Investigador da NASA disse que o terramoto do Chile causou desvio de oito centímetros no eixo terrestre, mas cientistas alemães contestam. Dizem que isso é impossível de demonstrar.
O sismo de 8,8 na escala de Richter que atingiu o Chile no último sábado, com um balanço de quase 800 mortos, terá sido violento ao ponto de se reflectir no eixo de rotação da Terra, causando um desvio de oito centímetros, segundo investigadores da NASA. Mas cientistas alemães já contestaram os cálculos. "As mudanças no eixo da Terra devido a um sismo são tão ínfimas que não se podem medir, e por isso não são comprováveis", garantiu Rainer Kind, do Centro de Pesquisa Geográfica de Potsdam, e um dos geógrafos mais reputados a nível mundial.
Richard Gross, investigador do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, afirmou ter utilizado um novo modelo computacional para fazer os seus cálculos. E foi graças a isso que chegou à conclusão de que o abanão ao largo da costa chilena terá induzido um desvio de oito centímetros no eixo terrestre - este não "corre" verticalmente de norte para sul, mas tem uma inclinação de 23,45 graus.
Em consequência daquela alteração de oito centímetros, segundo Richard Gross, a duração do dia terá sido também encurtada em 1,26 microssegundos. Ou seja, 0,00000126 segundos. Na verdade, uma diferença ínfima e imperceptível.
Não é a primeira vez que se fazem cálculos sobre deslocações do eixo da Terra na sequência de terramotos. Isso aconteceu, nomeadamente, após o de 2004, ao largo de Samatra, que desencadeou o catastrófico tsunami que vitimou mais de 230 mil pessoas nas regiões costeiras do Índico.
Nos seus cálculos, aliás, Richard Gross voltou a avaliar o desvio que ele terá causado no eixo terrestre, recorrendo ao seu novo modelo, e chegou à conclusão de que ele terá sido da ordem dos sete centímetros. Rainer Kind contesta e sublinha que, até hoje, todos esses cálculos são considerados discutíveis.
Outro geofísico alemão, Karl--Heinz Glassmeier, afirmou ter "deitado as mãos à cabeça" ao ouvir a notícia. "Parece que a NASA só quis aparecer nas manchetes dos jornais, porque é totalmente impossível provar que tenha havido uma deslocação de oito centímetros do eixo terrestre", disse, citado pela Lusa.(DN, Lisboa)
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