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sexta-feira, maio 29, 2009

Teoria de Einstein comprovada há 90 anos na ilha do Príncipe


In: DN, Lisboa por Filomena Alves, hoje

As observações realizadas a 29 de Maio de 1919 na ilha do Príncipe, pelo astrónomo inglês Arthur Eddington, durante os cinco minutos e dois segundos que durou o eclipse total do Sol, constituíram a primeira prova directa da teoria da relatividade de Einstein. Depois disso, o físico tornou-se ultrafamoso. O Observatório de Lisboa também deu uma ajuda.
Foram apenas 302 segundos, ou cinco minutos e dois segundos. Durante esse curtíssimo período que durou o eclipse total do Sol, naquele dia 29 de Maio de 1019, o astrónomo inglês Arthur Ed- dington fez na ilha do Príncipe as "chapas" que constituíram a primeira prova directa da teoria da relatividade, proposta por Einstein em 1915. Cumprem-se hoje 90 anos sobre aquelas observações históricas. A data é assinalada por várias celebrações e conferências (ver caixa).
Apesar do fim ainda recente da Primeira Grande Guerra na altura, e de a comunicação entre cientistas alemães e ingleses ter estado cortada durante esse tempo, Arthur Eddington, então no Observatório de Cambridge, teve conhecimento da teoria de Einstein. E ficou entusiasmado. Se Einstein estivesse certo, então a luz das estrelas distantes sofreria um determinado encurvamento à passagem junto a um campo gravítico. Dito de forma simples: essa luz sofreria um encurvamento, por exemplo, perto Sol. Na época, os astrónomos já dispunham dos instrumentos e das técnicas necessárias para observar um tal encurvamento. Mas, para o fazerem, precisavam de um eclipse total do Sol, para que a sua luz não ofuscasse a observação da trajectória da luz emitida pelas estrelas mais distantes.
Esse eclipse iria ocorrer a 29 de Maio de 1919 e a ilha do Príncipe, em São Tomé (então território português), e Sobral, no Brasil, estavam na rota da sombra total causada pela ocultação do Sol. Eddington não ia perder a oportunidade e começou a preparar a expedição. O seu colega F. W. Dyson iria para Sobral e Eddington escolheu a ilha do Príncipe para a sua própria missão.
No dia 11 de Novembro de 1918 (o próprio dia do Armistício), escreve uma carta a Campos Rodrigues, director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) na época, para pedir apoio logístico. Na correspondência posteriormente trocada entre o astrónomo inglês e o subdirector do observatório de Lisboa, Francisco Oom, fica também acordada a participação do astrónomo português Manuel Peres na expedição ao Príncipe. Mas isso acabaria por se gorar.
Toda esta história, até agora pouco conhecida, foi recentemente publicada pelos investigadores portugueses Elsa Mota, Ana Simões e Paulo Crawford (actual subdirector do OAL) na revista científica BJHS, da British Society of the History of Science. E ontem foi revisitada em conferência no próprio OAL.
"Na altura, a Companhia Nacional de Navegação só fazia duas viagens por mês para São Tomé e só numa delas ia também ao Príncipe. O OAL assegurou a logística para a equipa de Eddington, que chegou lá um mês antes do grande momento", contou Paulo Crawford ao DN.
Na roça Sundy, com o apoio do seu proprietário Jerónimo Carneiro, Eddington fez as observações que confirmaram o génio de Einstein. Quanto a Manuel Peres, não conseguiu passagem a tempo para o Príncipe e acabou por não haver nenhum astrónomo português na missão. Restam no OAL a correspondência com Eddington e as fotos desse famoso eclipse (esta é uma delas), que o astrónomo inglês ofereceu ao OAL, em agradecimento.

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