“É uma ilusão supor que podemos adoptar, em directo, o ponto de vista de Deus e, a partir daí, distinguir o que é humano e o que é divino, como se fôssemos entidades que os transcendem e os fiscalizam. As consequências dessa ilusão manifestam-se quando seres humanos colocam na boca de Deus aquilo que eles dizem e escrevem como se fosse o próprio Deus a dizer e a escrever. A Bíblia está cheia de declarações desse teor. Por vezes, o que é posto na boca de Deus só ficava bem na boca do Diabo. Quem assim faz, pensando glorificar a Deus, está a ofendê-lo e a tornar impossível reconhecê-lo como a verdade e a beleza do amor infinito. Por outro lado, quando se tomam as afirmações bíblicas como ditados divinos, perde-se, irremediavelmente, o sentido da transcendência de Deus e dos ziguezagues da história humana.”
Frei Bento Domingues, Público, 30/11/2008
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