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segunda-feira, julho 20, 2009

Para além de Messias e bodes expiatórios

Frei Bento Domingues, O.P.
"...A famosa interpelação de John F. Kennedy – “não perguntes o que pode o teu país fazer por ti; pergunta, antes, o que podes tu fazer pelo teu país” –, de tão repetida, parece uma pieguice moralista. É, no entanto, a mais alta questão política e a máxima mais concreta e adequada para o exercício da cidadania.

Poderá servir, também, para nos irmos curando de ancestrais alienações polarizadas pela sucessão de pseudo-messias e de bodes expiatórios. Os grandes impulsos messiânicos e revolucionários são indispensáveis como momentos de ruptura, mas, sem uma consciência vigilante, desaguam facilmente em frustrações e no descrédito niilista.

A segunda leitura, tirada da escola de S. Paulo (Ef 2, 13-18), procura convencer os seus leitores, com uma ousadia que nos espanta, de que a realização da promessa excede tudo o que se poderia esperar: “Cristo Jesus é, de facto, a nossa paz; foi ele que fez de judeus e gregos um só povo e derrubou o muro da inimizade que os separava, anulando, pela imolação do seu corpo, a Lei de Moisés com as suas prescrições e decretos. Assim, de uns e outros, fez em si próprio um só homem novo, estabelecendo a paz”.

Passados dois mil anos, que é feito de tanta euforia? Onde está esse mundo sem inimizade, de união universal? Não será tempo, como escreveu George Steiner, de recusar qualquer tipo de messianismo, seja ele judaico ou cristão? Este autor cedeu à ideia de uma realização mágica do messianismo que teve e tem muitas versões e ritmos. Mas, se renunciarmos à esperança de fazer do mundo uma fraternidade universal, que andamos a fazer?...


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