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domingo, dezembro 05, 2010

IN(DIFERENÇA)

Somos atraídos pelos brilhos, as cores, as luzes, o que, por momentos, ofusca a crise


Qual a fronteira entre a diferença e a indiferença, aquela que nos toca o quotidiano, que submete os sentimentos e reacções?

O mundo real, globalizado ou não, está repleto de preconceitos: indiferença, violência, pobreza, violação dos direitos humanos, racismo e xenofobia, depressões.
O que será mais prejudicial em sociedade: ser céptico e apenas viver o mundo real, ou ser fantasioso, utópico e daí não arredar pé?
A violência não é um acaso numa sociedade que fervilha em desigualdades. Ela, a violência, não se justifica mas, fruto da desigualdade, acaba justificada.
A falta de instrução, a falta de afectos, a ignorância, o desemprego, a corrupção, o compadrio e os acomodados são os maiores geradores de instabilidade social.
Atitudes geradas na indiferença das famílias, dos políticos, da sociedade em geral. Sociedade acometida de esquizofrenia que impede a conquista do direito à diferença mas, por outro lado e ainda que faça confusão, agrava a indiferença.
No ano internacional contra a Pobreza que agora findará, era difícil que os homens tivessem gerado novas leis que criminalizassem as expressões de ódio, a prepotência, o racismo, a xenofobia, a escravatura do século XXI, sobretudo sobre Crianças e Mulheres e essa diferença abissal de pobreza/riqueza que divide os hemisférios Norte e Sul.
A luta contra a (in) diferença começa em cada indivíduo, nos seus sentimentos mais íntimos, nas suas relações, nos seus ímpetos, nos seus sonhos, na sua vontade.
Poderá, então, fazer toda a mudança, poderá ser o anseio de Primavera que há-de explodir no coração do Homem.
No último mês do ano talvez um balanço nos leve a novos projectos, novos relacionamentos, a uma nova alma como a pequena sereia do conto de Andersen.
Dezembro é época de consumismo; somos atraídos pelos brilhos, as cores, as luzes, o que, momentaneamente, ofusca a gravidade da crise.
É, também, a época em que mais se sofre com a Diferença e com a Indiferença.
Dos que terminam com a vida por se recusarem a apodrecer de pé, julgados pelos moralistas ou pelos apóstolos habituados ao bafio, todos empedernidos ao perdão pela própria indiferença.
Consiga o Homem uma trégua de Natal inocente a amenizar a agonia de um qualquer Cristo diferente.

Maria Teresa  Góis
Diário Notícias, Madeira, 05.12.2010
 http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/opiniao/239491-indiferenca

3 comentários:

  1. Se falasse-mos de temperatura,podiamos verificar que não existe o zero absoluto.Mas com a globalização caminhamos de certeza para esse recôndito canto. Nada mais intrigante que a INDIFERENÇA.

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  2. Muito oportuna e importante esta reflexão sobre a in(deferença). A humanidade criou um mundo que não a suporta e futuramente não a comporta, por isso, faz falta profetizar sobre o escândalo a que se votou a vida e lembrar que a Primavera virá por mais fustigante que seja a tempestade do Inverno. Do Inverno como quem diz, porque o Outono não está menos macio. Bela esta reflexão...

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  3. E, tal como dizes, será nesta época que mais se fará sentir o abismo entre a Diferença e a Indiferença. Muito negativos serão os resultados (prouve a Deus que me engane)... mas duvido de que tenhamos "conhecimento oficial" sequer de uma quarta parte dos mesmos.

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