Quando na cruz, ao pôr-do-sol, morreu
O pálido rabi da Galileia,
Tudo em redor no mundo escureceu
Só o espírito místico vagueia.
No nosso pensamento anoiteceu
A luz da vida, e aniquilou-se a ideia;
Tudo depois, tudo se perdeu
No caos da sombra, negra maré cheia!
E uma chaga no corpo magro e hirto
Se transformou em flor de mirto,
Na hora em que Ele encerrava os olhos pretos.
Hora de Noa, hora d’oiro e sangue…
E assim, no cálice dessa flor exangue,
Eu molho a pena, e escrevo os meus sonetos
Hora de Noa, 1917
CABRAL DO NASCIMENTO
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