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sábado, julho 25, 2009

Amar corpos imperfeitos


Amar a imperfeição num tempo e num mundo que valoriza excessivamente a beleza, a forma física e a juventude estupidamente eterna é como amar em dobro. Não há nada de frívolo no amor dos que se amam na imperfeição. Falo de pessoas com handicaps físicos mas também dos que têm muito peso a mais ou a menos e, ainda, dos que atravessam doenças e sofrimentos que de alguma forma os desfiguram ou lhes distorcem a imagem.
Falo especialmente de corpos que não se enquadram nos padrões de beleza nem afinam pelo diapasão moderno e afinado dos ginásios.
Conheço vários casais que se amam no essencial e não se desperdiçam no acessório. Uns andam em cadeira de rodas, outros ficaram sem cabelo, outros ainda engordaram ou emagreceram demais devido aos cocktails de químicos que tomam para vencer a doença. Impressiona-me sempre a força e a substância deste amor. Na noite em que fui um bocado contrariada ao concerto dos Eagles (preferia a Katie Melua) fiquei atrás de um casal especial. Ela em cadeira de rodas e ele, um rapaz com ar de jogador de rugby, de joelhos ao seu lado, para estar à sua altura. Ele não parou de dançar naquela posição improvável e, de vez em quando, abraçava-a pela cintura e dava-lhe beijos apaixonados. Apaixonantes.

Laurinda Alves, jornalista - in: jornal i, hoje

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