
Também da minha cor!



FERNANDO SYLVAN

(de 7 poemas de Timor, 1965)


Ínan = mãe
Kuda = Pequeno cavalo
Maromak = Deus

1 comentário:

  1. tuka,

    o Menino terá a cor de quem O sente, de quem O olha sem indiferença.

    Desconhecia o autor, mas fiquei emocionada com a harmonia das palavras, do sentir.

    bj

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